Academia e times de futebol: os cuidados necessários para a retomada das atividades

Atletas e praticantes de atividades físicas precisam planejar retorno para evitar o novo coronavírus

Nilson Cortinhas
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A sinalização de retomada gradual da rotina do paraense, em função da queda de casos do novo coronavírus, baseados em dados oficiais, trouxe uma discussão fervorosa nas redes sociais: a solicitação de retorno das atividades física em academias especializadas, bem como nos clubes de futebol. 

Com o avanço da pandemia, durante os meses de março, abril e maio, as academias, boxes de crossfit e afins foram atingidas e suspenderem às suas atividades. Situação idêntica aos dos clubes de futebol. Três meses depois, chegou o momento de planejar a volta. Mas, quais os cuidados que atletas e praticantes de atividades físicas precisam tomar na provável retomada das atividades presenciais?

A reportagem conversou com os diversos atores das áreas. 

Academias

A farmacêutica Weslanha Pinheiro defende o retorno imediato das academias e afins. "Não é pra voltar de qualquer jeito. Sou a favor desde que utilizado protocolos de segurança, para evitar a disseminação (da Covid-19)". O decreto municipal vai prever os cuidados, como distanciamento e uso de álcool em gel. 

"Não é pra voltar de qualquer jeito. Sou a favor desde que utilizado protocolos de segurança, para evitar a disseminação (da Covid-19)". 

O fato é que, para Weslanha, a atividade física proporciona resultados importantes diante desse período de pandemia. "São incontestáveis. Melhora nosso sistema cardiovascular, mental e de uma série de outros sistemas e órgãos. A atividade física, com uma dieta adequada, proporciona a diminuição do peso, melhora a resposta imunológica. Que hoje é o que mais se deseja".

Profissional de educação física e treinador de crossfit, Kaio Barbosa abordou o assunto em torno de possíveis dificuldades para os alunos. "Vão ser relacionadas ao condicionamento cardiovascular, fadiga muscular e, principalmente, a preguiça pra retomar a rotina de treinos, mas pra que tudo isso seja minimizado, os treinos online tem sido de fundamental importância para essa retomada. Fazendo com que nosso corpo mantenha um bom estado de funcionalidade", afirma.

image Crossfit terá que evitar contatos próximos após a pandemia do novo coronavírus (Divulgação)

As movimentações online, apoiadas em programas de vídeo, foram essenciais - apesar da intensidade moderada, com exercícios de fácil execução, reduzindo as chances de lesão. . "A gente se reúne todas as noites, num mesmo horário e treinamos basicamente com o peso corporal, e também com a adição de material que todos temos em casa, como: mochila, garrafas de água e cadeiras", disse Kaio, da Movecross. "Com relação à intensidade, exigimos menos nesse ponto, até pela falta de espaço e material adequado, porém, em meio a pandemia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a intensidade moderada é a melhor alternativa para o aumento e manutenção do sistema imunológico", relata.  "E sempre tentando corrigir possíveis falhas de execução, diminuindo assim, mais ainda o risco de lesão", concluiu.

"A intensidade moderada é a melhor alternativa para o aumento e manutenção do sistema imunológico" 

Os clubes 

A liberação das atividades físicas presenciais em locais apropriados depende de análise do Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB). Esta semana, o Paysandu divulgou a retomada dos treinos presenciais, contudo, a ideia inicial foi interrompida após reuniões com o gestor municipal - apesar do clube apresentar um protocolo de segurança, que preza pelo distanciamento e treinamentos em grupos específicos. O presidente do Paysandu, Ricardo Gluck Paul, não entrou em rota de colisão com Zenaldo. Pelo contrário. Considerou as divergências naturais. "É um assunto novo. Devemos discutir amplamente. Não queremos, de forma alguma, ir contra decretos municipais e estaduais", disse. 

Ainda mais comedido foi a postura do presidente do Remo, Fábio Bentes. Ele, por sua vez, não marcou datas para retorno aos treinamentos. "Só faremos isso quando os órgãos públicos liberarem", frisou. 

image Remo deve discutir data específica para treinos de futebol (Samara Miranda / Remo)

Nos clubes do interior, o goleiro do Castanhal, Paulo Henrique, argumenta que fez uma preparação particular para se aproximar ao nível físico tido como ideal. "Logo quando a pandemia ocorreu, fiquei duas semanas parado, logo em seguida, comecei a treinar em casa. Depois, trabalhei, de forma intensa, num sítio com preparador físico Iran Magalhães. Se continuar nessa pegada, acredito que voltarei bem. Posso voltar sentindo o ritmo de jogo, mas a parte física está consolidada", afirma o titular do Japiim, terceiro colocado do Parazão. 

 

Médico 

O médico ortopedista do Hapvida, Paulo Augusto Fontes, comentou a respeito da preparação física após esse período de quase paralisação total de atividades. Ele recomenda cautela e atenção. 

"Eu acho que a gente precisa ter muito calma com a forma que a gente volta com esse atleta às atividades. Com o isolamento, a queda no treinamento faz com que eles fiquem mais susceptíveis à ocorrência de lesões. Com o calendário de jogos apertado, a incidência de lesões aumentam em  25% dos casos. É de extrema importância capacitar o atleta de modo adequado para o retorno das atividades, e que ele não fique parado durante o isolamento. É preciso se exercitar diariamente, para manter bom nível de condicionamento físico, cardiorrespiratório, para que voltem às suas atividades sem a nossa maior preocupação, que são as lesões". Em função disso, os clubes de futebol e academia aceleraram os treinos online. "Lembrando que é sempre importante o acompanhamento, principalmente via online durante a pandemia. É preciso profissionais qualificados para orientar esse atleta na execução dos tipos de exercícios que ele tem que fazer, porque isso depende da atividade que cada um tem, já que existem exercícios específicos para isso", sustenta Paulo.

Com o isolamento, a queda no treinamento faz com que eles fiquem mais susceptíveis à ocorrência de lesões. Com o calendário de jogos apertado, a incidência de lesões aumentam em  25% dos casos. 

image Médico recomenda cautela (Divulgação)

O médico preza pelo retorno gradual aos treinos, orientado por uma equipe multidisciplinar. Caso a volta ocorra de forma repentina, aumenta a probabilidade de lesão. "Pode acontecer o princípio da reversibilidade biológica, aplicada ao exercício físico. Ao interromper ou reduzir de maneira significativa o treinamento, leva a uma perda parcial ou total do desempenho esportivo. Assim, é importante fazer o preparo anteriormente das articulações, como recuperar força, potência, condicionamento, que pode ser perdido durante esse período em que diminui muito o ritmo físico intenso desse atleta", afirma.
É necessário atenção a possíveis problemas em ossos, músculos e/ou articulações. "Pode haver uma atrofia: uma perda da fibra e da força muscular. E se for por um longo período, pode haver até uma substituição gordurosa do tecido, que é uma substituição da fibra muscular por gordura. O que leva à perda de força, de potência. Para uma articulação que está há muito tempo parada, pode haver a diminuição do líquido sinovial, que é o que nutre a articulação, a cartilagem, prejudicando a produção das células cartilaginosas, que vão morrendo com o tempo. Porque quanto mais você tem movimento articular, mais produção do líquido sinovial existe.Também há a diminuição da oxigenação articular, dos nervos dos tendões, da musculatura, por falta de alongamento, falta de trabalho dessa fibra, o que vai diminuindo a função do atleta".

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