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Entidade completa 30 anos, mas está de olho no futuro

Iniciativa criada em 1991 lista avanços e novos desafios

Natália Mello / O Liberal
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O aumento da competitividade empresarial a partir do desenvolvimento socioeconômico da Amazônia é apontado como um dos principais resultados de uma iniciativa que, em 1991, surgiu para criar integração e uma espécie de sinergia de ações voltadas para o crescimento da região. Formada pelas Federações das Indústrias dos Estados da Amazônia Legal, a Ação Pró-Amazônia é uma associação sem fins lucrativos que defende os interesses econômicos e sociais dos Estados que compõe o bioma amazônico junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), colaborando na discussão de projetos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e de outras entidades não governamentais.

O atual presidente da Ação, Marcelo Thomé de Almeida, destaca, após 30 anos de projeto, a elaboração do Projeto Norte Competitivo, que identificou e solucionou gargalos logísticos e promoveu a competitividade das empresas da região; e a criação da Programação Prioritária da Amazônia Legal 2019-2022, que estimula o compromisso e o empenho das empresas locais para o crescimento econômico da região, com mais inclusão e melhoria de qualidade de vida da população.

“A Amazônia é muito grande, tem muitas realidades diferentes, vocações e potenciais diferentes em microrregiões que são distintas, mesmo dentro de um mesmo estado. As estratégias podem se diferenciar a partir dessas realidades locais e particularidades identificadas pelas Federações das Indústrias em cada Estado, mas todas elas precisam ter em comum a compatibilidade com o bioma amazônico, a difusão de práticas sustentáveis, inovação e incorporação de tecnologia nas cadeias produtivas, inclusão e geração de emprego e renda nas comunidades e populações tradicionais”, afirmou.

De acordo com Marcelo, junto com os desafios globais e as mudanças climáticas, crescem as oportunidades na Amazônia, mas a dimensão das áreas degradadas é um problema. Porém, também vêm sendo discutidas novas possibilidades de desenvolvimento a partir da recuperação e reintegração dessas terras, que projetam maior rentabilidade sem avançar ainda mais na floresta.

“Identificamos um potencial extraordinário para a produção de gás a partir dos resíduos sólidos urbanos e também da agropecuária. Todas as Federações das Indústrias dos Estados da Amazônia Legal estão discutindo oportunidades como estas, além do nosso incrível potencial para a economia verde e a bioeconomia. A partir da identificação dessas e tantas outras oportunidades é que acabamos de criar o Instituto Amazônia+21, que tem o propósito de promover negócios sustentáveis na região com abordagem ESG, essa sigla em inglês para environmental, social e governance, traduzindo compromisso ambiental, responsabilidade social e boa governança empresarial”, ressaltou.

Mudança de prioridades

Com esse caminho ainda sendo construído, a passos que andam de acordo com a necessidade de uma mudança de prioridades, que, a partir deste momento, devem levar em conta a conservação maior dos recursos naturais da região, o presidente da Ação Pró-Amazônia destaca ainda outro ponto: a radical diminuição das emissões de carbono até 2030, que vem sendo cobrada da Amazônia e foi tema de cobrança durante a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-26), realizada em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

“Também começou em Glasgow a movimentação de meios e processos para se atingir esses objetivos, onde a ONU projeta a mobilização de recursos multinacionais de pelo menos 100 bilhões de dólares por ano. O Brasil que é o país com maior vocação para a economia verde e a Amazônia que detém 15% da biodiversidade do planeta, não podem deixar de ver as oportunidades que esse movimento mundial está abrindo. Aí pode estar uma oportunidade como nunca houve para o crescimento da indústria e da economia brasileira, sob bases mais sustentáveis”, concluiu, lembrando que o desenvolvimento sustentável do país pressupõe a superação das desigualdades regionais. “E aí a Amazônia é determinante, precisa ser incluída, ser protagonista do seu próprio desenvolvimento e, solidariamente, do desenvolvimento sustentável do Brasil”, finalizou Marcelo.

Ação Pró-Amazônia

Criada em 26 de novembro de 1991, época em que estava à frente da Confederação Nacional da Indústria - CNI o então senador Albano Franco, a entidade foi formada inicialmente pelas Federações das Indústrias dos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia e Roraima. Em junho de 1992, a Federação das Indústrias do Estado do Tocantins juntou-se ao grupo. A Ação Pró-Amazônia foi formada com o objetivo principal de promover a integração das diretrizes e ações das Federações associadas, visando ao desenvolvimento socioeconômico da região, por meio da promoção de práticas sustentáveis, incorporação de tecnologia e modernização das empresas locais, especialmente as médias e pequenas.

Suas atividades incluem a promoção de estratégias de desenvolvimento dos setores da indústria e atividades afins, de forma a assegurar a integração das ações e investimentos direcionados aos mesmos; organizar eventos de caráter técnico, científico, social e cultural que despertem a discussão sobre um maior desenvolvimento regional, no âmbito nacional e internacional; defender a preservação das condições ambientais da região, buscando o desenvolvimento.

Flexa Ribeiro

image Flexa Ribero: “Percebo que temos desafios e entraves ainda hoje semelhantes aos que já discutimos há décadas” (Márcio Ferreira / Agência Pará)

Como idealizador e primeiro coordenador da iniciativa, que integrou as federações de indústria da Amazônia, com escritório dentro da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília, o ex-senador Flexa Ribeiro se vê apenas como uma parte da engrenagem que pensa e trabalha pela Amazônia. “Percebo que temos desafios e entraves ainda hoje semelhantes aos que já discutimos há décadas. Hoje temos Fórum de Governadores, Bancada da Amazônia e tantos outros colegiados semelhantes. Todos precisam ser fortalecidos. Afinal, sem coesão, diálogo e sintonia entre nós, perdemos força frente aos desafios. Desafios que, volto a dizer, muitas vezes são resultantes do desconhecimento e do preconceito de quem não nos conhece verdadeiramente”, analisou.

Como paraense e amazônida, ele parafraseia o poeta Fernando Pessoa em seu verso “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. “A nossa alma é a Amazônia. Se muitos falam sem conhecer nossa realidade, cabe a nós, que aqui vivemos, difundir nossa visão, nossas soluções”, finaliza.

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