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Após evasão, escolas particulares esperam aumento nas matrículas

Nos últimos meses, muitos pais cancelaram as matrículas dos filhos. Escolas investiram em equipamentos e serviços para manter os alunos

Natália Mello

A pandemia do coronavírus afetou muitos segmentos da sociedade e setor educacional foi um dos que não conseguiu escapar dos prejuízos da Covid-19. Com a perda de alunos e o início do novo modelo de aulas híbridas, com rodízio de estudantes e alternância entre aulas presenciais e remotas, as escolas precisaram investir em equipamentos e serviços para oferecer um serviço online de qualidade e não perder completamente as matrículas.

A diretora pedagógica do Colégio Dom Mário, Denize Souza, compartilha do sentimento da maioria das pessoas e setores da economia: “2020 foi um ano bem difícil”. Há 52 anos em funcionamento, com turmas do maternal ao 9º ano, atualmente, a instituição possui cerca de 180 alunos pagantes e, com segurança, ela afirma que o cancelamento maior veio da educação infantil – total entre cancelados e transferidos foi de 17%.

“Hoje estamos com aulas híbridas. Porém, além das matrículas canceladas, teve o problema da inadimplência e também das mensalidades que, por decreto do governo, ano passado reduziu em 30% o valor”, ressalta. Denize reforça ainda os investimentos necessários por parte da administração da escola na compra de equipamentos para que fosse ofertada uma educação de qualidade, mesmo à distância.

“Como todas as escolas, passamos por muitas dificuldades, desde o cancelamento de matrículas, principalmente na Educação Infantil, aos gastos com a qualificação dos professores e equipamentos para as aulas on-line. A pandemia pegou todo mundo de surpresa”, diz. A diretora afirma que, com o retorno das aulas desde o início do ano, houve o retorno de alguns alunos que haviam cancelado a matrícula, a chegada de alunos novos, e que o acompanhamento dos estudantes e seus familiares, além da proximidade com os educandos, foi o foco para que permanecesse o interesse pelas aulas.

Para a advogada Fabrícia Martins, manter Allícia, de 5 anos, nas aulas do Jardim II à distância, foi difícil, e ela teve que vencer o medo para garantir uma educação adequada para a filha, que tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ela lembra que acompanhou as mudanças na escola, que viu muitos pais tirarem os filhos das aulas presenciais e que, por conta disso, turmas esvaziaram e acabaram sendo desmembradas.

“A Allícia voltou para o presencial porque tem a dificuldade na questão da fala e na questão auditiva e foi muito prejudicial ficar no online. Era uma aula perdida, então tivemos que mandar, mesmo com medo. Ela ia com máscara, touca, o tempo todo com álcool em gel, quando ela chegava, tudo era esterilizado. A gente enfrenta o medo porque sabe do prejuízo que é para a criança que é muito pequena. Se não fosse a limitação, a gente não mandaria”, ressalta.

Fabrícia, que tem outra filha, de 1 anos e dez meses, Ailla, considera um período bastante delicado para o desenvolvimento da criança, muito prejudicado com o afastamento do convívio de outras da sua idade. “Ailla ficou mt tempo em casa e quando começamos a sair ficava com medo das pessoas, isso é muito complicado”, desabafou.

Theo Sobral tem 14 anos e, por opção dele mesmo e dos pais, não frequenta aulas presenciais desde o início do ano. Asmático e bastante preocupado com a situação atual da Covid-19, o adolescente está no sistema híbrido, ou seja, uma parte estudando de forma presencial, e outra parte dos alunos seguem o ensino dos conteúdos à distância. O pai, o jornalista Rafael Sobral, conta um pouco sobre a insegurança dele e do filho voltar ao “antigo normal”.

“Ele não tira máscara nunca. Optamos por não voltar e ainda estamos decidindo se ele vai retornar ao presencial no segundo semestre. Se tem a possibilidade do ensino remoto e se ele tá conseguindo acompanhar bem, não tem porque voltar ainda. E é um privilégio poder estudar em uma escola boa e com um bom ensino online, que tem toda uma assistência, então ele deve continuar remoto mesmo, mas depende de muita coisa, dos números de casos, da situação como um todo”, finaliza Rafael.

Evasão foi dano real ao setor educacional

Segundo o Sindicato Estabelecimentos Particulares Ensino do Estado Pará (Sinepe) Desde o início da pandemia, a educação como um todo enfrentou grandes dificuldades para se adaptar às limitações e inovações exigidas para que o ensino não parasse e a evasão de alunos foi um dano real para os estabelecimentos de ensino. Porém, a entidade garante que esse problema foi contornado a partir de estratégias que incluíram o uso de novas tecnologias para aulas remotas e a garantia de aulas não presenciais com material impresso e escrito.

Ainda de acordo com o Sinepe, todas as escolas trabalham remotamente desde o ano passado e hoje 100% dos estabelecimentos atuam dessa forma, mas não necessariamente por aulas virtuais. Desde o início deste ano, a maioria das instituições do setor privado está funcionando presencialmente em regime híbrido (a aula que o professor dá na escola para quem optou pelo sistema presencial é a mesma que o aluno que optou pelo ensino à distância assiste em casa). Por fim, o Sindicato afirma que o ano letivo não será prejudicado e que as escolas mantiveram seus quadros, com salários em dia e sem desligamentos de professores ou colaboradores.

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