Com tarifaço de Trump, Pará pode perder R$ 973 milhões no PIB, segundo estudo
Estudo da UFMG aponta que o estado teria retração de 0,28% no PIB em um ano; Brasil teria impacto direto nas exportações e no emprego.
O Pará poderá perder R$ 973 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) devido à escalada de tarifas comerciais dos Estados Unidos, em um ano, segundo estudo econômico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado em 11 de julho. O valor representa uma retração de 0,28% na economia paraense.
De acordo com o estudo, a escalada da guerra tarifária teria um impacto negativo significativo na economia global, com uma queda estimada de 0,12% no PIB mundial — o que representa uma perda de aproximadamente US$ 93 bilhões. O comércio internacional também sofreria forte retração, com uma redução de 2,1%, equivalente a um prejuízo de cerca de US$ 483 bilhões.
Brasil sofre com tarifaço: perdas nacionais podem chegar a R$ 19 bilhões
O estudo da UFMG analisou os impactos de uma série de medidas tarifárias que podem entrar em vigor até agosto de 2025. Entre elas, estão a elevação para 50% das tarifas sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, além de restrições tarifárias aplicadas a diversos outros países.
No cenário projetado, o Brasil teria uma queda de 0,16% no PIB em um ano, equivalente a cerca de R$ 19 bilhões, puxada pela retração nas exportações (-2,44%) e na corrente de comércio.
As importações também sofreriam queda de 1,09%. O impacto seria sentido também no mercado de trabalho, com a eliminação de aproximadamente 110 mil empregos.
PIB global e comércio mundial também encolhem
De acordo com o estudo, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, com efeitos colaterais globais, deve provocar uma retração de 0,12% no PIB mundial, o que representa uma perda de US$ 93 bilhões, segundo a UFMG. O comércio global cairia 2,1%, ou US$ 483 bilhões.
Nos EUA, o PIB sofreria uma queda de 0,37%, enquanto a China teria uma retração de 0,15%. O Brasil, por sua vez, enfrentaria redução não só na produção, mas também no mercado de trabalho e na cadeia exportadora, especialmente em setores como máquinas agrícolas (-23,6% nas exportações), aeronaves e embarcações (-22,3%) e carnes.
Setores e empregos em risco: agropecuária lidera perdas
O estudo aponta que a agropecuária seria o setor com maior corte de empregos no Brasil, com 41 mil postos a menos.
Em seguida vêm comércio (-31,6 mil), indústrias de transformação (-26,5 mil), transporte e armazenagem (-8,4 mil), entre outros.
Estados mais afetados: sudeste e sul lideram em volume
O estudo aponta São Paulo como o estado mais afetado em valores absolutos, com perdas de R$ 4,4 bilhões no PIB, seguido por Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bi), Paraná (R$ 1,9 bi), Santa Catarina (R$ 1,74 bi) e Minas Gerais (R$ 1,66 bi).
Minas Gerais, por sua vez, lidera os impactos percentuais na agropecuária (-1,15%) e na indústria extrativa (-0,35%), enquanto São Paulo sofre mais nas indústrias de transformação (-0,31%).
VEJA MAIS
Setores nacionais mais afetados: máquinas, alimentos e têxteis lideram perdas nas exportações brasileiras
O estudo também detalhou os impactos setoriais da elevação das tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, prevista para agosto de 2025. As simulações apontam que diversos segmentos da economia nacional sofreriam retrações tanto nas exportações quanto na produção interna.
Confira os setores mais afetados:
• Tratores e máquinas agrícolas: registrariam a maior queda nas exportações, com retração de -23,61%, além de uma redução na produção de -1,86%;
• Aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte: sofreriam impacto expressivo, com exportações caindo -22,33% e produção recuando -9,19%;
• Outros produtos da lavoura temporária: apresentariam redução de -21,35% nas exportações, com queda de -0,28% na produção;
• Produtos da lavoura permanente: as exportações cairiam -19,50%, enquanto a produção teria queda de -0,87%;
• Carne suína: apresentaria retração de -11,32% nas exportações e -3,07% na produção;
• Carne de aves: exportações encolheriam -11,31%, com recuo de -4,18% na produção;
• Artigos têxteis de uso doméstico e outros têxteis: sofreriam queda de -10,33% nas exportações e de -1,15% na produção;
• Tecidos: enfrentariam redução de -10,11% nas exportações e de -1,95% na produção;
• Fios e fibras têxteis beneficiados: exportações cairiam -9,83%, com a produção recuando -1,86%;
• Minerais metálicos não-ferrosos: registrariam queda de -6,71% nas exportações e de -3,41% na produção.
Principais medidas tarifárias analisadas no estudo
Os principais elementos do estudo da Universidade Federal de Minas Gerais são parte das medidas vigentes e anunciadas até 10 de julho de 2025. São elas:
• Aumento para 30% das tarifas dos Estados Unidos sobre importações da China, com resposta chinesa elevando para 10% as tarifas sobre produtos norte-americanos;
• Elevação para 50% das tarifas de importação nos EUA sobre automóveis e aço, independentemente do país de origem;
• Anúncio de tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA, com início previsto para agosto de 2025;
• Imposição de novas tarifas de importação pelos EUA a 14 países, a partir de 1º de agosto de 2025, com as seguintes alíquotas:
- 30%: Argélia, Líbia, Iraque, África do Sul, Bósnia-Herzegovina;
- 25%: Brunei, Moldávia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Cazaquistão, Tunísia;
- 20%: Filipinas;
- 32%: Indonésia;
- 36%: Tailândia, Camboja;
- 40%: Laos, Myanmar;
- 35%: Bangladesh, Sérvia.
Palavras-chave