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Com mais de 70 anos dedicados a Remo e Paysandu, funcionários relembram bastidores do Re-Pa

Cristóvão Mendes e Eliézer Costa são os colaboradores mais antigos de Paysandu e Remo, respectivamente

Nilson Cortinhas e Fábio Will
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Em campo, jogadores são tratados como astros. Fora dele, o público geral só costuma enxergar os dirigentes. Mas um clube não sobrevive sem a presença de funcionários que transformam o amor pela agremiação em dedicação no trabalho diário. No Re-Pa de hoje, dois destes amantes do futebol serão adversários pelo 34º ano consecutivo.

No Paysandu, o roupeiro Cristóvão Mendes, que tem 53 anos de vida, sendo 34 no clube, é o funcionário mais antigo do clube. No Remo, Eliezer Costa Conceição, 57 anos e 40 vividos no Baenão, é o nome forte da organização azulina.

PAYSANDU

image Cristóvão Mendes é roupeiro do Paysandu há mais de 30 anos (Fábio Costa / O Liberal)

A rotina dele é frenética. Invariavelmente viaja com a delegação para dar suporte antes, durante e após os jogos. Em Belém é um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair do estádio da Curuzu. "Chego às seis da manhã, saio às 12h, volta às 14h e fico até às 19h. Meu trabalho é recolher todo o material de jogadores, levo para lavanderia. É isso todo dia", explicitou.

Ele conversou com a reportagem direto de Lucas do Rio Verde, pouco antes da vitória bicolor de 3 a 1 frente ao Luverdense-MT, que manteve o Papão na briga pela classificação no Campeonato Brasileiro. A rotina de decisão é tensa, segundo Cristóvão, sobretudo, quando o adversário é o principal rival. Em mais de três décadas de trabalho nos bastidores de um dos principais times do Pará, Cristóvão já vivenciou o clima de inúmeros clássicos contra o Remo, como um observador de luxo. Obviamente que ele não tem ideia de quantos clássicos participou direta e indiretamente.

Para ele, o momento inesquecível data da década de 90:

"Foi o clássico 92, com o gol do Mendonça. Aquele foi marcante para nós. Éramos inferior ao Remo e conseguimos quatro vitórias neles e isso foi marcante".

Ele se refere ao gol de Mendonça no Re-Pa que decidiu o Campeonato Paraense de 1992. O então atacante bicolor encobriu o goleiro Paulo Vitor com um chute da intermediária, após um lance rápido cuja origem é o próprio chute do goleiro remista. O jogo foi realizado no Estádio do Mangueirão, e o lance bem-sucedido garantiu o título estadual.

Cristóvão é paraense e foi levado ao clube por um familiar. "Sempre fui Papão, está no sangue". Como é funcionário, portanto sendo impactado diretamente com os resultados do futebol profissional, e também é torcedor, o modormo bicolor não esconde de ninguém a apreensão diante da proximidade de mais um clássico decisivo e com peso nacional por valer a vaga do Papão na próxima fase da Série C. "Todo Re-Pa... A gente fica nervoso, não tem um jogador, uma pessoa da comissão que fale que não fique nervoso. Tudo é possível, né?!", afirma. "São duas grandes equipes mas que Deus vai nos honrar e vai nos nos concedeu essa grande vitória", pediu.

REMO

image Eliézer Costa é o responsável pela logística do Remo há 40 anos (Fábio Costa / O Liberal)

Eliezer é figura carimbada nos bastidores do clube. Respeitado por todos, quis o destino que o funcionário chegasse ao Remo no dia do aniversário do clube, dia 2 de fevereiro de 1979. Véspera do Re-Pa, Eliezer vive uns momentos mais esperados por todos dentro do Leão, que é ver de perto, o Remo poder retornar à Série B, mas para isso ele não abre mão da ajuda de Nossa Senhora de Nazaré, com um beijo e o sinal da cruz todos os dias em que pisa no Baenão.

“Eu devo tudo nesta vida ao Remo. Agradeço a Deus por ter me dado saúde e ao Remo por me abrir às portas. Cheguei ao clube ainda adolescente, sem experiência, e o Remo me acolheu. Tive duas filhas do primeiro casamento, as duas hoje estão formadas e tudo graças ao sustento do Remo. Hoje estou em outro casamento, tenho uma filha chamada Júlia, de oito anos, e o Remo é minha fonte de renda”, comentou.

Cheio de clássicos vivenciados, Eliezer lembra de um jogo marcante para todos os azulinos e revela os motivos por guarda-lo com carinho na memória:

“Um clássico que não sai da minha cabeça é o Re-Pa de 1997, quando o Remo não tinha treinador e Belterra e Agnaldo (jogadores) assumiram o time. Vínhamos de uma derrota na final da Copa Norte, dentro de casa para o Rio Branco-AC, time com o emocional abalado, mas não faltou garra e vontade”, disse.

Eliezer entrou no Remo como office-boy, com 17 anos, através de uma prima que trabalhava no Remo. Teve que ir ao fórum com sua mãe para obter uma declaração, já que menor de 18 anos não podia trabalhar. Passou pela secretaria, tesouraria, departamento pessoal e chegou ao futebol do Leão em 1984. Hoje atua na função de supervisor de futebol, ao lado de Raul Fernandes, cuidando das logísticas do clube, controle de cartões, contratos, regularização além de hospedagem de atletas para concentração.

O funcionário azulino não esconde o nervosismo para o jogo de domingo, mas acredita em um jogo duro, mas com um final feliz para o Remo. “Aprendi que clássico é um outro campeonato dentro de uma competição. Não será fácil, são esquipes que chegaram até o final lutando, mas acredito no Remo”, disse.

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