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Aos 90 anos de idade, Ubiratan de Aguiar comemora 72 de jornalismo

O mais antigo colunista social em atividade conta a sua história e não fala em aposentadoria

Bruna Lima
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Pioneiro no colunismo social do Pará, Ubiratan de Aguiar, mais conhecido pelo codinome Pierre Beltrand, carrega consigo a elegância dos monarcas, que é reconhecida não apenas pelos seus trajes impecáveis, mas também por algo muito comum no universo da nobreza: mais de uma comemoração de aniversário. Pierre Beltran  completou 90 anos no mês de julho, mas como um nobre, vai receber um jantar especial neste sábado, 24, no Hotel Princesa Louçã.

Completar 90 anos de idade e 72 anos de jornalismo carrega a importância da representatividade na história da imprensa brasileira, uma vez que se trata do colunista mais antigo em atividade no país. Pierre Beltrand possui um vasto repertório de histórias vividas, apreciadas e o privilégio de transitar em grandes "rodadas" graças ao jornalismo.

Ubiratan de Aguiar começou no jornalismo aos 17 anos de idade no jornal "O Estado do Pará". Nessa época atuava como repórter, mas quatro anos depois se tornou colunista. Essa mudança na carreira ocorreu após fazer uma reportagem na inauguração do "Automóvel Clube", que ficava no último andar do edifício Palácio do Rádio.

"Fiz essa cobertura de modo diferente, com título e a notícia em capítulos, como se faz na coluna social. A direção do jornal gostou do estilo e pediu que eu fizesse uma reportagem diária de meia página sobre a vida social de Belém", conta. A partir daí foi criada a coluna Grand Mond, que para o colunista era necessário acompanhar de um codinome em francês, e assim nasceu Pierre Beltrand.

No início o colunista fazia questão de viver no anonimato, já que agitava e desestabilizava a alta sociedade paraense com denúncias e flagras surpreendentes. "Cheguei a ser ameaçado.Em uma das publicações eu falei que um rapaz da alta sociedade que estava prestes a casar em Belém tinha outra noiva em Manaus. A noiva paraense terminou com ele e foi um problema, pois ele foi na redação do jornal atrás de mim. A sorte que ninguém sabia quem era o Pierre", recorda o colunista.

O colunismo social na vida de Pierre é cheio de glamour, mas também de apertos. Ele diz que por meio dessa função conseguiu conhecer " o mundo cão" como se diz por aí. Mas diante das diferentes perspectivas ele fala que todas as vivências lhe proporcionam crescimento até hoje. Por meio da função, Pierre conheceu vários presidentes do país.

Ele recorda de um fato ocorrido quando Jânio Quadros veio a Belém. "Fui pelo jornal O Liberal ao encontro do presidente e lá nós conversamos bastante. Ele gostou tanto da conversa que chegou a enviar um bilhete para o Romulo Maiorana me parabenizando", recorda.

Pierre foi pioneiro de uma nova forma de fazer coluna social, já que antes da sua chegada a esse gênero do jornalismo o que existiam eram as crônicas sociais. Ele explica que para fazer as crônicas o jornalista cobria determinado evento e descrevia os principais acontecimentos.

Inovador, Pierre já chega no colunismo com o formato feito por Jacinto de Thormes, colunista social carioca, que fez escola pelo país. "O meu formato já era parecido com o dele, não sei dizer se imitei, só sei dizer que funcionou. Depois que comecei com a coluna no jornal 'O Estado do Pará' as vendas aumentaram consideravelmente e a partir daí as coisas foram acontecendo", colocou.

O gênero ganhou tamanha proporção que depois de alguns anos Pierre invadiu a televisão com seu programa "Pierre Show". Com o aumento de visibilidade, o colunista ficou na boca do povo com o jargão do almoço. "No final do programa eu dava o cardápio do meu almoço e quando eu transitava pela rua as pessoas gritavam: Pierre, o que é o almoço hoje?", recorda o decano do colunismo paraense.

Pierre casou aos 22 anos de idade, pai de cinco filhos, avô de oito netos e de duas bisnetas. Mas lembrar da mãe biológica, uma mulher bragantina, lhe arranca lágrimas. Ele tem marcado em sua memória o dia da morte da mãe. "Eu tinha três anos de idade. Nós tínhamos acabado de chegar da feira, ela tinha comprado um peixe e foi para a área do quintal para tratar do peixe e lá desmaiou" falou o colunista às lágrimas.

Ele foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas no Pará e também possui cadeira na Academia Paraense de Letras. Para ele, a representatividade é resultado da sua trajetória no jornalismo no estado. "Jornalismo é cultura e todo esse tempo venho colecionando diferentes histórias", diz.

Nos 90 anos de idade o que mais cultiva e tem orgulho é de sua memória, pois por meio dela consegue manter suas atividades diárias e dividir com seus amigos e parentes suas vivências.

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