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Khalil, grande promessa da nova geração da MPB, fala de seu amor por Belém e pela música

Artista, que tem família materna no Pará, já teve a foz confundida com Caetano Veloso

Caio Oliveira
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A voz e o ritmo de Khalil já renderam a ele comparações com Caetano Veloso, quando uma música com conteúdo político cantada pelo artista de 25 anos viralizou na internet, chegando ao ponto do ícone baiano ter que explicar que não era dele a voz na canção. Depois desse sucesso - que também gerou certo desconforto por causa da polarização política do Brasil - Khallil volta a ser comentado por causa do lançamento de seu primeiro álbum, chamado “De Cara pro Vento”, com treze faixas que representam a culminância de uma paixão pela música que começou aos treze anos, em Belém, terra onde o artista tem fortes laços.

“Eu tenho muita gratidão por ter família materna no Pará por ter podido conhecer essa cultura linda, que tanto me nutriu, e mais que isso, me iniciou na música, pois foi aos treze anos na casa da minha família na Cidade Velha que eu comecei a tocar violão. Peguei um violão do meu tio Benjamin, e comecei a tocar, e minha família reparou um interesse no instrumento. Aí minha avó, Marli Rosas, que hoje não está mais entre nós, decidiu me dar esse primeiro violão, e a família colaborou também. Foi um incentivo muito grande, o pontapé inicial”, conta Khalil, em conversa com O Liberal.

Filho de mãe paraense e de pai paulista, com a avó paterna tendo nascido em Garanhuns - PE, Khalil é natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, mas como já foi dito, encontrou sua voz aqui no Norte. Ele leva essa mistura cultural para sua música, onde trata de temas como existencialismo e ancestralidade, além de forte crítica político e social. No Pará, entre suas inúmeras referências, ele destaca Alba Mariah, a quem ele chama de “madrinha musical”, Dona Onete e Mestre Cupijó, um músico que ele diz ser “mais antigo, porém atualíssimo - e sempre será”. Sempre falando de sua família, Khalil fez questão ainda de citar a influência de sua prima, Margareth Beltrão, violonista que toca há anos na noite de Belém e que tem sido fonte de inspiração para ele. 

Ainda sobre a Amazônia, Khalil conta que compôs “O Pará Não Para”, canção devocional ao Estado. “Eu estava pousando no avião e vi a Baía do Guajará, - fazia um bom tempo que eu não ia a Belém, e estava com uma saudade enorme, então, a inspiração veio de uma forma arrebatadora. Peguei um guardanapo do avião e uma caneta e comecei a escrever as primeiras estrofes. É curioso o fato de eu ter escrito essa canção dessa maneira, porque o meu processo de composição começa no violão, depois é um cantarolar - sem letras só, pra eu descobrir a notas - e, por último, a letra. Isso denuncia uma inspiração muito forte”, se declara.

No meio de tantos quilômetros percorridos ao longo da construção de sua carreira musical, Khalil foi mais longe ainda para gravar o “De Cara pro Vento”. Em 2019, ele foi surpreendido com o convite do fotógrafo e produtor brasileiro radicado em Portugal, Sérgio Guerra, para ir a Lisboa gravar suas músicas e fazer um CD pelo selo Maianga Discos, com distribuição pela Dubas e que foi lançado no final do ano passado. 

Desde seu lançamento, o álbum de estreia de Khalil vem recebendo diversos elogios da imprensa especializada, e ele desponta como um nome promissor da MPB, com seu estilo clássico mas, ao mesmo tempo, contemporâneo. “‘De Cara pro Vento''' tem músicas que fiz com quinze anos e inspirações recentes, é algo que nunca deixará de ser atual pra mim, pois fala de coisas que me acompanharão pra sempre. A primeira faixa [Força] é uma homenagem a uma das mulheres mais importantes na minha construção, volto a cantar sua história na que dá nome ao álbum, que também é sobre Iansã; enfim, esse CD me representa, é uma mistura de tudo que sou, e não poderia ter caído em melhores mãos, Alê Siqueira me emocionou com cada arranjo apresentado. É com muita gratidão e amor que me apresento”, conta.

O sucesso do álbum de estreia não veio do nada, mas sim da construção diária dele como artista, começando com a brincadeira de dedilhar um violão na casa da avó na Cidade Velha. Desde aí, Khalil trabalhou com músicas das mais variadas formas. “Ocupei transportes públicos, vias e praças como artista de rua, cantei na noite, em bares, teatros, instituições de ensino, em festivais como o Psicodália (Rio Negrinho – SC, 2019, SC) e o Festival Forró da Lua Cheia (Altinópolis – SP. 2019), e também divulguei minhas canções na internet. Penso que o maior desafio do artista é conciliar coisas que considero de naturezas diametralmente opostas, a arte e a inserção dela no mercado, é sobre não deixar uma coisa atrapalhar a outra”, comenta Khalil, que mesmo estando voando para cada vez mais longe de onde tudo começou, diz que não consegue nunca se afastar de suas origens.  

“Eu tenho minha alegria de ter isso em mim. O Pará é muito rico, em vários sentidos: em arte, em fauna, flora, em cultura no geral. Estou muito ansioso para que a pandemia acabe, por várias razões que não envolvem só a mim, mas um dos principais motivos é meu retorno ao Pará. Eu costumo ir nos fins de ano, e não pude ir nesse, e espero que no próximo, eu possa ir ao Pará e possa tocar no Pará, principalmente”, encerra Khalil.

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