Gal Costa celebra a carreira e os novos tempos da música brasileira em 'A Pele do Futuro ao Vivo'

A cantora concedeu entrevista exclusiva para OLiberal.com

Lucas Costa
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Com uma voz que atravessa o tempo com toda sua potência de interpretação, Gal Costa se reinventa novamente em “A Pele do Futuro ao Vivo”, registro do último álbum lançado em 2017, que inclui ainda canções inéditas na voz da artista. Lançado em setembro deste ano, “A Pele do Futuro ao Vivo” contempla o roteiro do espetáculo idealizado e dirigido por Marcus Preto, somando um total 24 canções. O resultado é um performance enérgica, onde Gal mostra suas diversas facetas e habilidades, interpretando desde composições doídas até os dançantes frevos.

Em entrevista exclusiva a O Liberal, Gal contou sobre o processo do DVD, onde traz novamente o formato de “Estratosférica”, álbum de estúdio anterior, lançado em 2015. Com novos arranjos à canções como “Volta”, lançada originalmente no histórico álbum “Índia”; de 1973; e “Vaca Profana”, de 1984; Gal doa sua interpretação a composições de letristas da nova geração, como em “Motor”, de Teago Oliveira (Maglore); “Palavras no Corpo”, de Silva e Omar Salomão; e “Cuidando de Longe”, de Marília Mendonça. 

“Esse é um disco, realmente, em que eu gravei muitos sucessos da minha carreira, revisitadas com arranjos novos. Eu gosto de misturar coisas novas com músicas do meu passado, da minha carreira, afinal de contas há uma geração nova que ouve e conhece meu trabalho. Foi a oportunidade de mostrar mais um pouco da minha história. Eu queria que fosse um show amplo, que passasse por várias fases da minha carreira, seguindo o caminho disco music do disco. Tem sido muito bonito ver a emoção da plateia”, diz Gal.

“A Pele do Futuro ao Vivo” traz um bloco composto apenas de canções escritas à sombra da ditadura militar no Brasil, dos anos 1960 a 1970, como “Dê um Rolê” (Moraes Moreira / Galvão), “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso / Torquato Neto), “London, London” (Caetano Veloso) e, inédita na voz de Gal até aqui, “As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos), música que Roberto apresentou a Caetano Veloso em uma visita a ele, em pleno exílio londrino. Gal foi uma das mais atuantes na linha de frente de movimentos contra a ditadura na época, onde artistas como Caetano e Gil lutavam contra a censura à produção cultural na época.

Atualmente a mesma produção se vê ameaçada no país, com mudanças constantes em políticas de incentivo à produção cultural, que se mostram cada vez mais como formas disfarçadas de censura. Gal diz que enxerga um cenário muito ruim não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. 

“Vejo uma tendência grande a ditadores, acho que vivemos uma censura despontando não tão disfarçada mais e isso é muito perigoso pra cultura”, avalia Gal. “A cultura é o espelho, a cara de um país, e é muito importante que se dê força e incentivo aos artistas que fazem a cultura. E não só isso, é preciso que se dê acesso à cultura para o povo do Brasil. O povo precisa de educação, cultura e saúde”.

A Gal de agora, que também considera estar no palco uma grande alegria; vai trazer “A Pele do Futuro” à Belém em breve. Ela é uma das atrações do 14º Festival Se Rasgum, e se apresenta no dia 1º de novembro. O evento, que este ano promove um encontro entre a nova geração da música brasileira e gigantes como Gal e Nação Zumbi, é o palco perfeito para a artista mostrar o trabalho onde apresenta algo parecido. 

“Acho esse diálogo entre gerações muito importante porque a gente não deve ignorar a juventude. Eles têm grande referência no trabalho da minha geração. É importante mostrar o talento deles”, diz Gal, que também promete um show emocionante. “Estar no palco pra mim é sempre uma grande alegria, é um momento de prazer, que me faz muito bem. Quando eu subo no palco, vem uma energia não sei de onde e eu me sinto com muita vitalidade. Vou cantar até quando der e puder”.

Música para chegar ao coração

Mas não é apenas no palco que Gal tem uma relação com o Pará. Em “Estratosférica” ela gravou uma canção escrita pelo paraense Arthur Nogueira, em parceria com o poeta Antônio Cícero. “Sem Medo Nem Esperança” foi a primeira faixa do disco, e ela não descarta a possibilidade de gravar outras composições de letristas do estado. 

“No estúdio eu não tive contato com o Arthur, mas foi uma grande alegria gravar música dele, mostrar compositores da nova geração. Ainda estou em turnê com a ‘Pele do Futuro’, e por enquanto, sem previsão de gravar novo disco, mas quem sabe mais pra frente”, conta.

Dentro da história da música brasileira, na qual certamente é um dos nomes mais irreverentes ainda em atividade, Gal também é lembrada como a voz que cantou sentimentos profundos. Ela chega aos 53 anos de carreira com seu 40º álbum, sem arrependimentos de suas interpretações.

“Não tem nenhuma canção que eu não gostaria de cantar. Mas tem as preferidas, claro. Eu gosto muito de tudo o que eu gravei”, revela.

As canções de desamor estão novamente presentes no trabalho de Gal, com músicas escritas em diversos períodos, como “Lágrimas Negras” (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina), “Sua Estupidez” (Roberto e Erasmo Carlos) e “Que Pena” (Jorge Ben Jor). Ela também canta uma composição de outro nome conhecido pelas letras apaixonadas: Fábio Jr. Por sugestão Marcus Preto, ela conta que gostou da ideia de gravar “O Que É Que Há?” (Fábio Jr. / Sérgio Sá). “Achei a música bonita demais e combinava com a ideia da sonoridade do disco”, conta.

Seja no palco ou no estúdio, Gal segue fazendo música com tom de celebração, seja de sua carreira ou de sentimentos comuns na contemporaneidade. Ao ser questionada sobre o que sua música pode levar, Gal diz: “Eu quero que a minha música leve coisas boas para as pessoas, já que a gente vive num mundo e período tão difícil. Acho que a minha música tem que, pelo menos, amenizar à vida das pessoas. O lugar que eu quero chegar é tocar o coração e a alma das pessoas”.

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