Pará diagnostica 500 casos de câncer colorretal por ano

Ação nacional visa chamar atenção para a prevenção da doença

Cleide Magalhães

Para 2019, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima 36 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil sendo 17.380 em homens e 18.980 em mulheres. No Pará, são 500 casos diagnosticados todos os anos. A incidência da doença varia com a região. É o segundo câncer mais frequente no Sudeste, o terceiro no Sul e Centro-Oeste e o quarto no Norte e Nordeste.

O câncer colorretal é um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso, isto é, no cólon ou em sua porção final, o reto. Os números preocupam e o câncer colorretal é o foco de um mutirão que ocorre pela primeira vez em 17 cidades do Brasil, de 22 de julho a 3 de agosto. Há mais de dez anos a ação vinha acontendo sempre em uma cidade pré-determinada. A iniciativa é da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed).

Na região Norte, o estado do Amazonas realizará exames em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) pré-selecionados. O objetivo da entidade é chamar a atenção do poder público e da sociedade em geral para a importância do exame de colonoscopia na prevenção do câncer colorretal, para a criação de um Programa Nacional de Prevenção do Câncer Colorretal.

Além da sociedade civil, como um todo, o mutirão nacional tem por finalidade conscientizar médicos especialistas e profissionais da área da saúde. Até o momento a ação já foi desenvolvida em Campinas, Maceió, Rio de Janeiro, Goiânia, Curitiba, Campo Grande, Salvador, Belo Horizonte, Barretos, Vitória, Foz do Iguaçu e Brasília.

“Devido à importância da ação, embora não esteja acontecendo um mutirão no Pará, pensamos que é fundamental o trabalho da imprensa para nos ajudar a mobilizar o governo e a população a respeito desse assunto de saúde pública”, destaca o doutor Lix Alfredo Reis de Oliveira, coordenador do projeto de Prevenção do Câncer Colorretal da Sobed, membro da Comissão de Ações Sociais.

Apesar de ser o tumor mais prevenível, o Brasil ainda não tem políticas públicas. Especialistas apontam que esse tipo de câncer é até 80% prevenível, a partir de exames preventivos, como a colonoscopia e análise de sangue oculto nas fezes por método imunohistoquímico (FIT). Entretanto, o país ainda não tem uma campanha nacional de prevenção desse tipo de câncer. “É muito triste morrer de uma doença prevenível. O exame permite o diagnóstico precoce da doença com melhores resultados quanto ao prognóstico”, alerta o doutor Lix Alfredo Reis de Oliveira. 

Ainda segundo ele, quando o paciente apresenta sintomas é porque a doença está em estágio mais avançado. “Isso poderia ser identificado por meio do exame preventivo, feito a partir dos 50 anos, quando o pólipo que é uma lesão pré-maligna ou o câncer em fase inicial podem ser detectados e tratados pela colonoscopia”, afirma o doutor.

Apesar de existirem diretrizes clínicas elaboradas pela Sobed e já aprovadas pela Associação Médica Brasileira (AMB), os profissionais não são obrigados a seguirem as recomendações, ainda que sejam baseadas em evidências científicas e que norteiam o exercício da profissão do endoscopista digestivo. “É necessária a indicação correta da colonoscopia no SUS e nos convênios de saúde. Atualmente, há pessoas que realizam exames duas vezes por ano e que estão ocupando o lugar de outro paciente que aguarda na fila”, diz Oliveira.

O especialista explica que o câncer colorretal é uma doença lenta que se origina a partir de pólipos (lesões na região do cólon e reto) e leva anos para se desenvolver. Por isso, o exame não precisa ser feito em intervalos curtos de tempo. A colonoscopia é a forma mais segura para identificar possíveis lesões e tumores colorretais, porém é a mais invasiva. Outros exames de rastreio, como a pesquisa de sangue oculto por método imunohistoquímico (FIT), que são menos invasivos, também podem identificar indiretamente o câncer em fase inicial. 

Segundo o doutor Lix Alfredo Reis de Oliveira, se houvesse um programa nacional, seria possível evitar análises desnecessárias ou tardias. “O exame feito sem necessidade não acrescenta em nada ao paciente e ainda o coloca em risco. Por isso, a colonoscopia só deve ser feita se realmente for indicada seguindo diretrizes, uma vez que o benefício é maior que o risco”, explica. Empenhada para a criação de um Programa Nacional para Prevenção do Câncer Colorretal, a diretoria da Sobed se reunirá com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em busca de apoio governamental.

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