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Lenda da Cobra Norato é tema da instalação que reabre o Espaço Cultural do Banco da Amazônia

Mostra do Coletivo Pupunha com Café foi uma das selecionadas no edital Artes Visuais para 2020

Redação Integrada
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Uma lenda genuinamente paraense toma conta do Espaço Cultural do Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800 - Campina) a partir desta quinta-feira (27). A instalação Cobra Norato, do Coletivo Pupunha com Café, foi uma das selecionadas no edital Artes Visuais para 2020, e sua abertura ocorre junto da retomada das atividades do espaço. A visitação fica disponível ao público em geral a partir da sexta-feira (28), no horário de funcionamento da agência bancária e com lotação limitada.

A instalação Cobra Norato apresenta fotografias e um grande cenário, frutos de longa pesquisa sobre a lenda amazônica que ainda hoje é inspiração para inúmeros causos em localidades no Estado. Assinada por Alessandro Pinheiro, Carla Duncan e Oteb Provos White, que formam o coletivo Pupunha com Café.

A idealização da instalação começou quando Oteb fazia um curso de cenografia na UFPA. Ele conta que na época cada aluno precisava montar um totem para ser colocado em uma praça pública, e ele decidiu ir além das histórias mais famosas em seu trabalho.

“Fui para a internet e quando vi a história da Cobra Norato, a chamada do Google era: ‘Cobra Norato, a única lenda genuinamente paraense, da cidade de Cametá’, então decidi fazer”, relembra. 

A ambientação, a qual o público poderá conhecer também virtualmente por meio de site, a ser lançado na abertura da mostra, é toda construída por materiais recicláveis, grande parte de miriti, como forma de trazer para o espaço cultural as cidades de Abaetetuba, Cametá e Oeiras do Pará, por onde os pesquisadores mergulharam na lenda de Norato, registrando as características físicas desses locais a fim de transportá-los, em síntese, para a galeria.

A instalação é descrita por Oteb como uma experiência imersiva, e também interativa. “Nosso trabalho está muito ligado a sustentabilidade, meio ambiente, ao bioma da Amazônia, o que ela representa. É uma forma de denúncia, mesmo que não apareça, mesmo que não veja uma queimada porque não vou poder botar fogo lá dentro, tem peças que indicam que foram queimadas. Nossa pegada é fazer um projeto que tenha um cunho político e de denúncia também”, diz.

O site conterá informações detalhadas sobre todo o processo de construção e produção da instalação, sendo ainda o canal para as pessoas e grupos que desejarem marcar com antecedência sua visita, uma ferramenta providencial para um momento diferenciado em que instituição e artistas somam esforços para que todos os protocolos de segurança sejam observados em prol da saúde da comunidade, sem perder de vista a importância de estimular a produção cultural.

Ainda segundo Oteb, o grupo reúne talentos da fotografia, das artes visuais e da cenografia, cuja soma resulta em criatividade e convite à reflexão. “O coletivo Pupunha com Café vem construindo uma trajetória inteiramente voltada para as artes visuais com maior interação em projetos por meio de instalações artísticas com foco no meio ambiente, sustentabilidade, reciclagem, e capacitação através de cursos e oficinas, reflorestamento, defesa em primeira instância do ecossistema, ecologia, fauna e flora, populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas e em defesa da Amazônia como polo de equilíbrio da estabilidade ambiental do planeta”, resume.

A Cobra Norato

Em sua versão mais difundida, a lenda da Cobra Norato une os mitos da Cobra Grande e do Boto. A história conta que uma indígena ficou grávida de um boto e deu à luz duas cobras, que chamou de Honorato e Maria. Os animais encantados foram deixados no Rio Tocantins e lá se criaram.

A população costumava ver as cobras, que passou a chamá-las de Cobra Norato e Maria Caninana. Norato era bom, salvava quem estava se afogando e ajudava barqueiros; já Caninana era o posto, e atacava pessoas. Norato costumava visitar a mãe e frequentar os bailes, pois adorava dançar; e nos dias dias de festa, deixava a pele de cobra e se transformava em homem. Norato queria se desencantar para tornar-se homem de vez, mas nenhum dos amigos tinha coragem de seguir a receita para quebrar o encanto. A história termina com Norato desencantado, tendo vivendo durante anos no Pará, onde era querido.

Oteb conta que em suas pesquisas chegou a visitar três cidades. Mesmo que Abaetetuba fosse o centro da história, ele relembra que as pessoas apontavam ter outras versões em outra cidades. Segundo o artista, a cobra tem pelo menos três nomes diferentes, e há ainda versões que contam que a mãe das cobras ficou grávida de um integrante da Guarda Real, que a violentou. A mulher teria tentado matar as duas cobras, pois eram criaturas horrendas, mas foi orientada por um pajé a deixá-los à margens do Rio Tocantins.

Outra versão, segundo Oteb, conta que por conta das personalidades diferentes e constantes desentendimentos, Norato teria matado a irmã Caninana em uma grande briga, que provocou ondas enormes no Rio Tapajós.

Na instalação, o público poderá conhecer mais da história; em uma experiência sinestésica que envolve interação com os ambientes e também uma trilha sonora pensada para a mostra.

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