Cyber-shot: câmera nostálgica vira tendência entre os jovens

A busca por um toque retrô nas fotos vem atraindo a geração Z, que encontrou nas lentes antigas uma nova forma de se expressar

Bruno Menezes | Especial para O Liberal
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Nos primórdios da internet brasileira, uma certa câmera se destacava nas fotos compartilhadas nas redes sociais de jovens e adolescentes. Tratava-se da icônica Cyber-shot, uma câmera portátil que foi febre nos anos 2000 e que retornou recentemente como a nova moda entre a geração Z (nascidos entre 1997 e 2012).

Em redes sociais como o TikTok, cresce o número de postagens relacionadas à câmera, que caiu no gosto popular dos mais jovens. Em vídeos virais com milhares de visualizações, há dicas de como utilizar a câmera, onde comprá-la e até comparações entre as imagens obtidas pela Cyber-shot e as obtidas por câmeras de smartphones.

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O fotógrafo Josué Abner, 28 anos, trabalha no segmento de eventos em Belém e adquiriu recentemente uma Cyber-shot. Ele entende o fenômeno da volta da câmera como uma nostalgia, que alegra as pessoas que tiveram a câmera no passado.

“Eu vejo como se estivessem resgatando aquilo que já passou, aquela câmera que já foi usada pelas pessoas, que eram mais novas, e hoje elas têm esse prazer de ter acesso novamente, ou resgatar essa câmera que tava na gaveta e poder utilizar em momentos felizes. Acredito que a Cyber-shot traz também um momento dinâmico entre as pessoas, porque onde a gente chega com ela, seja numa festa, um casamento, formatura, elas sempre falam ‘caramba, quando eu tinha 10 anos, eu tive uma câmera dessa, que legal poder rever isso novamente’. Então poder relembrar esse passado de uma forma bem dinâmica traz uma lembrança muito boa”, explica.

Já o fotógrafo e professor de fotografia Jorge Ramos reflete sobre a volta das câmeras antigas como um movimento de descoberta da geração mais jovem, que encontra uma beleza diferente no processo de imagem dessas máquinas.

“Muitas pessoas que fazem oficina comigo, vêm com essa história, que descobriram uma câmera velha, no meio das coisas antigas da família, e querem saber como aquilo funcionava. Pensando no mundo atual, na rapidez, nas coisas aceleradas, as informações, o processamento, as imagens dadas imediatamente, quando a gente conhece a fotografia analógica, a gente entra num processo de espera, de ter que ter paciência, de respirar um pouco melhor a imagem. Porque na Cyber-shot ou na fotografia com filme, você vai fotografar e vai demorar um tempo para a foto chegar até você, esse processo de espera leva a uma outra relação com a imagem”, diz Jorge, que também é arte educador e produtor cultural.

image Jorge Ramos trabalha com produção cultural e fotografia em Belém (Foto: Arquivo pessoal)

Efeito único

A onda de popularização da câmera não é apenas pautada na nostalgia. O estilo antigo que ela consegue imprimir em suas imagens se tornou objeto de desejo entre os mais jovens. Surgiram até aplicativos como Huji Cam, Dazz Cam e VSCO, que tentam simular os efeitos da Cyber-shot nos celulares.

Para Josué Abner, os efeitos obtidos pela câmera dão um charme único para as imagens, os quais não são possíveis de serem alcançados pelas lentes dos smartphones.

“Ela pode trazer um efeito mais ‘vintage’, muito procurado pelas pessoas, por ser um efeito mais, vamos dizer assim, ‘aesthetic’, uma palavra bem usada hoje pelos mais jovens. Se você usar ela à noite, por exemplo, você coloca o flash para fazer uma selfie e ela traz um efeito noturno diferente, diversificado. Esse é um efeito muito procurado para ser usado com uma galera, todo mundo junto. É uma nostalgia que pega bastante, e traz um pouco um momento de brincadeira com as pessoas, porque elas não têm uma configuração para usar a Cyber-shot. Elas simplesmente registram a foto que vai ficar armazenada ali”, ressalta o fotógrafo.

Segundo o fotógrafo Jorge Ramos, as câmeras analógicas trazem variações na imagem, que dependem de muitos fatores e garantem novos impactos visuais.

“A fotografia analógica, você vai ter coisas diferentes a partir da fabricação de cada filme. São formas de captar luz. Enquanto que na captação de câmera analógica a gente tem uma forma de captação física, a luz ali reagindo, na fotografia digital são reações eletrônicas. Isso já causa diferenças na imagem. A fotografia de filme tem uma textura, da câmera, da lente. Se for uma câmera Cyber-shot com uma lente de plástico, você vai ter uma imagem interessante também, com outros tipos de distorções, que hoje o Instagram, por exemplo, busca imitar esses efeitos”, acrescenta.

Os efeitos da Cyber-shot também impactam diretamente o trabalho de Abner, que recentemente recebeu solicitação da câmera para uma festa de casamento em Belém.

image Selfies com a câmera retrô se tornaram febre nas redes sociais (Foto: Flávio Contente)

“Tive a procura de uma noiva, porque ela quer ter a câmera no casamento dela, na hora da balada, nas fotos com os amigos. Então eu comprei especificamente para isso, para quando chegar o casamento dela, eu entregar na mão dos convidados e eles registrarem a si mesmos com a Cyber-shot”, conta o fotógrafo.

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