CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Escritor Salomão Larêdo relança livro que conta a história de Antônia Cudefacho

Personagem emblemática do município de Cametá recebe homenagens pelo centenário

Ana Carolina Matos
fonte

O profano e o sacro se misturam em uma interessante coincidência. Na véspera do sagrado feriado de Corpus Christi, o escritor Salomão Larêdo relança o romance ficcional "Antônia Cudefacho – o ardente amor de um padre", pela Editora Empíreo.

O livro aborda a história de transgressão, entrega, prostituição e benevolência de Antônia Carvalho, ícone cametaense que até hoje permeia o imaginário da região. O lançamento da nova edição, que será nesta quarta-feira, 19, a partir das 17h30, integra uma programação que rende homenagens à protagonista da publicação: o II Colóquio da Linha de Pesquisa, Culturas e Linguagens, promovido pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no campus de Cametá.

Publicado originalmente em 2006, o romance foi reeditado por uma ocasião especial, já que Antônia Carvalho faria 100 anos no dia 9 de junho se estivesse viva. Natural de Cametá, Larêdo lembra que se interessou pela força feminina que Antônia representava, mesmo e talvez inconscientemente, em uma época de tão pouca abertura para as mulheres.

"Percebi que ela era de vanguarda. Na década de 1950, 1960, uma pessoa ser preocupada com direitos humanos, em uma cidade do interior da Amazônia... Para mim ela foi uma ativista social, cultural e política. Era uma pessoa que resistia já naquela época", defende o escritor. 

O autor do livro lembra que fez uma pesquisa sobre a mulher, que construiu a vida e carreira na prostituição e se tornou a dona do seu próprio prostíbulo. Larêdo então falou com a filha adotiva, pesquisou, foi atrás de nativos que poderiam ajudar com o tema.

Na pesquisa, ele descobriu que Antônia era conhecida pela solidariedade e pelo olhar atencioso com os menos favorecidos, principalmente os encarcerados. Era uma mulher forte, que transgredia os costumes do pacato, mas bondosa. "Ajudava sempre que podia", pontua Larêdo. "Para mim, ela foi tão importante quanto Frida Kahlo, Marielle, Simone de Beauvoir... Ela tinha muita força", compara. 

O título do livro faz referência a uma das várias lendas que envolvem o nome de Antônia, popularmente batizada com o sobrenome de Cudefacho. O ardente amor de um padre foi, segundo dizem, mais uma das histórias vividas por Antônia: ela e um padre holandês compartilharam um amor proibido.

O centenário de Antônia continua sendo comemorado em Belém. Na capital paraense, o relançamento está marcado para o dia 26 de junho, a partir das 17h, na Livraria Fox. A entrada é franca.  

Com o tema: linguagens e diversidades culturais na pesquisa em educação na Amazônia, a programação é organizada pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura (PPGEDUC). O evento é coordenado pelo professor Doriedson Rodrigues, diretor do campus de Cametá da UFPA. A iniciativa visa discutir as amplas linguagens e práticas culturais populares  com debates e proposições sobre educação, cultura, literatura.  

Nesta quarta, uma mesa temática está na programação do evento para tratar de subversões literárias e de gênero/sexualidade na trajetória de vida de Antônia Cudefacho, com a presença da professora Regiane Farias e com a coordenação da mesa da professora Gilcilene Costa, às 17h30. Em seguida, Larêdo tem espaço para o relançamento do livro e, depois, tem início o encerramento do evento, com o "Arraial da Antônia Cudefacho na Vila Japiim”, nome do seu bordel, atualmente extinto. 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱

Palavras-chave

Cultura
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM CULTURA

MAIS LIDAS EM CULTURA