LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

O que dá pra chorar, também dá pra rir...

Linomar Bahia

Antes que o mundo e os programas populares de rádio e tv fossem tomados pelo modismo dos rock-and-roll, sertanejos, punks e outras efemeridades musicais, poetas e compositores de outro nível produziram peças que inebriaram gerações e ´pntuaram momentos e situações imorredouros. Foram incorporadas aos clássicos da música nacional, obras que consagraram desde Noel Rosa, Cartola, Lupicínio Rodrigues, passando por Dolores Duran, Antonio Maria e Herivelto Martins e chegando às poesias musicais de Paulinho da Viola, Vinícius de Moraes, Tom Jobim e similares da mesma excelência musical nos tempos mais recentes.

Nesse rol de celebridades poéticas, justificadamente imortalizadas, também se inclui o paraense Billi Blanco que, entre tantas joias, lançou, em 1969, o "Canto Chorado". Pontuava o refrão "O que dá pra rir, dá pra chorar / Questão só de peso e medida / Problema de hora / E lugar / Mas tudo são coisas da vida ..." . Era tão atual, naquela época, quanto, apenas invertendo o sentido dos versos, fica a calhar nos tempos de hoje, quando o mundo todo, e o Brasil, em particular, sofrem com o "novo coronavirus", mal da época mergulhado mais em dúvidas do que certezas, quanto a praticamente tudo quanto o envolve.

Dá pra chorar, por exemplo, em prantos difíceis de medir pelo quanto vertem, mas pelo simbolismo das vidas humanas perdidas, escancarando a inépcia de sucessivos governos, agora desmascarados pelas precárias condições de assistência, razão pela qual as improvisações, carências e desvios de recursos jamais seriam suficientes ao atendimento das emergências. Quinhentos e tantos anos de descobrimento, entre regimes imperiais, ditaduras e alguns lampejos de democracia, como na atualidade, têm se revelado insuficientes para dotar o país de condições sanitárias civilizadas e evitar que pobreza e miséria se multipliquem.

Torrentes de lágrimas de revolta refletem a voracidade de agentes públicos e parceiros da área privada, nas apropriação indevida dos recursos, sem temer os castigos a que estão condenados na vida eterna, materializados ainda na existência terrena pelas ações policiais e judiciais que os levam à cadeia, antecipando as condenações às penas correspondentes no inferno de Dante. Governadores, secretários de saúde e servidores da área estão sendo alvos de incursões policiais, pelos milhões que desviam da salvação de milhares de pessoas, parcelas significativas dos quais são encontrados nas próprias residências em pacotes de milhões.

Também dão pra rir as várias decisões de abre-fecha-abre, emitidas por autoridades e a profusão de palpites de gente da ciência, procedimentos que demonstram, principalmente, o quanto estão às tontas, tateando numa escuridão sem a menor fresta de luz sobre o que é, como se propaga e qual a forma de combater efetivamente o "novocoronavirus". Fazem pensar não saberem o que fazem, por exemplo, ao estabelecerem distanciamentos físicos, como se as pessoas ficassem indefinidamente separadas, nunca se tocando, ou quando fixam horários em praias, como se o contágio ocorresse em horas e locais previamente marcados.

Entre choros, há que se lamentar os milhares de mortes e manifestar solidariedade aos quantos têm perdido entes queridos. Entre risos, são risíveis algumas questionáveis restrições, em duvidosas preocupações com propalados riscos. Muitos usam máscara menos por crerem na eficácia do utensílio, praticando a máxima "em Roma, como os romanos" e evitando constrangedoras repressões policialescas. Como em outras pragas, ha que se torcer para que esta também logo passe, até que a próxima revele as desídias e conveniências de sempre. E gargalhemos ao vermos assaltantes da pandemia rumo aos xadrezes, às vésperas do juízo final.

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