CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Filme sobre Babenco é selecionado para o Festival de Veneza

Longa assinado por Bárbara Paz participa de mostra competitiva de documentários sobre cinema

Agência Estado
fonte

O filme "Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou", de Bárbara Paz, foi selecionado para o 76º Festival Internacional de Cinema de Veneza. O longa participará da mostra competitiva Venice Classics, com documentários sobre cinema.

Desde a morte de Hector Babenco, e depois, por meio de sucessivas entrevistas, até quando colhia seu sucesso como "Maggie the Cat" no teatro, com a montagem de "Gata em Teto de Zinco Quente", o belo texto de Tennessee Williams que originou o filme clássico de Richard Brooks com Elizabeth Taylor e Paul Newman, de 1958, Bárbara Paz falava sempre do seu 'work in progress', o documentário sobre o companheiro de vida, e arte, com quem fez o último filme dele, "Meu Amigo Hindu".

No ano passado, a Mostra homenageou Babenco exibindo a versão restaurada de "Pixote, a Lei do Mais Fraco". Como complemento, apresentou uma palhinha do documentário de Bárbara, o curta "Conversa com Ele". Basicamente, uma entrevista com Drauzio Varella, na qual o médico, escritor e apresentador dá um testemunho emocionado de sua ligação com o amigo 'Hector'.

Foram anos como médico, amigo, interlocutor. Dr. Drauzio chega a dizer que Hector o enganou muitas vezes. Estava sempre morrendo, mas possuía uma energia que o fazia reviver. Amava a vida, e o cinema.

Tinha histórias para contar, elas o energizavam. Contou-as em filmes que lhe deram tudo - prêmios, reconhecimento Pode-se preferir as obras do começo - "O Rei da Noite", "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia", "Pixote", "O Beijo da Mulher Aranha".

A cena da Pietà, quando Marília Pêra acolhe Pixote nos braços, tornou-se clássica e o sucesso do filme, pelo qual Marília foi a melhor atriz do ano (1982) para os críticos de Nova York, foi decisivo para que Babenco virasse um diretor internacional.

Mesmo filmes que talvez não sejam tão grandes possuem fragmentos admiráveis. I"ronweed", com aquela Meryl Streep bêbada, "Brincando nos Campos do Senhor", "Carandiru". A travesti de Rodrigo Santoro, o cão lobo que avança pelo corredor ensanguentado, representando a insanidade das 111 mortes na chacina do presídio.

Babenco possuía uma direção de cena forte e foi, no geral, um grande diretor de atores. Existem histórias de que William Hurt e ele brigaram feito cão e gato no set de Mulher-Aranha, mas o resultado todo mundo sabe. Oscar, Bafta, melhor ator em Cannes. Hurt faturou os principais prêmios de 1985/86.

O documentário de Bárbara, selecionado por Venice Classics, ajudará a retomar a discussão sobre o grande artista que Babenco foi. Foi, não - é. A obra segue viva. Basta lembrar de Paulo José na noite paulistana, ou de Lilica, a menina travesti de Jorge Julião em Pixote.

Babenco, argentino que se fez brasileiro por amor ao País, era insuperável naquilo que o crítico norte-americano Roger Ebert, nos seus tempos de Chicago Sun Times, definiu como "um olhar áspero para a vida que nenhum ser humano deveria ser obrigado a levar". A 76ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza ocorre de 28 de agosto a 7 de setembro de 2019.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cinema
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM CINEMA

MAIS LIDAS EM CULTURA