Últimas oportunidades de assistir o longa 'O Farol' no Líbero Luxardo

Filme de Robert Eggers é considerado uma obra-prima do cinema na atualidade

Augusto Pachêco - Especial para O Liberal

O Cinema Expressionista, cujo auge se deu na década de 1920 e que se caracterizou pela distorção de cenários e personagens (maquiagem e fotografia), marca presença com a exibição de “O Farol”, de Robert Eggers, no Cine Líbero Luxardo. A primeira obra-prima cinematográfica de 2020 fica em cartaz somente nestas terça e quarta-feiras, 28 e 29, às 16 horas.

O filme trabalha com ambiguidades, ilusões e ruídos que perturbam e aguçam a curiosidade do espectador, numa aula de fotografia em preto branco, reviravoltas violentas e belas imagens litorâneas de farol de fim de mundo.

A região costeira inóspita que remete ao mito de um Robinson Crusoé encharcado de álcool e obsessões incuráveis, é cenário para a patologia paranoica entre o subordinado Ephraim Winslow (Robert Pattinson) e o subordinador Thomas Wake (Willem Dafoe). Mas nada é fácil quando a aparências enganam e o roteiro se deixa levar pelos ventos gélidos da trama em espiral e símbolos que embaralham a relação de poder que passa pela repetição oral, sereias, tritões e gaivotas assustadoras.

Registro certeiro de grandes atuações (um verdadeiro duelo) para os talentos de Pattinson e Dafoe, a obra cinematográfica de Robert Eggers lota as sessões do circuito alternativo local na prova cabal que cultura é atividade sistemática, com regularidade indispensável à formação de plateia, e, por conseguinte a formação de uma cidadania plural das artes (sendo a possibilidade da arte e cultura como ferramentas formadoras e transformadoras). As sessões lotadas em dias regulares e nos finais de semana configuram a vitória de um processo ininterrupto e apaixonado pela sétima arte na exibição da produção local, nacional e internacional.

O sucesso de “O Farol” e outros grandes filmes esnobados pelo circuitão é um alerta para que em breve não se instale de vez a atmosfera pesada projetada por Gabriel Mascaro em “Divino Amor”, onde o que não era para ser natural acaba por ser naturalizar pelo uso político de entidades religiosas. “Divino Amor”, hoje com reconhecimento internacional, é um dos filmes brasileiros mais importantes da temporada 2019.

No filme do mesmo diretor de “A Bruxa”, o clima sombrio revela corpos que se defendem das condições naturais (as quebradas no mar nas rochas, tempestades e a urgência do sobreviver). A solidão voluntária no fim do mundo está de mãos dadas com fantasmas internos e neuroses cruéis no embate Ephraim Winslow e Thomas Wake.

A luz intensa e brilhante pode nortear viajantes e dar rumo para embarcações que se perderam em batalhas contra os ventos, mas também pode ser uma luz que cega, vampiriza e enlouquece os faroleiros errantes de “O Farol”, que concorre ao Oscar 2020 apenas na categoria de melhor fotografia, o que torna injustificável a omissão (por razões da própria indústria do cinema americano), a “omissão” nas categorias de melhor ator, roteiro, direção e filme.

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