RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Um pouco menos de turbulências e mais articulações na semana política ‘quente’

Rodolfo Marques

A semana política brasileira foi marcada por menos problemas e mais ajustes e diálogos. As notícias do Supremo Tribunal Federal e as de âmbito econômico também trouxeram outros elementos para debate, “aliviando” um pouco a pressão no entorno político do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Mesmo neste cenário de uma relativa “calmaria”, nos últimos dias, quem se “destacou” – negativamente e novamente – foi o ministro da Educação, Abraham Weintraub. O ministro vem protagonizando uma série de bate-bocas nas mídias e redes sociais, promovendo a tal “guerra cultural” com os opositores ao governo federal e usando, muitas vezes, um linguajar “chulo”, totalmente inadequado à posição que ora ocupa. Para além disso, a sensação é de que Weintraub desperdiça muito tempo com pautas irrelevantes, denota incapacidade administrativa e pouca atenção concede à sua pasta, além de demonstrar uma fixação de imitar a postura do presidente Bolsonaro. Neste último caso, há incômodo até mesmo junto aos aliados do governo.

Já na última quinta-feira (21.11), o partido “Aliança pelo Brasil” foi oficialmente lançado em Brasília, com forte enfoque religioso, defesa ao armamento da população “de bem” e traços bem conservadores. O presidente da República apresentou-se também como líder principal da sigla, que ainda depende de vários trâmites para ser legalizada e que corre o risco de não estar apta a disputar o pleito municipal de 2020 – o que traria prejuízos indiscutíveis para o planejamento político do grupo mais próximo de Jair Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro também será uma das “estrelas” da nova sigla, assim como o filho “04” do presidente, Jair Renan.

Em paralelo a isso, no contexto das agremiações partidárias, o Congresso do PT acontece nos próximos dias e há o simbolismo de ser o primeiro grande evento com a o ex-presidente Lula solto, após 580 dias preso. Em pauta, as eleições municipais em 2020, a política de alianças, o diálogo com grupos de centro-esquerda e uma oposição mais orgânica e efetiva ao governo de Jair Bolsonaro. E o ex-presidente Lula, aliás, vem concedendo várias entrevistas para veículos nacionais e internacionais e tenta uma reaproximação com alguns nomes históricos do Partido dos Trabalhadores, como a ex-senadora e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que deixou a agremiação há alguns anos. Em uma dessas entrevistas, aliás, Lula ressaltou que o PT não precisa fazer autocrítica diante dos erros cometidos em suas gestões federais.

No âmbito dos outros dois poderes da República, dois fatos ganharam destaque. No Poder Judiciário, a atenção esteve no início do julgamento, no Supremo Tribunal Federal, a respeito do envio ou não de dados e informações da Receita Federal para o Ministério Público Federal em caso de investigações. A votação apresenta um empate em um a um e o julgamento deve seguir na próxima semana. Em julho, o presidente do STF e relator do caso, ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão de procedimentos investigativos feitos a partir de dados fiscais e bancários compartilhados sem a autorização da Justiça. Já no Poder Legislativo, a discussão é a respeito da mudança da Carta Constitucional para possibilitar prisões em segunda instância. O Senado Federal e a Câmara dos Deputados discutem alternativas – e ainda não há consenso sobre o tema. O “alvo” principal dessa movimentação é, indiscutivelmente, o ex-presidente Lula, que foi beneficiado pela decisão recente do STF de permitir prisões apenas em casos de trânsito em julgado.

Assim, é possível identificar que, muito próximo do fim do ano, as articulações políticas continuam funcionando em plenitude e, pelos menos por ora, o nível de turbulências e de crises desnecessárias, geradas por Jair Bolsonaro, parece ter diminuído. Quanto mais política e debates teórico-práticos puderem ocorrer, torna-se melhor para as instituições nacionais e para o Brasil como um todo.

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