Ambiente para negócios no Pará não é favorável

Economista aponta a falta de investimentos pelo poder público em obras e até mesmo fatores geográficos para as dificuldades do Pará

Elisa Vaz
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Por medir o ambiente de negócios do Estado, a listagem é preocupante, segundo o economista Eduardo Costa. De acordo com ele, é por meio desse levantamento que possíveis investidores estudam o cenário econômico paraense. “O Pará tem caído nesse ranking ao longo dos anos, o que mostra que nosso ambiente de negócios está indo contra o que ocorre em outros Estados. Significa que precisamos pensar em novas estratégias de desenvolvimento econômico no Pará, envolvendo ações e parcerias públicas e privadas para atrair investidores e gerar emprego e renda”, disse Costa.

Na avaliação do especialista, em termos de infraestrutura, o motivo para que o Pará esteja abaixo da média nacional é a falta de investimentos por parte do poder público em todas as esferas – municipal, estadual e federal –, além de problemas na governança local e fatores geográficos. Ele pontuou que o Pará é um Estado com baixa densidade demográfica e malha rodoviária extensa, que é difícil de ser mantida. "Grande parte do modal de transporte local é rodoviário, e mesmo assim a qualidade é precária, como é o caso da BR-163 e da Transamazônica”, comentou.

Além disso, Costa afirmou que os indicadores que mais chamam atenção nessa modalidade são de energia elétrica e telecomunicações, ambos resultados da falta de investimento em infraestrutura no Pará, segundo ele. “Ocupamos os últimos lugares em acesso e custo de energia elétrica. Isso chama a atenção porque somos um dos maiores produtores de energia e, mesmo assim, temos um dos custos mais elevados com esse consumo. Da mesma forma os custos com combustíveis, que são altos porque não temos refinarias no Pará e grande parte desse produto é importada de outros Estados. Isso deixa o consumo mais caro. Temos que pensar nas nossas prioridades”, pontuou o economista.

Embora não sejam os pilares que estão nas piores colocações no ranking, o especialista acredita que os principais gargalos para o Estado são nas áreas de inovação, capital humano e educação, que estão altamente correlacionados e dialogam entre si. Os números mostram que, para aumentar a competitividade local e melhorar o ambiente de negócios, é preciso não apenas ampliar os investimentos em educação e inovação, mas fomentar a pesquisa no Pará. Esta é uma agenda que passa pela formação de capital humano e ensino profissionalizante, priorizando a qualidade da educação local.

image Saneamento básico é precário em muitos pontos do Estado (Akira Onuma / O Liberal)

Empresário pede mais apoio para a inovação

O empresário João Marcelo Santos, presidente em exercício do Conselho de Jovens Empresários (Conjove) da Associação Comercial do Pará (ACP), acredita que a melhor forma de alavancar a economia local é investindo em inovação, por meio de políticas públicas que beneficiem startups – empresas emergentes que buscam inovações –, linhas de crédito diferenciadas aos pequenos negócios e isenção de impostos. Ele também acha que devem ser produzidos mais eventos dessa área no Estado, para proporcionar network entre os profissionais e empreendedores. “O problema do nosso mercado é que ainda não temos a cultura de inovação. Um exemplo é que os espaços de coworking – trabalho compartilhado – de tecnologia estão ficando populares agora, enquanto, em outros locais, isso é muito comum. Temos muitas pessoas empreendendo na inovação, mas os Estados mais evoluídos vêm contratar a mão de obra daqui. Temos que aproveitar esses empresários para alavancar a economia local”, opinou Santos. Além disso, outro ponto que deve ser explorado no Pará, de acordo com o empresário, é a cultura do “investidor anjo”, quando empresários estabelecidos no mercado financiam novos projetos. “Temos muitos empresários com capital alto, mas que não investem em startups e nos jovens que estão empreendendo. Isso tem que ser trabalhado, para disseminar o investidor anjo, que muita gente nem sabe o que é”.

image Energia elétrica cara é outro fator que atrapalha o crescimento econômico (Cristino Martins / Arquivo O Liberal)

Esclarecimentos

Em nota enviada a O LIBERAL, o governo do Estado, hoje ocupadopor Helder Barbalho (MDB), informou que, na gestão anterior, de Simão Jatene (PSDB), houve ausência de investimentos em muitas áreas. “Para mudar esta realidade, a gestão atual trabalha com investimentos, principalmente nas áreas de educação, segurança pública, saúde e emprego. Um deles é o programa TerPaz, da Secretaria de Estado de Articulação e Cidadania (Seac), que contempla ações integradas de segurança pública e de cidadania. Implantado em junho deste ano, o programa envolve mais de 30 secretarias e órgãos do Estado, que realizam ações em sete bairros da Região Metropolitana de Belém”, diza nota. “Estamos bem em alguns indicadores, acima da media nacional. O que chama atenção no Pará é o potencial de mercado, o nosso é muito bom e ainda pode ser explorado. Mas temos que ficar atentos para não perder vantagem no ranking. A mesma coisa com a máquina pública. Temos solidez fiscal considerada acima da média nacional, e isso reflete um cuidado do Estado nos últimos anos, sendo resultado de um conjunto de ações a médio e longo prazo. Temos que manter”, pontuou o economista Eduardo Costa.

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