Neste Dia Mundial do Rock tem lives de bandas nacionais e artistas paraenses

Ainda, roqueiros paraenses da nova e velha geração comentam a realidade da cena local e a pandemia

Enize Vidigal
fonte

Neste Dia Mundial do Rock, celebrado nesta segunda-feira, 13, Planet Hemp e Raimundos realizam um com transmissão ao vivo pelo canal oficial do Festival Planeta Brasil no Youtube e pelo canal 500 da Claro, a partir das 20 horas. Já Nicolau Amador e Rael Andrade, artistas da trajetória no rock paraense das bandas autorais Norman Bates, famosa nos anos 90, e da atual Superself, também farão uma live com transmissão pelo Facebook do perfil Nicobates Amador, a partir das 20 horas.

A #LivePlanetaBrasil promete ser histórica. Será a primeira apresentação do Planet Hemp na web durante esta pandemia pela Covid-19 e a primeira do Raimundos com a banda completa. O evento será transmitido simultaneamente dos Teatros Claro do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde as bandas irão se apresentar. 

Ainda, o evento tem caráter solidário, pois vai arrecadar doações para entidades e profissionais que atuam nos bastidores de eventos em Belo Horizonte e em todo o Brasil. As doações podem ser feitas pelo link: http://bileto.sympla.com.br/event/65662/d/86609/s/451298. O Festival Planeta Brasil iniciou em maio, com o Natiruts, teve sequência em junho com Marcelo D2.

O rock paraense na pandemia

A cena do rock autoral paraense sempre foi desafiadora e, com a pandemia, a realidade se intensificou. Com 41 anos de carreira musical, o baterista Rui Paiva é o único remanescente desde a origem da Álibi de Orfeu – entrou na banda quando ainda se chamava Epsilon -, uma das mais longíneas e relevantes do rock autoral paraense. Em paralelo, tocou nas bandas de rock Overdose, Tribo, Blackout e Oscaravelho. “A pandemia mexeu com todo mundo. Os músicos de forma geral praticamente pararam as atividades afetando o sustento de muitas famílias. Com o rock, que já é um segmento inserido a um nicho de mercado, não foi diferente. As bandas estão praticamente paradas e sem atividades públicas a não ser pela movimentação pela internet. O rock nunca se calou”.

Pouco antes do início do isolamento social, entre 14 a 16 de março, o Álibi de Orfeu fez uma temporada de shows no Teatro Margarida Schivasappa: “Foi um dos últimos eventos públicos do estado. O material foi gravado em áudio e em vídeo e será lançado em breve. A banda tinha agendado três eventos em festivais nos meses seguintes, mas todos foram cancelados. Já é difícil tocar rock, sobretudo autoral, e diante do contexto, não foi possível”.

Já Ellie Valente, novo nome da cena do rock autoral paraense, iniciou a carreira em 2014, como guitarrista do Álibi de Orfeu, e, hoje, deslancha de forma solo também como cantora e compositora, mas recentemente radicou-se em São Paulo para buscar outros públicos.  Além da barreira regional, Ellie encarou também no rock um ambiente majoritariamente masculino: “Em todos os festivais a gente não vê equidade do gênero. A gente tá batalhando por espaço, dando a cara a tapa, defendendo o nosso som e fazendo as coisas as coisas acontecerem”.

“Segui com a pegada do rock autoral, mas fazendo flerte com pop e outras misturas no meu álbum solo ‘Crisálida’ (2019). Infelizmente, a gente acaba tendo que sair da nossa cidade para expandir, especialmente falando da música. Aqui, precisei bater em várias portas para conseguir espaço. Agendei shows em Santa Catarina e São Paulo, mas veio a pandemia e toda a minha agenda foi cancelada”. Ela ficou entre as 50 atrações pré-selecionadas para tocar no Lollapalooza, mas o concurso realizado por uma rádio paulista foi suspenso sem resultado. “Foi um baque. O alento veio de um projeto aprovado pela Lei Semear para um álbum de audiovisual. A arte precisa resistir”.

Elielton Amador, jornalista, cantor, compositor, guitarrista e produtor cultural, conhecido como Nicolau Amador, tem 26 anos estrada na cena do rock autoral paraense. Passou por bandas como Pig Malaquias, Norman Bates – na qual ficou por 16 anos -, Coletivo Rádio Cipó e, atualmente, atua no grupo “Nicobates e Os Amadores”.

Ex-presidente do Pró-Rock, primeira associação de bandas de rock do estado, ele é autor de uma tese de mestrado sobre a cena musical de Belém nas perspectivas sociológica, culturalista e fenomenológica, de 2014. O estudo reconhece que o rock autoral paraense não se projeta devido à ausência de uma indústria. “Em Belém não temos mercado. A Amazônia vive à margem da indústria cultural do Brasil, apesar de ações importantes como Terruá Pará, mas que não conseguem absorver toda a produção local, principalmente o rock n’roll, que é marginalizado e não dialoga com o entro dinâmico cultural do Brasil”.

Também “pesa” nesse cenário a força dos ritmos regionais, como o carimbó, a guitarrada e o brega. “Existe sempre um limite para atuar em um mercado com um gênero, que é considerado estrangeiro. O rock já não era tão forte em Belém e no Pará como já foi nos anos 80, com a Stress de heavy metal inaugurando o rock autoral local; 90, com bandas como Norman Bates, Violeta Púrpura e Álibi de Orfeu; e 2000, quando houve o boom das bandas pops, como Suzana Flag, Eletrola, Stereoscope”.

“De 2011 pra cá, o rock paraense entrou em decadência na cena local e, para sobreviver, as bandas tiveram que mesclar com ritmos locais ou partir para o underground. Fazem a resistência as bandas de punk rock, heavy metal e indie rock, e eventos como o Festival Facada Fest. Os músicos que resistem, a maioria tem outros empregos”, acrescenta.

O próprio Nicobates e Os Amadores se adaptou mesclando rock com brega, folk, MPB e rockabilly. O single da banda “Metafísica do Piropo” foi indicada a Hit do Ano no Prêmio Gabriel Tomaz, símbolo da resistência do rock nacional.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Música
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM MÚSICA

MAIS LIDAS EM CULTURA