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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Leões, hienas, denúncias e novas confusões: governo Bolsonaro e seu ‘mais do mesmo’

Rodolfo Marques

Na permanência de um clima político que, por vezes, beira à insanidade, em Brasília, a semana trouxe novos atritos e declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu núcleo mais próximo.

Em visita comercial aos países da Ásia e Oriente Médio, Bolsonaro propôs algumas parceiras com o empresariado local e com os governos correspondentes, como o dos Emirados Árabes Unidos e o da Arábia Saudita. Todavia, em sua comunicação através de seu perfil oficial no Twitter, por exemplo, postou um vídeo em que ele é identificado como um leão, trôpego e fragilizado, cercado por várias hienas – nominadas como o Supremo Tribunal Federal (STF), veículos de comunicação (TV Globo, Revista Veja, Rádio Jovem Pan), partidos políticos (PCdoB, PT e o próprio PSL), entre outros –, que estariam prejudicando a gestão federal. Na sequência, o “leão” Bolsonaro é “salvo” por um outro leão, conservador e patriota. Esse vídeo teve repercussão muito negativa em várias esferas. Ato contínuo, o decano do STF, ministro Celso de Mello, ressaltou que o atrevimento de Jair Bolsonaro em desrespeitar as instituições parece não ter limites – e que isso precisa ser questionado.

Outro fato que teve muita repercussão negativa foi a divulgação, através da TV Globo, da informação de que o porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro mantém residência, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, teria identificado a voz do então deputado federal para receber em sua casa um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março de 2018. Em resposta a esse depoimento, com praticamente 20 minutos de vídeo, feito diretamente de Riad, na Arábia Saudita, o presidente Bolsonaro vociferou contra a Globo e contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Segundo Bolsonaro, a divulgação de uma informação de um processo que corre em segredo de justiça foi feita em conluio entre o governador carioca e a emissora de TV, com o claro intuito de prejudicá-lo e de envolvê-lo no crime de assassinato da vereadora. O Ministério Público do Rio de Janeiro e a Procuradoria-Geral da República devem investigar o caso, mas, por ora, está descartada qualquer possibilidade de envolvimento de Jair Bolsonaro no episódio.

Em paralelo a essas duas polêmicas, ainda houve a declaração do líder do partido do governo na Câmara Federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que, ao fazer as suas reiteradas críticas aos grupos de esquerda no Brasil, disse que, caso houvesse radicalização nos discursos no país, uma ação similar ao Ato Institucional n⁰ 5 poderia ser efetivada no Brasil. O AI-5, de 1967, quando do governo militar do General Artur da Costa e Silva, suspendeu boa parte das liberdades individuais no Brasil e mergulhou o país, cada vez mais, em uma ditadura. Com esse discurso público, Eduardo Bolsonaro apenas desnudou, o perfil antidemocrático que historicamente permeou sua família e o núcleo político do presidente da República. Posteriormente, o deputado federal refez a sua fala, mas o “estrago” na comunicação já estava feito – e há quem argumente que o parlamentar possa perder seu mandato pela quebra de decoro parlamentar a partir dessa postura autoritária.

A partir dessas idas e vindas e com declarações polêmicas que claramente desviam o foco das questões mais relevantes, Jair Bolsonaro continua na estratégica de manter, sob si, a pauta política, atraindo a atenção da mídia e de parte da população. Dessa forma, em paralelo, o governo acaba “escondendo” a sua capacidade de fazer política e o cenário de paralisia administrativa que hoje permeia praticamente todos os setores da gestão federal.

Perde o país, que não avança nas pautas mais relevantes. Perde a maioria da população, que vê sua vida piorar.

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