RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Presidente Bolsonaro necessita de aprendizado na articulação política

Rodolfo Marques

O cenário político brasileiro encontra-se extremamente instável, e isso se reflete na confiança das pessoas em seus representantes, nas variações econômicas e mesmo na qualidade da democracia no país. Essa instabilidade torna-se mais evidente, principalmente, a partir das idas e vindas e dos desacertos presentes no governo de Jair Bolsonaro (PSL).  A questão que se coloca como mais prioritária, sem dúvida, é a aprovação da Reforma da Previdência, defendida fortemente pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes. Todavia, Bolsonaro e seu núcleo político mais próximo ainda não encontraram o tom adequado para encaminhar o andamento deste projeto no Congresso Nacional, por falta de habilidade ou mesmo de vontade política.

Dentro deste processo, as relações entre o Presidente da República e o Presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maria (DEM-RJ), se deterioraram a partir de dois fatos fundamentais para esse clima hostil. O primeiro foi a cobrança mais incisiva por parte do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, junto a Rodrigo Maia, para que este agilizasse a votação do pacote anticrime proposto em fevereiro pelo ex-magistrado. E o segundo fato, foi pela troca de farpas entre Bolsonaro e Maia, tanto pelas mídias tradicionais – com entrevistas concedidas pelo Presidente da Câmara, quanto nas redes sociais, a partir de mensagens emitidas pelo Presidente da República. Tampouco ajudaram nesse contexto as ações quase belicistas do vereador pela cidade do Rio de Janeiro, e filho do Presidente da República, Carlos Bolsonaro (PSC) também via redes sociais.

No núcleo mais próximo a Jair Bolsonaro, há uma confusão conceitual entre a ideia do “Presidencialismo de Coalizão” – expressão pelo pesquisador Sérgio Abranches, em 1988, e constantemente revisitado pelos cientistas políticos sobre a forma de construção da maioria legislativa pelo chefe do Executivo – e o “toma lá, dá cá”, prática muito comum percebida nos governos brasileiros, em que há a concessão de cargos a determinados grupos políticos em troca de apoio, através de votações, no Congresso Nacional.  Bolsonaro entende que ampliar a base partidária só se tornaria possível através de concessão de cargos aos grupos políticos dos líderes partidários – o que não é, necessariamente, uma verdade. 

Também, nesses dias de instabilidade, causou desconforto a pretensão de revisionismo histórico por parte de Bolsonaro em promover uma celebração do Golpe Militar de 1964, com a autorização por parte do Presidente da República para que o 31 de março fosse celebrado pelas Forças Armadas. Essa postura foi reproduzida pelo Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Tal ação gerou um movimento do Ministério Público Federal contestando a determinação do Presidente da República, além de várias mobilizações contrárias por parte da sociedade civil. 

É necessário, portanto, que o Presidente Jair Bolsonaro assuma as rédeas de seu Governo e procure priorizar, para além de uma pauta mais conservadora e ideológica, muito difundida em seu núcleo íntimo de conselheiros, uma ação política mais clara e concreta, visando os ajustes necessários e prioritários e desenvolvendo mecanismos para que o Brasil possa, efetivamente, iniciar seu processo de recuperação econômica. Transcorridos três meses da atual gestão federal, é essencial a Jair Bolsonaro deixar a campanha eleitoral para trás e priorizar os vários dilemas com os quais a chefia do Executivo se depara.

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