Setor econômico do Pará tenta evitar novo lockdown

Medida foi decretada na região do Baixo Amazonas, mas em Belém PMB não vê ainda motivo

Abílio Dantas
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Ao estabelecer a bandeira vermelha como medida preventiva para a região do Baixo Amazonas, na última sexta-feira (15), o Governo do Pará acendeu novamente a preocupação nos setores econômicos de que o regime lockdown (bloqueio de emergência) seja instalado de novo em boa parte do território estadual. A preocupação com a segurança sanitária da população e a manutenção de empresas e empregos voltam a ser objeto de reflexão, após a alta dos números do Amazonas e o colapso do sistema de saúde.

A Prefeitura de Belém, em nota ao Grupo Liberal, afirma que não há previsão de lockdown para a capital, pois “as curvas da covid-19 não indicam uma nova onda”, o que, para a administração municipal, torna desnecessário o recrudescimento de restrições em setores econômicos.

“Porém, a Prefeitura de Belém ressalta a importância de seguir os protocolos de prevenção com o uso adequado da máscara, álcool em gel e manter distanciamento social”, completa a nota. No último domingo (17), a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Belém era de 50%, enquanto a de leitos clínicos, 40%.

Restaurantes

O setor de bares e restaurantes afirma estar ciente, no entanto, da possível necessidade de um novo lockdown. É o que declara Fernando Soares, assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares. De acordo com ele, é esperado que as aglomerações realizadas na virada do ano provoquem um aumento de contágios também em Belém.

“Qualquer tipo de medida que venha a cercear as pessoas de sair de casa e obrigar o fechamento de estabelecimentos, vai agravar em muito a economia. Não houve nenhuma renovação dos programas governamentais. Então, as empresas recepcionaram os seus trabalhadores desde o dia 1 de janeiro, mas não tem renda para pagar os salários. Estamos observando como esse cenário vai se comportar daqui para o final do mês. A tendência é que haja uma série de desempregos, de demissões. Ainda é muito prematuro fazer alguma previsão sobre os efeitos econômicos da vacina, porque as primeiras pessoas que serão vacinadas não fazem parte do nosso público”, analisa.

Mudança de comportamento

Proprietário de um restaurante em Mosqueiro, Walter Cercal, mais conhecido como “Lambreta”, reflete que a população e os órgão fiscalizadores precisam modificar seus comportamentos para evitar que o lockdown seja necessário. Para ele, a segunda onda de contaminação da covid-19, em Belém, parece inevitável. “Agora mesmo, estou próximo de uma praça, perto de onde trabalho, e vejo muitas famílias, com crianças, que estão sem máscara e sem nenhuma proteção. Muitos clientes chegam ao meu restaurante e se recusam a usar a máscara. É inacreditável!”, enfatiza.

Walter defende que é necessário redobrar os esforços após os acontecimentos no Estado do Amazonas. “Os agentes de segurança deveriam ser mais incisivos na fiscalização. Precisamos evitar o lockdown e não esperar que ele seja uma necessidade. Eu fiquei mais de cinco meses fechado, foi uma situação muito difícil. Não poderíamos suportar algo assim de novo. Eu não poderia manter meus funcionários”, declara.

Caixa reserva

Já Raphael Castanheira, dono de uma casa de shows localizada no bairro da Cidade Velha, afirma que algum tempo de lockdown não faria um “estrago” tão grande nas contas da casa, já que desde que pôde voltar a abrir tem feito um caixa reserva pensando nas adversidades do contexto atual. Por outro lado, ele acredita que uma nova parada obrigatória da economia afetaria os trabalhadores que atuam ao redor da casa de show ou como funcionário de empresas terceirizadas. “As pessoas que trabalham como autônomas, vendendo churrasquinhos, na frente dos shows, essas com certeza seriam bastante afetadas. E também os profissionais, exceto os nossos funcionários, que são terceirizados, como os seguranças, as pessoas que trabalham com o som, que alugam o som. Todo uma cadeia seria prejudicada”, destaca.

Risco máximo

A bandeira vermelha, atribuída à Região do Baixo Amazonas, representa o estado de risco máximo de contaminação pelo novo coronavírus, com o agravante de baixa capacidade de resposta do sistema de saúde.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informa que as regiões de Tapajós, Xingu e Araguaia se encontram na cor laranja, que significa taxa de transmissão média do novo coronavírus. “Já as regiões de Carajás, Marajó ocidental e Nordeste se encontram na cor amarela, que representa rico intermediário de contaminação, e por fim a Região Metropolitana de Belém, Marajó oriental e Baixo Tocantins estão na cor verde, com baixo risco de transmissão e alta resposta no sistema de saúde”, diz a Secretaria, em nota.

A Sespa informa, ainda, que o Governo do Estado avalia continuamente o perfil epidemiológico de cada região, bem como a ocupação dos leitos e, caso necessário, poderá regredir no bandeiramento de qualquer região.

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