Em tempos de essencial consolidação democrática, pretensões autoritárias voltam a assombrar o Brasil Rodolfo Marques 28.02.20 17h43 Em várias capitais brasileiras, no dia 15 de março, deve haver uma manifestação de vários grupos sociais a favor das reformas propostas pelo governo federal, a favor da prisão em segunda instância e contrária a posturas do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. O fato “inusitado” dentro desse contexto é o apoio do presidente da República a esses movimentos, em especial na oposição aos outros dois Poderes. Jair Bolsonaro (sem partido/RJ) divulgou os vídeos para alguns amigos através do WhatsApp, e a informação foi divulgada pela jornalista Vera Magalhães, atual âncora do programa “Roda Viva” da TV Cultura. A jornalista, aliás, vem sendo alvo de vários protestos por parte de apoiadores do governo, por ter difundido a informação. A tensão do Governo Federal com o Congresso Nacional, especialmente, cresceu a partir da discussão a respeito do chamado “orçamento impositivo”, em que os parlamentares discutem o uso de determinados recursos a serem administrados pelo poder Executivo. A falta de articulação política por parte do governo compromete o diálogo com os parlamentares, chegando ao ápice na reunião em que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, sem saber que estava sendo gravado, chamou deputados e senadores de “chantagistas”, na discussão sobre a gestão do 30 bilhões de reais do orçamento federal. Esta relação conflituosa da gestão Bolsonaro com o Congresso vem desde o início de seu mandato, em janeiro de 2019. Há, também, o fato concreto de que a polarização no país está cada vez mais consolidada, com dois grupos bem distintos: o dos apoiadores do presidente e o dos opositores ao governo federal. O presidente da República tem demonstrado grande dificuldade em lidar com as divergências, indispondo-se com alguns representantes institucionais, como setores da mídia, parlamentares e governadores. Por outro lado, Bolsonaro dispõe, ainda, do apoio de parcela significativa da população, de acordo com as pesquisas mais recentes. Neste início de 2020, Bolsonaro tem entre 35 e 40% de aprovação ao seu governo, independente das atitudes que apresente ou falas públicas que emita. Além disso, o presidente dispõe de uma forte equipe de apoio nas mídias e redes sociais, que funcionam, praticamente, como milícias digitais. Tais grupos de apoiadores repassam narrativas e defendem o presidente Bolsonaro em quaisquer cenários – muitas vezes, de forma agressiva. Para além de tudo, o Brasil vive um cenário de instabilidade econômica, gerada a partir dos desacertos políticos, da falta de organização na gestão federal e de uma grande ameaça internacional – a expansão das contaminações pelo coronavírus. A agenda das reformas – em especial a tributária e administrativa – encontra-se ainda muito atrasada no âmbito do Congresso Nacional – e por equívocos do próprio governo. E há uma falta de alinhamento também com as demandas da maior parte dos estados da Federação, através de seus respectivos governadores. Todas as manifestações precisam ser respeitadas e deve ser dada a garantia para que elas ocorram. Todavia, é necessário pensar que as instituições precisam se fortalecer e funcionar em plenitude, para que os processos econômicos e políticos ocorram de forma autônoma e eficaz. É assim que a democracia funciona. E a democracia é a melhor forma de governo. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques política colunas COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09