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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Vários países chamados Brasil

Linomar Bahia

O anunciado estudo presidencial, para eventual criação de um Ministério exclusivo para a Amazônia, promete retomar a discussão sobre a necessidade da regionalização administrativa do país, capaz de sepultar a fama de que Brasília governa de costas para o Brasil. Muitas dificuldades políticas teriam, contudo, a ser superadas, para evitar o malogro de esforços anteriores no mesmo sentido, na criação da SPEVEA/SUDAM, logo reclamada pelos políticos para a SUDENE do nordeste e as “SUDs” das demais regiões, transformadas em focos de desvios e falências e nenhum resultado prático, do que ainda resta, apenas, o que sobreviveu da Zona Franca de Manaus.

Em meio aos eternos embates pelo Poder, apenas mudando de personagens e métodos, mas com os roteiros desde o descobrimento, muitos sempre consideraram a dimensão territorial o maior problema do país, considerado um continente, onde cabem as áreas de vários países. Seus mais de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados, cobrem 1,6% de toda a superfície do planeta, o que lhe dá a quinta maior área, inferior, pela ordem, apenas aos territórios da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, representando quase a metade territorial da América do Sul, por isso fazendo fronteira com a quase totalidade dos vizinhos sul-americanos.

Há vários fatores que justificam as carências nacionais, específicas de cada comunidade, debitados ao gigantismo, às diversidades climáticas e vocações locais. Temos quatro dos 24 fusos horários do mundo, restringindo a unidade nacional praticamente à língua, embora os sotaques e expressões que caracterizam seus habitantes. Também diferem em potenciais econômicos e nas comunicações rodoviárias e fluviais, implicando em tratamento diferenciado muitas vezes prometido, mas nunca efetivado, sobretudo devido às conveniências e circunstâncias que tornam a expressão “vontade política” mera figura de linguagem.

Como superar tantas diferenças, é um desafio que se apresenta para a administração nacional definir e executar práticas iguais para situações diferentes. Transferir a capital federal era uma solução pensada desde o Brasil colônia, objeto de propostas do Marquês de Pombal, por volta de 1750, pretendendo trocar a sede do Rio de Janeiro pelo rio Amazonas. Os inconfidentes mineiros preferiam São João del Rey e o ódio pelo clima carioca fazia D. Pedro I lamentar a falta de recursos "para levar a cabo o projeto de mudança", cabendo ao Marechal Deodoro da Fonseca decretar a intenção de sediar o núcleo do poder no centro do país, virando lei constitucional.

Mas somente em 1953, no segundo governo Vargas, uma Comissão especial começou a desenhar a nova Capital, passando, em 1956, a ser promessa do então candidato Juscelino Kubitschek, cumprida durante o mandato com a inauguração de Brasília em 1960. O ufanismo ficou contido na frase do discurso inaugural de JK, exibido em placa na Praça dos Três Poderes, dizendo “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”.

Na prática, contudo, a teoria das palavras segue sendo outra na prática, continuando Brasília de costas para o Brasil e restando a esperança de que vire de frente, com "Mais Brasil e Menos Brasília". Outras propostas e sugestões, todavia, têm sido natimortas, entre as quais a instituição de tantas vice-presidências da República quantas as regiões geográficas e nelas sediadas, com funções executivas e orçamentos próprios. A hipótese de um Ministério da Amazônia poderá ser nova chance, desde que não repita o destino das "SUDs", nem as sedes se concentrem novamente em Brasília, como a Eletronorte, apesar das suas usinas serem aqui.

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