Participação política para além das eleições Votar é apenas um tipo de ato político; a participação do eleitor independe do momento do voto Natasha Vasconcelos 14.11.18 17h58 Uma parcela da população acredita que "política" é o processo eleitoral. Aquele momento entre a propaganda política e o dia da eleição. Essa percepção pode ter dois aspectos: o desconhecimento do ato político ou o esvaziamento do que se entende por política. O primeiro aspecto está enraizado na nossa história e cultura. Não nos é ensinado - e nem esperado - manter certa politização na nossa rotina. Essa ausência faz com que nos afastemos da arena política na certeza de que, a cada eleição, colocaremos alguém lá, na política, para representar nossos interesses. A noção de que a política acontece apenas nas casas legislativas e congresso nacional é de um enorme prejuízo social. Isto porque tudo em nós é político, resgatando o conceito mais clássico possível daquilo que relaciona o cidadão, o bem comum e o espaço público. Logo, a cada escolha que fazemos uma consequência política será gerada. Se decido que vou ser vegetariana, é um ato político; se eu, mulher, escolho não casar nem ter filhos, é um ato político; se escolho não fazer aquilo que a sociedade espera que eu faça, é um ato político; se recolho animais abandonados na rua para tentar adoção, é um ato político; se resolvo só colocar alimentos orgânicos na minha mesa, é um ato político. E por aí vai. Estamos cercadas de escolhas políticas que vão impactar positivamente ou não na sociedade, e precisamos nos apropriar dessa noção. Desse poder. O segundo aspecto consiste no esvaziamento da política. E o que é isso? Uma noção totalmente midiática e de mesa de bar da questão. É a noção que reduz a política àquilo que mais a prejudica: a corrupção. A análise de toda e qualquer política pública a partir da corrupção presumida - aquela que atribui a corrupção a todo ato político - torna automaticamente inválida qualquer tentativa de resolução do problema público. Eu poderia ter considerado a crise de representação como um aspecto, mas depois das eleições de 2018 e de todo o debate político gerado nas redes sociais, eu sinceramente não acredito que as pessoas não estejam representadas nas casas legislativas. A junção desses dois aspectos faz com que o cidadão sequer consiga saber de quem cobrar seus direitos, como cobrar, e de que forma o seu voto entra nessa equação, porque essa despolitização reforça a mensagem de FIM da urna eletrônica no final da votação; como se a participação política do eleitor acabasse naquele momento, quando, na verdade, está apenas começando. Esta é a mensagem mais importante desse texto: a nossa participação política está apenas começando. Precisamos nos atentar, nos informar, saber onde, como e com quem cobrar cada um dos direitos que estão nos sendo negados. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas natashavasconcelos COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA OFF Natasha Vasconcelos . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!