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República de Emaús segue com campanha e anuncia continuidade do trabalho de padre Bruno Sechi

Objetivo é angariar recursos diante dos obstáculos trazidos pela pandemia de coronavírus

Abílio Dantas
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Prestes a completar 50 anos de atuação neste ano, no dia 12 de outubro, o Movimento República de Emaús sofreu a perda mais significativa de sua história na última sexta-feira (29), com o falecimento do padre Bruno Sechi, fundador e liderança destacada da organização não governamental.

Apesar da tristeza e saudade, os coordenadores do movimento afirmam que as diretrizes deixadas pelo sacerdote, de luta pela dignidade dos mais pobres e pelo fim da desigualdade, continuarão norteando os trabalhos da República. A campanha financeira, iniciada em abril, segue em atividade para angariar recursos diante dos obstáculos trazidos pela pandemia de coronavírus.

A coordenadora geral, Inácia Winholth, confessa a dor sentida pela morte do padre e ideólogo do Emaús, no entanto, destaca que a continuidade do sonho coletivo está garantida, com destaque para o cuidado com as crianças e adolescentes.

“Estamos nos refazendo deste baque, que foi inesperado. O padre Bruno estava muito bem. A certeza que nós temos é de que o Movimento vai continuar com o sonho que ele sonhou, que não era só dele. Um sonho coletivo, construído na esperança, na igualdade, na justiça. E, principalmente, na defesa e garantia da criança e do adolescente. Isso, para nós, é fato", declara.

Inácia Winholth diz que o planejamento feito para ser trabalhado ao longo do ano, em alusão ao aniversário de 50 anos, precisou ser revisto, mas que as readequações já estão em curso.

"Infelizmente, veio essa situação da pandemia que nos abalou. A gente tinha toda uma proposta para os 50 anos. Não vai ser como a gente tinha planejado, inclusive com ele (padre Bruno), que estava na comissão de frente da organização. Vamos fazer os 50 anos, mas não na mesma dimensão que tínhamos pensado. Esses 50 anos era uma expectativa dele. Infelizmente, ele foi antes. Mas o sonho dele vai continuar. Substituição não tem. O padre era único. O sonho era dele, mas partilhado. E quem compartilhou desse sonho tem o dever, mais do que nunca, de tocar. Perdemos uma referência que, nos momentos em que a gente ficava sem saber pra onde ir, dava o rumo e sentíamos confiança e segurança", lamenta. 

A concepção de mundo e de práticas sociais do religioso também é lembrada pela coordenadora, que explica a forma de atuação de Bruno nos últimos anos. De acordo com ela, ele sabia interagir com as demais lideranças.

"Era nossa referência em termos de filosofia de vida, de toda a condução do Movimento. Mas vamos continuar. Ele não estava mais na coordenação. É o fundador, o símbolo do Movimento. Mas tem as coordenações, o Conselho Geral, o Conselho Executivo, por exemplo. Tem muita gente pra conduzir este barco. O problema é não perder o rumo. O legado do Movimento de Emaús não pertence só a quem está dentro do espaço do Movimento, mas a toda a sociedade de Belém, do Estado, é reconhecido até internacionalmente. O Movimento não tem dono. Tem, sim, responsáveis e pessoas que se comprometem de fato com a filosofia que ele (padre Bruno) defendia, com os princípios que o Movimento defende, e principalmente na área da defesa e garantia de direitos da infância”, reforça.

"Sempre o buscamos para construir soluções", diz coordenador

Responsável pela coordenação de sustentabilidade do Movimento de Emaús, José Maria Dias também reflete sobre a partida do fundador. “O padre Bruno sempre se preocupou em estruturar o Movimento de Emaús para que a organização fosse autônoma e não precisasse da sua figura. E, assim, o Emaús é uma associação, com membros efetivos, membros colaboradores, voluntários e mantenedores. Possui organicidade, assembleia geral, coordenação geral, conselho executivo de voluntários e coordenações executivas. Anualmente, temos nosso planejamento”, explica.

Ele também lembra que padre Bruno, há algum tempo, não ocupava nenhuma coordenação no movimento. “Mas era nosso consultor, agregador, referência, animador. Sempre o buscamos para construir soluções”, disse. “Para a sociedade, ele é a cara do Movimento de Emaús. Ele abria portas para o Movimento. Ele não gostava de pedir nada para autoridades, seja ela quem fosse. Procurava, sim, os amigos”, acrescenta. José Maria conta que, após a confirmação do óbito, os coordenadores iniciaram uma série de reuniões e estabelecimento de metas para decidir o norte das ações nos próximos dias.

“Deveremos continuar interagindo com a sociedade no sentido de convidar a todos e a todas para se associar ao trabalho do Emaús, visto que é responsabilidade compartilhada da família, sociedade e Estado priorizar o cuidado com o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, principalmente aquelas em risco social, sem perspectivas de oportunidade, mesmo que garantidas pela lei do país. Nesse sentido, o Emaús é uma interface para todos aqueles que desejam colocar em prática esse cuidado”, convoca o coordenador.

José Maria informa que a melhor maneira de contribuir é consolidar o fundo financeiro permanente da entidade e aumentar o número de mantenedores, que é formado por pessoas físicas e jurídicas. As doações mensais são de valores a partir de R$ 30.

“Tivemos que fechar nossas operações aqui, principalmente a coleta de objetos doados, que é feita em escala grande. A gente coleta, conserta e vende por um preço pequeno. E isso gera uma receita. Temos diversos compromissos, como a folha de pagamento e custeios, como, por exemplo, a conta de energia, que é na faixa de R$ 5 mil”, explica.

Campanha “à todo vapor”

Cleice Maciel, coordenadora executiva do Emaús, afirma que a “vaquinha” virtual para o movimento, aberta no site de financiamento coletivo Kickante, que tem como meta a arrecadação de R$ 100 mil, terminará no próximo sábado (6). Até o momento, cerca de R$ 48.722 foram doados, o que equivale a 49% do montante almejado.

“Até a sexta-feira, estávamos desanimados porque tínhamos alcançado apenas R$ 24 mil. No fim de semana, após o falecimento do padre Bruno, tivemos aumento de 50%! É triste, mas ele acabou nos ajudando também dessa maneira. Foi uma mudança inesperada. Agora temos mais três dias”, assegura. Ao fim da campanha, mesmo que o valor total não tenha sido alcançado, o dinheiro vai para a organização. Apresentações de músicos em “lives”, nas redes sociais, seguem programadas para auxiliar a campanha.

Cleice Maciel afirma que o maior desafio para o Movimento, com a perda de sua maior liderança, é fidelizar os apoiadores e doares frequentes, já que a figura do padre Bruno era uma garantia, para muitas pessoas, de que o dinheiro seria utilizado corretamente.

“Ninguém nunca viu o nome do padre Bruno, ou do Emaús, envolvido em qualquer escândalo de corrupção ou mesmo como alvo de alguma denúncia ou desconfiança. A credibilidade que ele construiu com a sociedade é muito grande. Por isso, muitas pessoas doavam por causa dele, mesmo que ele próprio quisesse que fossemos independentes dele, nos últimos anos. Temos a missão agora de continuar mantendo essa pessoas e de convencê-las de que o que queremos é dar prosseguimento ao sonho dele”, enfatiza.

Doações

Para contribuir com a República de Emaús, basta acessar este link. Para dúvidas ou mais informações, no momento, ligue para os seguintes telefones: (91) 3285-7693 / 98938-3797 / 99265-1011. Ou envie mensagem para prossol@movimentodeemaus.org.

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