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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Prevaleceu a força da fé

Linomar Bahia

"A fé não costuma falhar", cantou o poeta musical Gilberto Gil, na linha da pregação milenar, segundo a qual a fé é capaz de tudo, até remover montanhas. A pandemia, ocorrência sanitária que tem sido invocada para quase tudo e oportunidade, inclusive, para a ladroagem em estados e municípios, foi capaz de estimular o autoritarismo oficial e religioso de "proibir" as manifestações religiosas coroadas pelo Círio. Mas não foi capaz de impedir que multidões fossem às ruas, seguir os mesmos trajetos e as reverências de sempre, mostrando que a força da fé move e remove obstáculos, nos louvores e penitências renovadas há 227 anos.

Cálculos da própria Polícia Militar estimaram em 100 mil pessoas nas ruas, contrapondo a devoção às questionáveis restrições ao constitucional "ir e vir", proporcionando às autoridades formais e lideranças episcopais uma lição sobre que é o dono das festividades. Houvesse o bom senso e não prevalecesses os propósitos, por mais bem-intencionados, de tentar limitar a movimentação das pessoas, bastaria massificar as recomendações sanitárias e deixar a cada qual o direito de administrar a si próprio. Nada seria diferente, a despeito do policiamento, até porque, eventual uso de força faria mal a políticos e à religiosidade.

Religiosidade, aliás, comprometida pelo reiterado distanciamento físico dos fiéis, separados por grades e portais dos templos fechados, com a Santa venerada à distância. Devotos tiveram que se contentar com as bênçãos das alturas da cidade, mas abaixo das celebrações fervorosas, e num forçado momento de reflexão eclesiástica, às portas da Catedral da Sé e na entrada da Basílica, restrita somente aos que os organizadores se acharam no direito imperial de elegerem, como exclusivistas da proximidade de Nossa Senhora de Nazaré, deixando aos fiéis o consolo dos acenos emotivos e gratidões por Graças alcançadas.

Por essas e por outras, a religião católica tem sofrido constante perda de adeptos em todo o mundo, provocada principalmente pelos escândalos financeiros e disputas políticas no Vaticano, envolvimento de sacerdotes em crimes de pedofilia. Esvaziam a crença e falece o respeito pelos dogmas, requisitos indispensáveis à sustentação religiosa. O desprestígio do catolicismo inclui flagrantes impropriedades eclesiásticas, como no Brasil, onde sacerdotes exercem a opção preferencial pelas questões ideológicas e trocam os púlpitos de evangelização pelos palcos mundanos, deixando de ser bons pastores a "pop-stars" populares.

Segundo pesquisa recente, 81% da população brasileira nasceu sob as bênçãos batismais do catolicismo, mas já está reduzida para 61%. Essa diferença de 20% somente se tem ampliado, com a perda de fiéis principalmente para os segmentos protestantes, havendo, ainda, os que se dizem transformados em ateus. A migração que ganhou níveis históricos na última década. Em 2010, havia no Brasil quase 1,7 milhão de católicos a menos que em 2000, perda média de 465 fiéis por dia, explicada também pelo cerceamento de manifestações de religiosidade, a exemplo das restrições às celebrações Nazarenas de agora.

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