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Pandemia faz país perder 1,1 milhão de empregos formais em dois meses

Economistas a projetam para este ano o fechamento de até 3,5 milhões de postos formais - mais do que o total perdido na crise de 2015 e 2016

Agência Estado

O Brasil fechou 1,1 milhão de vagas com carteira assinada em março e abril, segundo números do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério da Economia. Esse é o primeiro retrato oficial do impacto da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho brasileiro e levou economistas a projetarem para este ano o fechamento de até 3,5 milhões de postos formais - mais do que o total perdido na crise de 2015 e 2016, quando o saldo líquido acumulado nos dois anos ficou negativo em cerca de 2,8 milhões de vagas.

Em março, quando os efeitos da crise começaram a ser sentidos, foram fechadas 240.702 vagas formais no País. O salto veio em abril, com a perda de 860.503 postos, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica da Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia - em 1992. Considerando os resultados de janeiro e fevereiro (que, ainda a salvo da crise, terminaram com a abertura vagas formais), o saldo desde o início do ano está negativo em 763,2 mil vagas.

"A perspectiva é de impacto que deve repetir a crise de 2015 e 2016 em um ano só. Mas as crises são diferentes. Em 2015 e 2016, a economia foi contaminada aos poucos, com efeito na receita das empresas e nas demissões de forma gradual. Agora, o impacto é concentrado e abrupto", disse o economista Cosmo Donato, da LCA Consultores.

Ele acrescentou que o governo deveria agir para salvar as empresas, evitar falências, sob o risco de uma crise mais profunda este ano e ausência de recuperação em 2021. Na LCA, segundo Donato, as discussões são de que seriam necessárias linhas de crédito com juros subsidiados para as companhias.

O Brasil registrou a primeira morte pelo vírus no dia 17 de março. Para evitar a propagação rápida da doença e o colapso do sistema hospitalar, governos adotaram medidas de restrição e isolamento social, incluindo o fechamento de parte do comércio e de fábricas.

Mesmo em um cenário de queda do PIB de cerca de 5% este ano e de recuperação em torno de 3% em 2021, Donato acredita que a destruição líquida de vagas formais deve continuar até meados do ano que vem. Para o ano todo, a expectativa atual é de saldo positivo de apenas 100 milhões de postos.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que o "copo está meio cheio" e que empregos estão sendo preservados com medidas como suspensão de contratos e redução de jornada e salários, que já atingem mais de 8 milhões de brasileiros. "Desemprego não é algo para comemorar, a preservação de empregos sim. O copo está meio cheio, estamos preservando emprego e renda", afirmou. "O Brasil está conseguindo preservar empregos, mas não manter nível de contratação."

Bianco avaliou que o impacto do coronavírus foi, até momento, menor do que o visto em outros países, como os EUA. Lá, porém, o seguro-desemprego é o principal instrumento assistencial para quem fica sem trabalho. No Brasil, o governo criou o auxílio emergencial de R$ 600 para 56,6 milhões de desempregados, informais e autônomos.

Para Sílvio Paixão, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) da USP, as empresas já vinham com dificuldades antes da crise do coronavírus. "O Brasil vinha lutando para vencer os impactos da crise anterior. Quando estava começando a parar de escorregar, veio a pandemia." 

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Economia
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