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Grupos do Pará mostram a cultura amazônica em festivais no Sul e Sudeste do Brasil

São os grupos Bico de Arara, de São Caetano de Odivelas, e o Frutos do Pará, do bairro do Telégrafo, em Belém. Eles têm apresentações agendadas para os próximos dias

Eduardo Rocha

A riqueza de detalhes da cultura da Amazônia vai ser apresentada ao público de dois festivais no Sul e Sudeste do Brasil por dois grupos do Estado do Pará. Trata-se do Grupo de Carimbó Pesqueiro Bico de Arara, do Município de São Caetano de Odivelas, do Nordeste Paraense, que se apresentará no 61º Festival do Folclore de Olímpia (Fefol), em São Paulo, entre os dias 2 e 10 de agosto; e do Grupo Parafoclórico Frutos do Pará, do bairro do Telégrafo, que se apresentará no 52º Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis (RS) e também no Fefol.

Ivandro Farias, produtor cultural do Bico de Arara, fala sobre a participação do grupo no Fefol. "Essa é uma grande honra para nós e também uma oportunidade de levarmos a força da cultura pesqueira de São Caetano de Odivelas ao coração do Brasil. As nossas apresentações serão em todo período do evento, momentos no Palco Central e durante o dia nas escolas e instituições municipais de Olímpia", diz. "Em um momento em que o mundo volta seus olhos para a Amazônia, especialmente com a realização da COP 30 em Belém, sentimos que nossa presença em Olímpia tem um significado ainda maior", acrescenta Ivandro.

"Vamos mostrar ao público o Carimbó Pesqueiro, uma vertente tradicional que nasce das margens dos rios e igarapés da Amazônia. Levaremos para o palco o batuque do curimbó, os versos que cantam a vida ribeirinha, as danças circulares com saias rodadas e uma forte presença cênica que remete ao cotidiano das comunidades pesqueiras da região", detalha Ivandro.

O grupo vai exibir elementos visuais e sonoros que expressam o território em que os integrantes vivem no Pará: os apetrechos da pesca artesanal, os movimentos inspirados nos peixes, nos barcos e nos ventos, "e, claro, a energia do povo odivelense, que mantém viva a tradição mesmo diante das modernidades que chegam às ilhas e vilas"."Vamos mostrar que o Carimbó Pesqueiro é resistência, identidade e beleza", adiciona Ivandro.

O Bico de Arara atua há 35 anos, ou seja, desde 1989, quando nasceu na vila ribeirinha de São João dos Ramos, no município de São Caetano de Odivelas. Naquela época, nem energia elétrica havia na ilha, o que reforça ainda mais a ligação do grupo com as tradições orais, a música de raiz e os saberes populares. É um grupo de dança e música, formado por 24 integrantes, entre músicos e bailarinos. "Todos os integrantes têm uma forte ligação com o universo da pesca: são pescadores, filhos ou netos de pescadores, pessoas que nasceram e cresceram às margens dos rios e igarapés, aprendendo desde cedo os saberes da maré, do remo, da rede e da vida ribeirinha", destaca Ivandro. 

É justamente dessa vivência profunda com o território que nasce o Carimbó Pesqueiro, uma vertente autêntica, marcada por ritmos, passos e cantos que evocam o cotidiano amazônico e suas relações com o rio, o peixe, a canoa e a ancestralidade. O Bico de Arara foi fundado por Mestre Birá. Ele é o grande guardião dessa tradição e uma referência viva do Carimbó Pesqueiro em São Caetano de Odivelas. Birá atua como líder, compositor, artesão de instrumentos e símbolo de resistência cultural na região.

Frutos

Pela 25ª vez, o Grupo Parafoclórico Frutos do Pará sai em turnê pelo Brasil, a fim de levar, desta vez, a cultura do Pará e da Amazônia como um todo a festivais de folclore nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. O primeiro evento de que o grupo participará é o 52º Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis, cidade considerada como o jardim da Serra Gaúcha. A programação começou na quinta-feira (17) e prosseguirá até o dia 3 de agosto. 

"Neste festival, estaremos entre os dias 25 de julho a 1º de agosto e seremos o único grupo representante da cultura Amazônica e de toda a Região Norte. Estaremos juntos com grupos de outros países como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Canadá, além de grupos de outros estados e locais", conta Paulo Jorge Souza, da Coordenação do Frutos do Pará.

E o segundo evento a receber apresentação do Frutos do Pará é o 61º Fefol, em São Paulo. "Após o ultimo show em Nova Petropolis, seguiremos nossa turnê em direção ao Fefol, e participaremos desde o início até o término do evento. Neste festival, seremos um dos representantes do Estado do Pará, diz Paulo Jorge. Ele explica que o grupo apresentará ao público manifestações culturais da Amazônia por meio da dança e da música. Para isso, estará em ação o Grupo de Carimbó "Regional Frutos do Pará", que integra a trupe paraense. 

"Levaremos shows com nossas danças, como o carimbó, os Vaqueiros do Marajó, Pretinhas da Angola, lundu, siriá, xote, samba de cacete, dança do côco, dança da desfeiteira, dança da farinhada, ciranda do Norte, dança dos 9 orixás, além de montagens coreográficas e performances artísticas que são marca registrada do grupo como o 'Pará das Águas', 'Banzeiro de Maresia", 'Pororocando' e outras", detalha Paulo. 

O Frutos do Pará completou 33 anos de estrada no último dia 5. Ele foi fundado em 1992 pela produtora cultural Iracema Oliveira, de 88 anos de idade, que participa da turnê do grupo, e  a coreógrafa e mestra de Cultura Nazaré Azevedo, diretora artística do Frutos. Nos festivais, Iracema e Nazaré coordenarão oficinas artísticas ao público. Com 32 integrantes ao todo, o grupo viajará em ônibus fretado na turnê pelo Brasil.