RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Distorções, prioridades e o contexto da política no Brasil

Rodolfo Marques

O Brasil sempre apresentou grandes complexidades no âmbito político e, pelo seu próprio sistema presidencialista de governo, o olhar sobre a chefia do Executivo Federal é destacada. O país vive momentos pendulares desde a redemocratização em 1985, após 21 anos de regime autoritário militar, iniciado em 1964.

O cenário de crise política teve momentos bem intensos, como no impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello (PRN-AL, à época), em 1992; no escândalo do “mensalão”, no governo Lula (PT), em 2005; nas manifestações de junho de 2013; e no impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016. Todavia, a situação de instabilidade política e dos conflitos institucionais no Brasil entraram em um patamar mais alto a partir da ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da República em janeiro de 2019, após vencer as eleições de 2018.

A pandemia de Covid-19 devastou – e devasta o país – deste março de 2020, amplificada pela gestão desastrosa do governo federal no enfrentamento da crise. O cenário de distopia e de distorções no processo de comunicação se manifesta de várias formas. Um dos pontos que consolidam o processo de crise está ligado às distorções na comunicação política e ao uso indiscriminado do “recurso” da desinformação para convencer parcelas significativas dos cidadãos-eleitores.

Ao lado desse contexto, há o fomento das confusões geradas a partir da ideologização da ciência. Dado representativo desse cenário foram os depoimentos, à CPI da Pandemia, das médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro – esta última, ocupante de cargo público no Ministério da Saúde –, que defenderam posicionamentos alinhados ao governo federal, mas desprovidos de embasamento científico. Acabou prevalecendo, nas falas públicas das duas profissionais da saúde, uma espécie de “contorcionismo retórico”.

Por fim, outro fato que reforça a instabilidade política, no campo das prioridades, é o oferecimento do Brasil, através do governo federal e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para ser a sede a Copa América, após às recusas de Argentina e de Colômbia de receberam a competição. A Colômbia enfrenta crise política e manifestações populares e a Argentina está em um momento muito grave da pandemia. O Brasil apresenta instabilidade política e sanitária, convivendo com mais de 2.000 mortes diárias causadas pela Covid-19, mas ainda assim se colocou à disposição para receber a competição entre seleções.

Em meio a tantas confusões semânticas e a inversões de perspectivas, o Brasil “afunda” no negacionismo e em uma tela que evidencia uma grande circulação de pessoas, o uso apenas relativo de máscaras e a escassez de vacinas que tanto tem prejudicado estados e municípios.

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