Marcela Bonfim lança plataforma de imagens e reflexões amazônicas

A fotógrafa paulistana Marcela Bonfim deixou a cidade de Jaú, no interior de São Paulo, onde nasceu para viver em Porto Velho, capital do Rondônia há 11 anos. Foi esse o ponto de partida da artista para o seu percurso documental que incluiu ainda o Amazonas, Pará, Maranhão, Acre e as fronteiras da Bolívia e Peru.

Parte do que foi documentado durante cerca de nove anos está na exposição "Madeira de Dentro. Madeira de Fora”, com 150 imagens, lançada este mês pela artista e disponível para acesso online.

Ao observar as fotografias da exposição é possível ter muitos entendimentos a partir do título "Madeira de Dentro. Madeira de Fora”. Um deles é sobre o Rio Madeira à dentro e tudo aquilo que o circunda do lado de fora, captado por suas imagens, assim como a floresta exuberante de fora e a madeira usada nas casas (e dentro delas) e no dia-a-dia dos moradores.

“Esse trabalho pretende levantar uma série de reflexões em torno desses paralelos também demarcados de tempo/espaço e relações/futuro, dando lugar às imagens, texturas, movimentos e contextos enxergados e sentidos do lado de dentro desses territórios amazônicos, debatidos e decididos do lado de fora de sua essência e de suas reais potencialidades, sendo a madeira um reflexo fiel da multiplicidade dessas imagens e, sobretudo contradições”, avalia.

A seleção das fotografias que compõem a exposição foi feita pela própria artista. “São imagens de reportagens, trabalhos, expedições e de casa que revisitei neste período de pandemia onde as questões acerca das relações tomaram a minha cabeça, com essas imagens me levando inclusive à ideia de futuro”, explica.

Toda a galeria virtual está organizada sob a perspectiva “tempo, espaço, relações e futuro”, contemplando também a poesia, a música e a melodia como suporte visual, acomodadas em texto e no vídeo “Rio Madeira”, além do áudio-guia “Amazônias”, embalado pelo instrumental “Banzo”, uma composição escrita por Marcela ao prefácio do fotolivro Banzo, de Roger Silva.

“E esse encantamento estava fora da minha cabeça. Surgiu do que não imaginava. Cheguei a Porto Velho para buscar meu primeiro emprego como economista. Perceber a Amazônia Negra acontecer nesses tantos espaços me despertou aos poucos algumas potências artísticas me trazendo a necessidade de encaixá-las no percurso dessas imagens, o que me possibilita entender a imagem a partir de outros suportes como a música, a poesia e o silêncio”, resume.

A fotógrafa Marcela Bonfim vive um momento de efervescência em seus trabalhos. Além de lançar a exposição "Madeira de Dentro. Madeira de Fora” ela celebra a vitória no Prêmio Pipa 2021.

A indicação ao prêmio é pelo projeto “(Re)conhecendo a Amazônia Negra: povos, costumes e influências negras na floresta” -  projeto de militância e reflexão das artes visuais, no campo da antropologia visual, sobre a constituição e memória da população negra brasileira na região amazônica.

“É minha primeira indicação. Estou feliz por estar no meio de tantos artistas incríveis levando o meu cotidiano e as formas de entendimento artístico que aprendi nesse tempo/espaço Rondônia e seu entorno amazônico, desde a essência indígena até as raízes negras presentes aqui”, diz.

Agende-se:

A exposição "Madeira de Dentro. Madeira de Fora”, da fotógrafa Marcela Bonfim pode ser visitada na galeria virtual: https://www.madeiradedentro.com