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Mais de 1 milhão de lares no Pará são chefiados por mulheres

A cada dez domicílios em território paraense, ao menos quatro têm a mulher responsável pelas finanças da família

Fabrício Queiroz - Especial para O Liberal

Mais de um milhão de lares no Pará são chefiados por mulheres. Segundo apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada dez domicílios em território paraense, ao menos quatro têm a mulher responsável pelas finanças da família. Em resumo, dos 2,5 milhões de lares do Pará, 45,30% dependem financeiramente delas. Em toda a região Norte, dos 5,4 milhões de habitações, 2,4 milhões são chefiados por mulheres, o que representa 43% do total.

Ainda que esta representatividade seja expressiva, contabilizando quase a metade dos lares da região, a participação de mães no mercado de trabalho é um indicativo das desigualdades de gênero no Brasil. Ainda de acordo com dados do IBGE, a maternidade é um fator que influencia no nível de ocupação das mulheres de 25 a 49 anos. Entre as mulheres sem crianças, o nível de ocupação é 67,2%, enquanto que entre as que são mães o índice cai para 54,6%. Em relação aos homens, o nível de ocupação é maior e não é afetado em função da paternidade, que alcança 89,2% dos pais.

O estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, lançado em 2021, aponta que o maior envolvimento das mulheres em trabalho não remunerado no ambiente doméstico é uma das razões para essa diferença. Segundo a pesquisa, no Brasil, em média, os homens dedicam 11 horas semanais aos cuidados de pessoas ou aos afazeres domésticos. Já as mulheres aparecem com uma média de 21,4 horas semanais dedicadas às mesmas atividades. Considerando o recorte de cor ou raça, o índice permanece em 11 horas para os homens e chega a 22 horas entre as mulheres. Na região Norte, as estimativas são de 11,2 horas entre os homens e 20,6 horas entre as mulheres.

A conciliação entre essas duas dinâmicas de trabalho é uma realidade constatada na vida de muitas mulheres. Uma das tendências evidenciadas pelas pesquisas é o número crescente de mulheres que comandam os lares paraenses. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2019 apontam que essa é a realidade de mais de 1 milhão de domicílios, o que corresponde a 43,5% das famílias. Na Região Metropolitana de Belém, esse índice é ainda maior, chegando a 54,8% dos lares que têm mulheres como chefes de família.

As estatísticas representam um pouco da vida de pessoas como Vanessa Carvalho, 35 anos. Chefe de família com quatro filhos, a cozinheira autônoma se desdobra entre as várias jornadas que envolvem o trabalho, os serviços domésticos e a criação dos filhos, com idades que variam de 1 a 16 anos, além de ajudar quando pode no cuidado dos sobrinhos que moram na mesma residência, localizada no bairro da Condor.

A dedicação a várias atividades não é uma novidade na vida de Vanessa que sempre prezou por trabalhar para manter a independência financeira e contribuir com o sustento dos filhos. Atualmente, ela conta que a rotina é cansativa, pois trabalha de domingo a domingo com o esposo em um pequeno negócio de venda de refeições e, por isso, o tempo para descanso ou lazer costuma ser raro. “Eu não tenho folga, às vezes eu tento fazer um passeio em alguma praça, shopping, mas isso é uma vez ao mês ou a cada dois meses”, relata. Porém, Vanessa Carvalho considera que desfruta de alguns privilégios, já que pode contar com o apoio e a parceria do marido e da sogra, que muitas vezes cuida das crianças enquanto o casal está fora de casa.

Apesar das dificuldades, Vanessa Carvalho considera que todo o esforço contribui para oferecer melhores condições de vida para os filhos.

“Eu percebo que às vezes a gente não vive mais por nós e sim por eles. Por conta de serem duas adolescentes e duas crianças, a gente tenta driblar porque se a gente ficar dependendo somente de casa, a gente acaba passando por várias necessidades. Por isso, a gente trabalha, vai à luta no dia a dia e, graças a Deus, somos compensados pelo nosso trabalho”, diz a cozinheira, que avalia a maternidade como um estímulo e um motivo de felicidade. “Ver os nossos filhos felizes é a grande recompensa. Isso tira até o nosso cansaço porque quando nós chegamos em casa e somos recebidos com amor, com carinho, somos recompensados”.

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