ZILDINHA SEQUEIRA

Zildinha Sequeira é psicoterapeuta individual e familiar. Este é um espaço para se refletir sobre a vida.

Depressão x pandemia

Zildinha Sequeira

Durante a pandemia, como era de se esperar, houve um aumento considerável nos índices de ansiedade, depressão e estresse, no mundo inteiro. No Brasil a situação ficou ainda mais grave: segundo estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de janeiro (UEFJ), os casos de depressão aumentaram 90% e o número de pessoas com crises de ansiedade e sintomas de estresse agudo praticamente dobrou. As consequências disso foram também o aumento de separações, de suicídios, de brigas e de desarmonia familiar.

Mesmo antes da pandemia, ao longo das últimas décadas, os estudos sobre a depressão se intensificaram em razão da prevalência e incidência desse transtorno, que é considerado o problema de saúde mais incapacitante do mundo e que  por isso passou a ser conhecido como o mal do século. Com a pandemia tivemos que lidar com mudanças bruscas nas nossas rotinas; com o risco de contaminação; com o medo de contaminar nossa família e outras pessoas; com o desemprego; com as desigualdades sociais e com tantas perdas de familiares e amigos (mais de 463.000 óbitos). Muito difícil não ter a saúde mental comprometida!

As pessoas estão acostumadas a lidar com as dores físicas, mas ainda têm muita dificuldade em entender o curso dos transtornos emocionais. Então, para que você entenda, estar triste não é a mesma coisa que estar deprimida. A tristeza não é uma doença, é um estado emocional transitório (você sabe o motivo) e desaparece naturalmente com o tempo e com a ajuda de circunstâncias favoráveis da vida. Já a depressão é uma doença que afeta o bem estar e a felicidade das pessoas; reduz sua capacidade de trabalho e produtividade; compromete o corpo, o humor e o pensamento.

Mais que isso: rouba o interesse por tudo que antes lhe proporcionava prazer; provoca alteração no apetite e no sono; diminui a libido; provoca um desânimo profundo, cansaço e irritação; desperta sentimentos depreciativos, incapacidade de fazer escolhas e uma tristeza profunda inexplicável. A sensação vivida pelo deprimido é de vazio, parece que caminha em direção ao nada. “Fica sem alma e sente-se inteiramente só”“, e quando deixa de acreditar na perspectiva de melhoras, passa a ver na morte a solução para as suas dores e problemas e, nos casos mais graves, muitas pessoas tentam o suicídio.

Embora a depressão seja a doença mais diagnosticada no mundo, ainda é muito difícil para o próprio doente, familiares e amigos entenderem o curso da doença e tudo fica mais difícil, quando a depressão acomete um dos pais - quando é a mãe que está deprimida, a situação tende a ser um pouco pior (especialmente se os filhos forem pequenos), pois como historicamente as mulheres assumem mais o papel de cuidadoras, a situação do funcionamento familiar tende a se complicar mais ainda.

Com ou sem pandemia, além de muita compreensão e ajuda dos familiares e amigos, o deprimido preciso de tratamento médico e psicológico e, quanto mais cedo se buscar ajuda especializado, maiores serão os prognósticos de melhora. Incluir a família no atendimento é essencial e não podemos esquecer-nos dos filhos, que também precisam ser orientados, amparados e cuidados.

Tenha fé, se proteja e se puder fique em casa.

 

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