LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Novamente, as “redes sociais”

Linomar Bahia

Quantos já participaram, e virão a participar, pessoal ou familiarmente, de qualquer concurso para ingresso em atividades públicas, sabem como é custoso e desgastante obter tantos documentos, para provar que é nascido, está vivo e não praticou qualquer ilícito, por isso detentor de bons antecedentes. Como quase toda a papelada tem validade de apenas três meses, precisando ser quase toda renovada, se o concursado for aprovado, terá que retomar a busca aos atestados de que, apesar dos eventuais percalços enquanto busca emprego, continua sendo uma criatura de bem e devotado a ações que dignificam.

Contudo, há uma modalidade de concurso que, apesar da relevância institucional e social, para a qual pouco ou nada disso é exigível, produzindo situações excêntricas, em que candidatos são eleitos em meio a processos por falcatruas, havendo inclusive alguns cumprindo mandatos residindo em celas prisionais. Esse é, certamente, o maior e mais importante concurso público e, pelas peculiaridades e repercussões no funcionamento da administração e na vida das pessoas, deveria ser até mais rigoroso, uma das tantas anomalias execráveis que resiste, por motivos corporativos, às tentativas de reformas moralizantes.

Mas os tempos trazem recursos e soluções para problemas de qualquer ordem, superando no que os homens fraquejam, sucumbindo a interesses e conveniências de mentos e circunstâncias. Nesse cenário, assume proporções cada vez mais avassaladoras uma das modernas criações humanas, nascida nos anos 1960 como forma de interligar computadores e trocas de mensagens rápidas. Ganhou dimensão universal 30 anos depois, no decurso da década de 1980, batizada "internet". Não demoraria muito para se abrirem os caminhos para as mil e uma utilidades que passou a desempenhar nas "redes sociais". 

A vida de qualquer de nós deixou de ser "privada", pela exposição sem limites do que fizemos e fazemos, onde quer que tenhamos estado, ao alcance das bisbilhotices, antes somente possíveis aos “paparazes”, filmes de ficção ou nas antevisões de profetas e adivinhos. Equipamentos e técnicas passaram a se revelar capazes de auscultar pensamentos, descobrir comportamentos e revelar as entranhas das práticas de quaisquer naturezas, alimentando a tendência psicótica de desnudar as faces menos dignificantes e comprometedoras de qualquer um, rapidamente enfatizados e multiplicados nas plataformas digitais.

Nos períodos eleitorais, os canais tecnológicos e eletrônicos da nova “mídia” passaram a ser tudo quanto leis e esconderijos burocráticos e tolerantes se revelaram lenientes e doses de cumplicidade. Ganharam capítulo especial ao praticamente decidirem as eleições majoritárias de 2018, parecendo ainda mais decisivos nos próximos pleitos, a partir da eleição municipal deste ano, tanto na condenação quanto na sagração de candidatos. A propósito, quis a modernidade tecnológica trazer à memória pregação bíblica de que “não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido”.

Abstraindo as costumeiras deturpações de fatos e acusações infundadas, essa nova forma de comunicação, aberta aos navegadores da rede mundial de computadores, passa a proceder uma avaliação que os eleitores nunca fazem sobre candidatos, comprometendo ainda mais a representatividade partidária, pela omissão no dever ancestral de selecionar os melhores para votação. E assume o papel de verdadeiro guardião do interesse público, que os partidos, a legislação eleitoral e os segmentos da chamada sociedade organizada têm deixado de exercer, abrindo o vazio que as “redes sociais” passam a ocupar.

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