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Pesquisa aponta importância de políticas integradas para a área social

Mesmo com sistema de assistência social, população tem dificuldade de acesso aos projetos de enfrentamento da pobreza

Fabrício Queiroz

Para o IMDS, um problema complexo como o enfrentamento da pobreza exige estratégias de ação que deem conta das múltiplas dimensões da questão, ao invés de atacar com projetos pontuais um ponto específico. Nesse sentido, Sérgio Ferreira analisa que o efeito pode ser contrário ao esperado, criando novas carências e desafios para a situação da vulnerabilidade.

Por isso, o pesquisador considera que todo o país erra ao não tratar o problema de maneira integrada e com uma “visão corporativista da ação pública”, em que pesa o interesse e a força política de determinadas categorias em detrimento do coletivo. Além disso, Sérgio Ferreira pontua que falta o devido uso da estrutura já existente da assistência social no Brasil

“A pobreza é multidimensional, e isso se sabe desde que se criou o cadastro único, que era para ser a base de uma política integrada de combate à pobreza. Um problema de evasão escolar não é só responsabilidade da escola. Aquilo precisaria ser identificado antes que ocorresse, e o centro de referência em assistência social - unidade mais capilar do sistema único de assistência social deve agir tempestivamente a partir de alertas dados pela rede municipal de educação”, pontua o diretor de pesquisas.

Inclusive, a falta de atenção ao potencial dessa estrutura é outro fator complicador para o tema. O próprio IMDS afirma que está refinando o trabalho para que em breve possa ter um indicador com menos influência das razões administrativas que repercutem na evasão do CadÚnico. Fato é que esse também é um problema real que não pode ser ignorado.

No bairro do Mangueirão, em Belém, a família de Selene Ferreira, 30 anos, formada por ela, o marido e mais três crianças, enfrentou dificuldades para se cadastrar no CadÚnico no último ano e, ainda hoje, não é beneficiária do programa de transferência de renda do Governo Federal, apesar de ter ganhos mensais que ficam em R$ 600 em média.

Selene conta que não precisou ser amparada pelo Bolsa Família na época em que era adolescente porque seus pais tinham vínculos de trabalho formais. Porém, com a vida adulta e a dificuldade para concluir a graduação depois da maternidade, especialmente por conta dos cuidados dedicados a uma das filhas que tem transtorno do espectro autista, hoje ela observa a precariedade de aplicação de alguns projetos importantes.

“No início eu não tinha CadÚnico. Um tempo depois eu fui aprovada, recebi algumas parcelas, mas o meu auxílio depois foi cancelado. Eu consegui fazer no CRAS [Centro de Referência em Assistência Social] do Benguí o cadastro no CadÚnico pra ficar eu, meu marido e meus três filhos. Aí começou a aparecer que o auxílio estava aprovado, mas mesmo assim o dinheiro não chegou e até hoje eu continuo sem”, relata a dona de casa.

“Esse dinheiro daria pra gente dar uma qualidade de vida melhor, teria uma condição melhor pra comprar a medicação da nossa filha que não é dada pelo SUS, a gente conseguiria ter lazer, algo melhor para as crianças, fazer um supermercado com mais qualidade. Então, é um dinheiro que faz muita falta”, pontua Selene.

Além do próprio atendimento ao público necessitado, o pesquisador Sérgio Ferreira ressalta que é preciso, sobretudo, foco em investimentos em educação, que habilitaria de fato a população para a superação da pobreza.

“É importante proporcionar condições de desenvolvimento para crianças que nasceram em famílias mais pobres, para que no futuro elas possam concorrer de forma mais igualitária com crianças de famílias mais ricas. Iniciativas como reforço escolar, mentoria, acompanhamento para entrada no mercado de trabalho são bastante valiosas nesse sentido”, destaca.

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