Mostra Égua do Filme lança o documentário 'Boi Pavulagem é Boi do Mundo'

Mais uma das iniciativas integrantes da Mostra Égua do Filme, iniciativa do Amazônia Doc – Festival Pan Amazônico do Cinema, é lançada hoje, 1º de junho. Desta vez, o documentário "Boi Pavulagem é Boi do Mundo" tem lançamento nacional por meio do site da programação. A programação narra de que forma o cortejo cresceu, ganhou as ruas e virou um arrastão que, em 2003, também deu inicio ao Instituto Arraial do Pavulagem.

Sob direção de Ursula Vidal e Homero Flávio, com realização da Abre-te Cérebro Produções, em coprodução da ZFilmes, a produção paraense - que chegou a ser exibida, em 2019, para um público restrito - ficará disponível na internet até dia 30 de junho.

No documentário, a narrativa vai ganhando corpo com os relatos de Junior Soares e Ronaldo Silva, dois dos principais integrantes fundadores do Arraial. "É um passeio pelas memórias afetivas de dois personagens, compostas de lugares, imagens, símbolos e fluxos contínuos. Tem o tempo do pensamento, das elaborações sobre as complementariedades que formaram o grupo", explica Ursula Vidal, jornalista, realizadora e atual Secretária de Cultura do Estado.

Para a diretora, o documentário "é mais sobre esse tecido da memória do que sobre uma cronologia dos 30 anos do Arraial. Mas há muitos relatos também, muitos capítulos marcantes dessa história. A condução da narrativa tem essa intencionalidade contrastante, como é feito de contrastes o coração criativo do grupo".

Vidal ressalta ainda a característica delicada do documentário, que de maneira poética vai revivendo a história das três décadas da manifestação cultural. "Ronaldo e Júnior são a paixão da poética e a razão da métrica musical, mas há poesia em toda a composição imagética do documentário: seja nas águas do Arari, do Caeté, seja na beira do Guajará, ou ainda no rio de gente colorida e brincante que transborda nas ruas de Belém", conclui Vidal.

Um mini documentário feito com o músico Ronaldo Silva deu origem à ideia de realizar o documentário sobre o Arraial do Pavulagem em 2015. Na época, Homero Flávio foi convidado a fazer o trabalho para o projeto Sonora Pará da Cultura Rede de Comunicação e acabou investindo os recursos numa viagem com o músico até Cachoeira do Arari.

"Ele não nasceu lá, mas todas as suas raízes de mestre da cultura popular foram tecidas na sua infância vivida no Marajó. O material ficou extenso e muita coisa que não entrou no mini documentário de cinco minutos, está agora presente neste documentário, que ficou com 57 minutos", explica Homero Flávio.

Os dois diretores, então, acompanharam os percursos de Ronaldo Silva e Júnior Soares no arrastões entre 2016 e 2017. "Estamos falando de um documento vivo em que mostramos a construção da cultura popular no Arraial do Pavulagem como uma ferramenta social e fundamental, hoje abraçada por uma fatia gigantesca da população, inclusive de fora do Pará", diz o realizador.

A Mostra Égua do Filme foi lançada em abril e traz 42 produções paraenses em catálogo e que podem ser conferidas no site do Amazônia Doc. O documentário de Ursula e Homero será o 43º filme a entrar em exibição, em especial, até dia 30 de junho. "É uma honra fazer a estreia nacional desse documentário na Mostra Égua do Filme, que desde que entrou no ar, on-line, já teve acessos de mais de 10 países e mais de 10 mil visualizações. Estamos alcançando nosso objetivo que era de trazer a atenção do público para o cinema paraense", comemora Zienhe Castro, diretora do Amazônia Doc.

História

A história de uma das manifestações culturais mais populares do Norte do Brasil teve início em 1986. Na época, o Arraial do Pavulagem surgiu como um grupo de música regional, formado pelos músicos Ronaldo Silva, Júnior Soares e Rui Baldez. No ano seguinte, a iniciativa se expandiu e ganhou projeção com um cortejo realizado aos domingos na praça da República. Carregava na época o boi Pavulagem do teu Coração.

Em 27 de junho de 2017, o cortejo foi consagrado Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do município de Belém, reconhecimento pelo trabalho de difusão e fortalecimento da cultura brasileira praticada na região nortista.