MC Believe lança EP “Belém é de Lua” e reforça voz trans e amazônica na cena musical

EP destaca diversidade sonora, processo colaborativo e debates sobre justiça social na capital paraense

O Liberal
fonte

O cantor, compositor e performer trans MC Believe, natural de Belém do Pará, lançou recentemente seu novo EP, Belém é de Lua, já disponível nas plataformas digitais. O trabalho reforça o amadurecimento artístico e a afirmação política de sua trajetória, marcada pela mistura de ritmos amazônicos, urbanos e narrativas afetivas.

O projeto foi financiado pelo edital 004/2024 de Multilinguagens da Prefeitura de Belém, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). O desenvolvimento do EP contou com a parceria da Associação Sociocultural Outros Nativos (Ason) e do selo Uka Uka Records, reforçando o compromisso de MC Believe com uma produção colaborativa e conectada às demandas sociais.

O EP reúne quatro faixas que sintetizam a versatilidade de MC Believe e sua relação com o território, as lutas sociais e a cultura popular amazônica. A faixa-título, lançada previamente como single e já disponível com videoclipe, foi composta por Believe, Álvaro Júnior e Nicobates, com participação especial de Thaís Badu. A canção foi criada em meio às discussões da COP30, abordando as belezas e contradições da Amazônia urbana, além dos impactos das mudanças climáticas sobre populações vulneráveis. A estética do clipe combina celebração e crítica social, exaltando a força cultural de Belém enquanto denuncia a ausência de justiça socioambiental.

O videoclipe foi gravado no Ver-o-Peso e na Praça Dorothy Stang. A escolha da praça, então em situação de abandono durante a COP30, reforça a crítica. “Disseram que iam fechar a praça na segunda-feira; no domingo corremos para gravar o clipe”, conta Believe. “Graças às mobilizações, a praça continua acessível. Vamos seguir lutando por políticas socioculturais.”

O EP é fruto de um processo colaborativo desenvolvido na Ason, envolvendo compositores, produtores, artistas e intérpretes. O lançamento dialoga diretamente com a realização da COP30 em Belém, inserindo MC Believe no debate sobre quem tem voz na Amazônia.

Ao misturar carimbó contemporâneo, funk, tecnomelody e pagode, o artista afirma que a Amazônia urbana também é Amazônia — com seus desafios de mobilidade, habitação, saneamento, violência e racismo. A obra destaca o protagonismo de artistas trans, periféricos e LGBTQIA+, reafirmando que suas vivências compõem a narrativa amazônica contemporânea.

Trajetória do artista

MC Believe começou a carreira aos 12 anos e, aos 14, já se apresentava em festas das periferias de Belém. Em 2014, gravou um álbum independente — não lançado — sob o nome artístico Brenda Believe.

Aos 25 anos, iniciou sua transição de gênero, adotando o nome social Brendhon e, artisticamente, MC Believe. Seu trabalho reúne funk, arrocha, carimbó, reggae e pop periférico, refletindo a força criativa da juventude amazônica LGBTQIA+.

Em 2023, lançou seu primeiro EP oficial pelo selo Uka Uka Records, parceria que se fortalece agora com Belém é de Lua.

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA