Aumenta procura por planos de saúde no Pará

Enquanto no Brasil planos de saúde perderam clientes, no Pará houve alta

Thiago Vilarins

A chegada da pandemia do novo coronavírus (covid-19) fez com que mais paraenses buscassem os serviços dos planos de saúde para ter acesso a unidades hospitalares privadas. A tendência no cenário local é oposta ao que tem ocorrido com o Brasil. Segundo o balanço divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em agosto, o número de beneficiários no Estado chegou 780.851 pessoas. São 16.967 novos planos de saúde médico-hospitalares no Estado desde abril (+2,2%) quando iniciou os atendimentos decorrentes do Covid-19 - cerca de 4,2 mil novos clientes por dia.

Naquele mês, o Estado contabilizava 763.884 beneficiários. Em maio, a cobertura dos planos de saúde alcançou 766.195 pessoas (+0,33%) e em junho chegou a 768.987 (+0,36%). Já em julho, os planos particulares deram o maior salto no período (0,60%) totalizando 773.616 usuários. Entre julho e agosto, por sua vez, foi anotado um incremento de 7.235 novos planos, o que equivale a um aumento de 0,93% nesta passagem mensal.

O número total de agosto é o maior no Estado, desde dezembro de 2017, quando havia 801.748 beneficiários de planos de saúde. Em agosto de 2019, o Estado possuía 768.596 usuários que optaram pela modalidade de saúde privada - uma diferença de 12.255 planos ou 1,6% a menos. Nacionalmente, os convênios deixaram de contar com pelo menos 103 mil clientes, apenas nos meses de abril e agosto (-0,22%). Caiu de 47.014.694 beneficiários no início da pandemia para 46.911.423 no último levantamento da ANS. Entre agosto de 2019 e o mesmo período deste ano foram reduzidos 55.973 planos privados, o que representa uma queda de 0,12% da cobertura total.

Uma das explicações para o resultado negativo no País vem da perda de renda e emprego, registrada no bojo da pandemia. Já no Estado do Pará  esse crescimento de adesões coincide com o período mais incidente de casos, quando o estado liderava junto com o Amazonas e alguns Estados do Nordeste o ranking de identificações e mortes pelo covid-19. Na avaliação da ANS, os moradores destes Estados, em condições de pagar pelo serviço privado, optaram automaticamente por um atendimento diferenciado na rede particular.

Embora o número seja pouco expressivo, ele representa que cerca de 17 mil paraenses decidiram abrir mão da gratuidade do Sistema Único de Saúde (SUS) nesse período para terem acesso à rede particular, mesmo que, para isso, comprometam as despesas domésticas. No geral, quinze Unidades da Federação, incluindo o Pará, registraram aumento na adesão de cidadãos à iniciativa privada na comparação anual, sendo as maiores altas relativas as do Piauí (+3,26%), Paraíba (+2,45%) e do Distrito Federal (+2,44%). Por outro lado, as maiores quedas foram anotadas no Amapá (-7,06%) e Santa Catarina (-2,72%).

O superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin, disse que "alguns números podem ser alterados pela agência [ANS] em função das revisões por parte das operadoras, mas o leve saldo positivo no mês de agosto pode indicar que o mercado começa a se estabilizar após o forte impacto da crise sanitária". Segundo Cechin, no início da pandemia, em fevereiro e março, ocorreram mais adesões do que cancelamentos de planos médico-hospitalares. Já a partir de abril, o setor passou a registrar baixas sucessivas de beneficiários, como consequência do alto índice de demissões, perda do poder aquisitivo da população, fechamento de empresas e interrupção de atividades.

Segundo Cechin, o comportamento do setor vai depender dos rumos que a covid-19 poderá tomar no Brasil, do comportamento das pessoas e das ações dos poderes público e privado. Ele esclareceu que o comportamento do mercado de planos de saúde médico-hospitalares está atrelado ao saldo de empregos formais no país, uma vez que a maioria dos planos são coletivos empresariais, ou seja, oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores. "O desemprego e a redução da renda das famílias leva os beneficiários a não poder manter planos individuais e familiares ou mesmo coletivos por adesão", disse.

Planos odontológicos

A ANS também aponta no Pará um crescimento nos planos exclusivamente durante a pandemia. Entre abril e agosto passou de 434.501 planos para 444.619 em agosto - um incremento de 10.118 adesões (+2,32%). Entre julho e agosto últimos houve um incremento de 7.603 clientes (+1,74%) e de 22.858 em relação a agosto de 2019 (+5,42%). Novamente o desempenho segue na contramão do resultado nacional.

Em todo o País, foram identificados 25.816.001 planos em agosto ante 25.681.893 de abril último - uma redução de 134.108 clientes (-0,52%). Já na análise mensal, houve 446.106 adesões (+1,75%). Entre agosto de 2019 e agosto de 2020 houve um aumento ainda mais expressivo, de 1.021.583 de planos (+4,12%).

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