Após melhor resultado dos últimos 5 anos, portos do Pará iniciam 2025 com tendência de queda
Mesmo com limitações de infraestrutura, portos paraenses superam marcas recentes e avançam em obras estratégicas para expansão e modernização.

A movimentação portuária tem alcançado números positivos nos rios do Pará, apesar das limitações de infraestrutura. Em 2024, por exemplo, os portos do Pará registraram a maior movimentação de cargas dos últimos cinco anos, com mais de 41 milhões de toneladas transportadas, segundo a Companhia Docas do Pará (CDP). O resultado reflete o crescimento do Arco Norte como rota estratégica para o escoamento da produção nacional, mesmo diante de desafios logísticos e de infraestrutura. Porém, projetos de modernização em curso, como a obra no Terminal de Outeiro e investimentos previstos no Novo PAC, são aguardados com expectativa considerando a necessidade de que o estado esteja preparado para uma demanda ainda maior nos próximos anos, conforme órgãos ouvidos pelo Grupo Liberal.
No entanto, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), de janeiro a maio de 2025, os portos do Pará movimentaram 40,3 milhões de toneladas de produtos. O número representa uma queda de 8,58% em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado havia movimentado 44,1 milhões de toneladas nos portos. Os portos com maiores movimentações até maio deste ano foram Vila do Conde (7,5 mi de t), Santarém (6,1 mi de t), Terminal Vila do Conde (5,05 mi de t), Terminal Trombetas (5,03 mi de t) e Terminal Fluvial de Juruti (3,1 mi de t).
Em 2025, ainda segundo a Antaq, os produtos com maior movimentação nos portos paraenses foram soja (19,1 mi de t), bauxita (9,8 mi de t), adubos (2,7 mi de t), produtos químicos inorgânicos (2,1 mi de t) e petróleo com derivados (1,7 mi de t). Das mercadorias citadas, apenas a soja (-2,6%) e os produtos químicos inorgânicos (-9,9%) tiveram queda na quantidade de carga movimentada em relação ao mesmo período de 2024. Os demais produtos tiveram crescimento: bauxita (+3,6%), adubos (+31,2%), petróleo com derivados (+0,6%).
Ao Grupo Liberal, a Companhia Docas do Pará (CDP), empresa pública vinculada ao Ministério dos Portos, afirmou que dois fatores influenciaram nos números disponibilizados nos portos administrados por ela.
“No primeiro semestre de 2024, houve uma expressiva produção de milho, proveniente da safra anterior que elevou a movimentação naquele ano, o que não ocorreu agora em 2025. Além disso, a CDP está em fase implantação do novo sistema operacional e ajustes estão sendo feitos no envio de dados”, informou o Gerente de Planejamento de Mercado, Alberto Ramos, responsável pelo processamento de dados públicos de movimentação da CDP.
Avanço mesmo com desafios
A Companhia Docas do Pará afirmou que os portos operam de forma segura e eficiente, com profundidade adequada para a movimentação atual.
“Os portos da Companhia funcionam dentro dos parâmetros seguros de navegabilidade e com números positivos de movimentação de cargas. Em 2024, a CDP alcançou o maior índice dos últimos cinco anos: mais de 41 milhões de toneladas”, destacou a estatal.
Ainda que não haja planos imediatos para aumento do calado — profundidade que permite a atracação de navios maiores —, a companhia realiza dragagens de manutenção regularmente, como a que ocorreu recentemente no Terminal Petroquímico de Miramar. “É uma rotina portuária que mantém as rotas de navegação em níveis seguros para as operações”, completou a CDP.
Infraestrutura em expansão
Além da manutenção, há esforços concretos de modernização em curso. Um dos principais projetos é a adequação do Terminal Portuário de Outeiro, em Belém, realizada por meio de convênio com a Itaipu Binacional. “A obra, que é um dos legados da COP 30 para o Pará, irá ampliar e melhorar a estrutura portuária do estado, contribuindo para o desenvolvimento econômico e turístico da região Norte”, afirmou a Companhia.
O Ministério de Portos e Aeroportos, ao qual a CDP é vinculada, também reforçou o potencial do estado e confirmou os investimentos previstos no Novo PAC. Segundo a pasta, “existem atualmente no Novo PAC investimentos em Terminais de Uso Privado e arrendamentos portuários que somam R$ 1,14 bilhão até 2045, incluindo ampliação de berços, acessos logísticos e construção de pátios e armazéns”.
Entre os projetos, destaca-se o arrendamento do terminal VDC29, no Porto de Vila do Conde, que aguarda deliberação do Tribunal de Contas da União (TCU) e prevê investimento de R$ 908,6 milhões.
Hidrovias e ferrovias: conexão em transformação
Para reforçar a eficiência logística da região, o Governo Federal também investe na integração entre os modais de transporte. O Ministério dos Transportes lidera obras estratégicas como a Ferrogrão, que ligará o Mato Grosso ao porto de Miritituba (PA), e a extensão norte da Ferrovia Norte-Sul, de Açailândia (MA) até Barcarena (PA).
“A Ferrogrão terá 933 quilômetros de extensão e facilitará o escoamento da produção do Centro-Oeste para o Arco Norte. Já os estudos da Norte-Sul estão em fase de detalhamento e devem ser concluídos até 2026”, informou o ministério.
Além disso, em 2024, foi realizada uma dragagem emergencial no rio Tapajós, com previsão de nova dragagem estruturada para os próximos cinco anos. Também está em andamento o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço e a construção de cinco Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte (IP4) no estado.
Papel estratégico no Arco Norte
Com a tendência de crescimento da produção agrícola e mineral no Norte e Centro-Oeste, os portos paraenses ganham ainda mais relevância.
“Há leilões programados para os anos de 2025 e 2026, que contemplam terminais como VDC29 (R$ 908 milhões) e STM01/02 em Santarém (R$ 247,75 milhões), reafirmando a prioridade dada à região dentro do Arco Norte”, destacou o Ministério dos Portos e Aeroportos.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) também acompanha o desempenho da infraestrutura local.
“O terminal VDC29 está em processo de arrendamento e garantirá investimentos importantes. A Antaq atua na fiscalização e monitoramento dos portos públicos, avaliando sua eficiência e capacidade operacional”, informou a agência.
Leilões programados nos estados do Arco Norte para os anos de 2025 e 2026 com aportes previstos, segundo o Ministério dos Portos e Aeroportos:
VDC29 - Porto de Vila do Conde (PA): R$ 908,56 milhões
VDC04 - Porto de Vila do Conde (PA): R$ 13,04 milhões
MCP01 - Porto de Santana (AP): R$ 85,66 milhões
IQI16 - Porto de Itaqui (MA): R$ 141,35 milhões
IQI15 - Porto de Itaqui (MA): R$ 1,47 bilhões
Canal e áreas livres da Codeba (BA): R$ 1,77 bilhão
SSD04 - Porto de Salvador (BA): R$ 94,94 milhões
STM01/02 - Porto de Santarém (PA): R$ 247,75 milhões
ILH01 - Porto de Ilhéus (BA): em estudo
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