RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Mais tempo perdido por Jair Bolsonaro

Briga no PSL, problemas ambientais e o rebaixamento do brasil no contexto internacional

Rodolfo Marques

A semana política brasileira foi movimentada, em especial pela crise gerada entre o presidente Jair Bolsonaro e seu partido – o PSL. Nos últimos dias, Bolsonaro declarou guerra ao comando de seu partido, por muitos anos liderado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE). As críticas públicas de Bivar e de outros membros de PSL à situação do senador Flávio Bolsonaro, “filho 01” do presidente, despertaram a ira de Jair Bolsonaro, que chegou a afirmar que o líder da sigla estava “queimado”. E a irritação do chefe do Poder Executivo ficou ainda maior com a clara disputa pelo comando da agremiação e, em especial, pelo valor superior a 100 milhões de reais a que o partido terá direito até o fim do ano de 2019, através do fundo partidário.

Dentro desse contexto, ganharam espaço as declarações agressivas, pelas redes sociais, trocadas entre o senador Major Olímpio (PSL-SP) e o “filho 02” do presidente, o vereador pelo PSC do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro. Os mais próximos ao presidente afirmam que ele quer reconstruir a legenda, aumentando o combate à corrupção; já o grupo de Bivar acusa o grupo de Bolsonaro de autoritarismo e de buscar o controle total do partido.

Vale lembrar que está em investigação o chamado “laranjal do PSL”, em que candidaturas femininas a alguns cargos teriam sido usadas para mascarar determinados recursos que foram usados no pleito. Um dos maiores beneficiários desse suposto esquema teria sido Marcelo Álvaro Antonio, eleito deputado federal por Minas Gerais e hoje ocupante do cargo de ministro do Turismo. Há também acusações mútuas a respeito dos valores utilizados na campanha eleitoral de 2018 – assim como na prestação das contas.

A crise dentro do PSL pode gerar a saída de Jair Bolsonaro e de seu núcleo político da agremiação, migrando para outro partido ou mesmo criando uma nova sigla.

No plano internacional, foi divulgada a informação de que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, hipotecou apoio para a entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apenas para a Argentina e para a Romênia – pelo menos por enquanto. Tal apoio evidencia uma derrota da política internacional brasileira que tinha no apoio norte-americano ao pleito de ingressar na OCDE como um trunfo das tratativas entre os presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (Estados Unidos), ocorridas no mês de março de 2019. O Brasil continua buscando o atendimento dessa demanda, mas, por enquanto, o apoio fundamental norte-americano ainda não se efetivou.

No campo ambiental, além dos problemas sistemáticos de incêndios e desmatamentos na Amazônia, agora a questão que preocupa são as manchas de petróleo nas praias do Nordeste do país. A investigação está sendo conduzida nas esferas civil e criminal, pela Marinha e pala Polícia Federal, em conjunto com a Petrobras. Entre as hipóteses para mais esse desastre ambiental brasileiro estão uma possível limpeza ilegal de embarcações, ações criminosas isoladas, vazamentos por acidente ou alguma espécie de naufrágio. Ampliam-se as perguntas e as respostas ainda se fazem ausentes em relação ao assunto.

Em nível local, na segunda-feira (07.10), o governador do estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), recebeu a visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Em pauta, os acordos entre os governos federal e estadual para as questões de prevenção à violência, tendo como ponto de inflexão o projeto “Em frente Brasil”. Moro cumpriu extensa agenda de visitas e reuniões no estado do Pará. O governador do Pará considerou como muito positiva a passagem do ministro por Belém, em especial no contexto das parcerias institucionais.

Crises políticas “surgem”, na verdade, para serem debeladas rapidamente; ameaças, como se aprende no marketing contemporâneo, são pontos de partida para que se convertam em oportunidades para serem aproveitadas. Todavia, o governo federal vem mostrando a sua constante “vocação” para gerar crises e a ausência de competência para resolvê-las. Energias que poderiam estar sendo mobilizadas para resolver os problemas do Brasil acabam sendo desperdiçadas por polêmicas causadas pelo presidente Bolsonaro e/ou pelo seu núcleo político e familiar.

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