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Setor de shows e festas ainda aguarda flexibilização

O setor é o único que continua com as atividades suspensas em Belém

Vito Gemaque
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Mesmo com a flexibilização de várias atividades econômicas em Belém, como a permissão para reabertura de clubes e festas sociais, o setor de festas e shows continua proibido de voltar a funcionar. Após mais de seis meses, as atividades continuam suspensas na capital sem nenhuma previsão de retorno. Os produtores culturais se dividem entre a defesa do retorno paulatina e a continuidade da proibição, agora que a pandemia de covid-19 arrefeceu.

Quem defende o retorno aponta que os produtores e as casas de show estão preparadas para reabrir com todos os cuidados e exigências necessárias, além da necessidade de gerar renda e emprego para milhares de pessoas. Já quem ainda não reabriria mesmo se houvesse a liberação pensa na possibilidade de uma segunda onda de infecção de covid-19, na saúde dos profissionais e do público.

Responsável por flexibilizar o funcionamento das atividades econômicas, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) informou que “o Comitê de Saúde Municipal continua realizando reuniões para decidir sobre a retomada dos setores que ainda não reabriram. Sobre essa atividade específica, nós ainda não temos novidades”.  

Para um dos mais famosos DJs de aparelhagens do Pará, o DJ Dinho da aparelhagem Tupinambá, as festas regularizadas deveriam ser liberadas, porque será mais fácil para haver fiscalização para cobrar o cumprimento das normas sanitárias. “Nós fomos os primeiros a parar e até agora ainda não voltamos às nossas atividades. A gente vê que tem muitas festas acontecendo na clandestinidade”, argumenta.

image "A gente vê que tem muitas festas acontecendo na clandestinidade”, argumenta o DJ Dinho, da aparelhagem Tupinambá (Cláudio Pinheiro / Arquivo O Liberal)

Dinho que pertence a Associação dos DJs Profissionais de Belém (ASSDBEL) reivindica que pelo menos um percentual de público seja liberado para as festas. “Não tem que ser tudo, mas uns 50%, a gente faz a medição de temperatura na entrada, disponibiliza álcool em gel, mas o distanciamento é complicado. O prefeito já poderia ter pedido um estudo mais detalhado para se manifestar sobre a flexibilização das casas de shows, casas noturnas, tem muitas pessoas ainda sem renda, que ficaram impossibilitados de desenvolver o seu trabalho”, detalha.

O DJ aponta que os números tem mostrado que a pandemia está sob controle e, caso haja aumento dos casos, o fechamento da atividade pode ser feito pela prefeitura por outro decreto. Dinho conta que o setor tem enfrentado muitas dificuldades financeiras. Por festa o Tupinambá empregava 28 pessoas somente na aparelhagem, e no total de 80 a 100 trabalhavam direta e indiretamente nas festas. “Não fomos alcançados por nenhum empréstimo ou financiamento. Não fomos alcançados por nada. Estávamos esperançosos na lei Aldir Blanc, mas a gente desistiu”, lamenta Dinho.

Já a produtora cultural da Lambada Produções, Sônia Ferro, não voltaria a realizar festas mesmo que houvesse a liberação da prefeitura. Sônia ainda está muito receosa de haver outra onda de infecção da covid-19 com a reabertura econômica. Ela e a família tem se resguardado em casa. “A gente desde o início da pandemia sempre entendeu que era importante e continua o distanciamento social para a segurança de todo mundo. A segurança tanto dos profissionais que trabalham na casa de show, como do público”, argumenta. “Realmente é bem delicado a situação uma festa dançante, porque ninguém dança há um metro e meio de distância, temos consciência disso, talvez não seja o momento de voltar”, complementa.

image Sônia e Félix Robatto tinham aberto uma casa noturna, mas tiveram que fechar o estabelecimento por causa da pandemia (Reprodução Instagram / @rebarbadaela)

Sônia e o esposo o músico e cantor Félix Robatto tinham aberto uma casa noturna dançante e tiveram que fechar o estabelecimento por causa da pandemia de covid-19. “Somente sabe o quanto é oneroso e complicado quem trabalha com isso. A gente teve sorte, se é que a gente pode dizer isso, porque o nosso contrato encerrou justamente no início da pandemia. Acabamos fechando a casa, a pressão do continuar pagando aluguel pelo tempo que não está aberto é enorme”, fala.

Enquanto Sônia não sente segurança para retornar às festas, a aposta continua sendo nas lives. No dia 9 de outubro, a Lambada Produções realizará mais uma edição do Festival Lambateria, só que desta vez a distância. O festival que chegou a reunir seis mil pessoas nas edições anteriores dependia basicamente da bilheteria para pagar os custos e gerar lucro. O desafio é continuar engajando o público para uma festa com cada um na sua casa após mais de seis meses. “A gente segue insistindo porque se agora a cultura já pena tanto, se a gente parar aí é que ela vai ser enterrada de vez”, enfatiza.

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Economia
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