Livro póstumo de crônicas do jornalista Euclides Farias é lançado nesta quarta

Evento na Casa da Linguagem terá também exposição de fotografias feitas pelo jornalista e apresentação musical

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Um livro póstumo do jornalista Euclides Farias, que morreu em agosto de 2018 prestes a completar 60 anos, será lançado nesta quarta-feira, 8, na Casa da Linguagem, em Belém. A sessão de autógrafos começará às 18h30, comandada pela viúva do autor, Daniele Almeida.

A brochura de 133 páginas, com selo da Imprensa Oficial do Estado (IOE), traz 45 crônicas selecionadas, dentre as centenas que Farias escreveu ao longo da vida, algumas delas publicadas por O LIBERAL, onde ele também trabalhou. O prefácio é do doutor em literatura Paulo Nunes, o posfácio e edição do jornalista Iran de Souza.

Grande redator, observador arguto do mundo, Euclides Farias (1958-2018) escrevia com estilo, humor e senso crítico apurados, causos de caboclo e temas diversos, como carnaval, música popular e boemia, além das cenas urbanas e os bastidores da política paraense. Para Iran de Souza, que foi amigo do autor por 30 anos - e também compadre -, Euclides tinha a qualidade de fazer graça sem ceder à fanfarronice. "Ele era um contador de histórias clássico, com timing invejável tanto para o relato oral quanto para o escrito. Conversar com o Euclides era um deleite. Ler seus textos é um privilégio que agora mais gente poderá ter", diz o jornalista e editor do livro. 

Quem conheceu Euclides Farias sabe que, tanto narrando de viva voz como escrevendo, ele era um emérito contador de causos. Gostava de rir e de fazer os outros rirem. Tinha o dom da alegria. Cultivava o chiste. Amava histórias de pescadores. Pronunciava com hedonismo linguístico palavras como 'irreprochável' para indicar algo digno de elogio, irretocável, e expressões como 'à boca pequena' para referir-se a conversas de bastidores tão apreciadas por jornalistas que, como ele, acompanhavam de perto a cena política. E é esse espírito bem-humorado que dá o tom e modula seu livro póstumo de crônicas.

Em "Rir é o melhor corretivo", as fontes que alimentavam o prosador Euclides Farias estão absolutamente visíveis: a cultura popular, o ofício jornalístico e a literatura, principalmente a poesia e a crônica. Num dos textos, inclusive, ele recorda a origem da paixão pela prosa curta e eivada de humor e observação do cotidiano que fez escola na imprensa brasileira do século XX.

Tudo começou em Macapá (AP), onde Farias nasceu, e onde de tanto ler os mestres do gênero como Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga aventurou-se a emulá-los com textos de próprio punho. E o que era brincadeira de adolescente com gosto pela leitura virou hábito para o resto da vida.

Pelas contas do editor do livro, Euclides Farias escreveu crônicas por cerca de 35 anos. Muitas saíram em jornais, outras jamais foram publicadas. Com a expansão da comunicação digital, o autor começou a vazar muitos de seus textos, para deleite dos leitores que o seguiam, pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook. "Algumas inclusive já foram escritas diretamente para a rede social. E foi aí que eu precisei fazer alguns ajustes de transposição para o livro impresso. Muitas vezes ele comentava uma foto, por exemplo. Porém o livro não traz fotografias. Tomei algumas liberdades nesse sentido, mas sem mutilar o texto. Respeitei a escrita do Euclides, fluente e saborosa, diga-se de passagem, o máximo que me foi possível", diz Iran de Souza.

Homenagem

O lançamento do livro "Rir é o melhor corretivo" assume o caráter de homenagem a Euclides Farias. O evento na Casa da Linguagem terá a presença de seus filhos, parentes - alguns vindos de Macapá (AP) -, colegas de trabalho e admiradores.

Além da sessão de autógrafos, haverá também exposição das ilustrações da obra, de autoria do cartunista JBosco Azevedo; da capa cujo traço é de Biratan Porto; e ainda de fotografias que Farias produzia, por hobby, nas horas vagas, entre uma pescaria e outra nos rios e furos do nordeste paraense. O percussionista Paulinho Assumpção comandará uma sessão de MPB em homenagem ao autor, ao lado do cantor Olivar Barreto e do violonista Paulo Moura.

"Por tudo que esse livro significava para ele, o lançamento vai ser um momento muito especial para todos nós - para mim, para os filhos,  para os colegas de trabalho. Desde já, estou muito emocionada e muito feliz de realizar um sonho dele que se tornou meu também, e gostaria de agradecer a todos que colaboraram para que o livro fosse publicado", emociona-se Daniele Almeida.

Euclides Farias cursou Letras na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde, para graduar-se, faltou apenas entregar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a poesia de Carlos Drummond de Andrade, de quem foi leitor até o final da vida. Àquela altura - início da década de 1980 -, porém, ele já estava irremediavelmente envolvido com o jornalismo, profissão que exerceu por quase 40 anos. 

Farias trabalhou nos jornais Marco Zero (AP); A Província do Pará, O Liberal e Diário do Pará (PA); Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde (SP), e também em agências de notícias e emissoras de rádio e televisão; assessorou ainda sindicatos e organizações públicas e privadas. Planejou publicar seu primeiro livro como marco dos 60 anos que comemoraria em novembro do ano passado, mas morreu três meses antes, vítima de leucemia.

"Euclides era uma daquelas figuras de quem era impossível não gostar. Trabalhou nos principais jornais do Estado, tinha relação com pessoas dos mais variados segmentos da política, da academia, da cultura paraense. Lançar seu livro póstumo é, de fato, uma forma de homenageá-lo e de preservar sua memória", diz Jorge Panzera, presidente da IOE.

Agende-se:

Lançamento do livro "Rir é o melhor corretivo", de Euclides Farias
Data: quarta-feira, 8, às 18h30
Local: Casa da Linguagem, Av. Nazaré, 31, Belém (PA)

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