Halder Gomes e o Brasil que se espelha em 'Cine Holliúdy 2'

Filme de baixo orçamento já alcançou 140 mil espectadores em todo o Brasil

Agência Estado
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Halder Gomes conversa pelo telefone com o jornal O Estado de S. Paulo, no domingo à tarde. Está em Fortaleza, desfrutando o sucesso de 'Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral'. "O filme virou um fenômeno no Ceará. Já faturou, somente aqui, 100 mil espectadores, mais 40 mil desde a estreia nacional, na quinta, 4. As pessoas elogiam a qualidade. Acham bem feito, curtem os efeitos. Não é aquele complexo de inferioridade de que ET bom tem de ser de Nova York." Na trama, Francisgleydissom, o diretor do filme dentro do filme, imagina a chegada dos alienígenas no sertão e termina por influenciar o próprio Steven Spielberg. "É uma brincadeira que faço para refletir sobre o colonialismo cultural. Embora a ação se passe nos anos 1980, o foco está no Brasil atual, na boçalidade sócio-econômico-religiosa que tomou conta do país."

No mundo que ficou politicamente correto, o verdadeiro fenômeno talvez seja o fato de Gomes conseguir fazer piada de gay sem ser homofóbico e mostrar diferentes versões de mulheres sem parecer machista. "Na época focada não havia correção política e menos ainda no sertão. Pode-se brincar com os estereótipos, e é o que faço. O importante é não ser ofensivo. Luiz Gonzaga, o mítico rei do baião, cantava a mulher macho, sim senhor e todo mundo achava graça. Eu tenho a minha. É a candidata a prefeita da Samantha Schmutz, que tem aquele bordão - ‘Eu sou escrota, muito escrota’. Em toda parte, o público morre de rir. Humor se escreve, piada tem timing e é preciso respeitar esse tempo."

Cine Holliúdy 2 é sua homenagem ao filme de baixo orçamento, ao cinema mambembe tão comum no Nordeste. "Francisgleydissom sou eu." E o filme é político, reflete as mudanças. "O 1 é sobre a decadência dos velhos cinemas, O Shaolin do Sertão é sobre o advento do vídeo. Tudo isso mudou muito a relação do público com o cinema, e com as salas. Eu vi meu primeiro filme numa sala no estilo do Holiúdy e foi com o Bruce Lee. Descobri o cinema e as artes marciais." Chegou a ser dublê em Hollywood, nos anos 1990. "Fiz o Cine Holliúdy como curta, mas tinha tanto assunto que virou longa e teve a sequência." O público em todo o Brasil - menos da metade que o do Ceará - não é decepcionante? "É um filme popular, se eu tivesse um circuito maior dobrava de público, mas não me intimido perante o blockbuster estrangeiro." Em maio estreia a série, na Globo, com dez episódios. Edmilson Silva contracena com atores globais. Se o filme permanecer até lá, Gomes acredita que terá mais público para o 2.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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