RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

2020 já chegou e Jair Bolsonaro ‘patina’ diante de novos enfrentamentos

Rodolfo Marques

O ano de 2020, para o governo de Jair Bolsonaro (sem partido-RJ), apresentará muitos desafios a serem enfrentados e metas por cumprir. Já neste mês de janeiro, algumas questões delicadas foram geradas a partir de falas públicas do próprio presidente da República e por ações de seus auxiliares próximos.

A agenda econômica do governo deverá ganhar ainda mais protagonismo, em especial a partir da postura ultraliberal do “super-ministro” Paulo Guedes. Será o ano de implementação mais efetiva da Reforma da Previdência, com suas consequências práticas. E, em paralelo, haverá a discussão das reformas tributária e a do Estado brasileiro, com possibilidades concretas de novos cortes em investimentos públicos, além de eliminação de postos de trabalho. Nesse contexto, a articulação política será essencial para que tal agenda possa ser cumprida e a necessidade de criação de empregos e de ações de reinserção social estará na pauta de todo o país.

No campo político, além das demandas dentro do Congresso Nacional, há o contexto das eleições municipais, em outubro, e a busca de Bolsonaro em viabilizar legalmente o seu novo partido – o Aliança pelo Brasil – após os conflitos com as lideranças do PSL, em 2019. As eleições municipais têm relevância principalmente na correlação de forças políticas nas mais de 5 mil cidades brasileiras, na execução orçamentária no âmbito interno e por abrir caminho para uma discussão mais profunda sobre o cenário eleitoral de 2022, embora uma relação direta entre os dois pleitos não possa ser estabelecida ainda.

Bolsonaro continua enfrentando dificuldades, em especial, quando se propõe a entrar no campo da chamada “guerra cultural”, no confronto direto com a esquerda ideológica. Entre alguns de seus auxiliares, há movimentos e declarações que causam ainda mais desconforto junto à sociedade. Nesta semana, foi divulgada na imprensa a informação de que o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Fábio Wajngarten, recebe, através de uma empresa do qual é sócio, valores financeiros de agências de publicidade e de veículos de comunicação. Há um caso notório de conflitos de interesses públicos e privados na questão.

E, na última quinta-feira (16), causou enorme desconforto e indignação em vários setores políticos o discurso do então Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, na divulgação do Prêmio Nacional das Artes. Ele copiou trechos do discurso de Joseph Goebbels (responsável pela propaganda nazista), além de utilizar uma trilha sonora que faz alusão ao regime. Alvim foi demitido ainda nesta sexta-feira (17), em especial pela repercussão negativa de seu discurso.

Para piorar o cenário, Bolsonaro continua intolerante com a imprensa e denota por vezes tentações autoritárias no âmbito da comunicação pública e a respeito do funcionamento das instituições democráticas.

No contexto das relações internacionais, houve dois movimentos do governo brasileiro: a confirmação do alinhamento cada vez mais solidificado aos Estados Unidos – inclusive, com a crise recente estabelecida entre o país ianque e o Irã – e o foco no ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em ambos os contextos, o ideal para o Brasil seria priorizar a ampliação dos contatos comerciais com os diferentes mercados e evitar a ideologização nas relações internacionais. No caso específico da possível adesão à OCDE – agora com o apoio do governo norte-americano –, o Brasil pode ter benefícios como um possível aumento de investimentos, juros mais baixos nas transações comerciais com o exterior e algum tipo de adesão a programas de promoção de políticas públicas. Por outro lado, como aspectos negativos, o Brasil pode sofrer com uma certa perda de autonomia para gerenciar sua política econômica e a perda de espaço na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Assim, embora estejamos apenas nas primeiras semanas de 2020, o governo de Jair Bolsonaro já tem uma grande quantidade de crises para administrar e continua, “patinando”, em um movimento que demonstra pouca capacidade prática para a resolução dos problemas efetivos do país.

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