LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

No país das 'questiúnculas'

Linomar Bahia

“... Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! ...”, Ao escrever essa declaração de amor à “Pátria”, Olavo Bilac jamais imaginaria quanto a realidade seria outra. Como que a complementar a mensagem patriótica, Siqueira Campos proclamaria que “à Pátria tudo se deve dar e nada pedir, nem mesmo compreensão”. Mal sabiam que nem sempre a vida imita a arte, mesmo a poética, saudada por Fernando Pessoa, ao dizer  que “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, Que chega a fingir que é dor, A dor que deveras sente”.

Às vésperas dos 130 anos da Proclamação da República, um dos episódios mais cruciais da história brasileira, é constrangedor constatar quanta razão tinha, já aquela época, o marechal Deodoro da Fonseca. Responsável pela expulsão do amigo D. Pedro II, embora também monarquista assumido, escreveu a um sobrinho uma carta em que vaticinou: "República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para tornarem-se republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia; se mal com ela, pior sem ela".

A descrença no bom desempenho de um regime republicano estava exposta em todos os movimentos e manifestações que culminaram e sucederam o regime imperial. Frequentemente ressuscita, inclusive quanto ao funcionamento das instituições, subvertidas por alguns que as têm integrado e gerido. Em outra carta, Deodoro da Fonseca recomendou ao sobrinho: “Não te metas em questões republicanas, porque República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa; os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltarão educação e respeito”.

Vaticínios de quase um século e meio, é entristecedor constatar que o marechal tinha consciência de que o Brasil-Colônia seria um mal menor, ante a perspectiva de um Brasil-República explorado por grupos e conveniências. Proliferam as “questiúnculas”, consumindo energia e desperdiçando tempo, numa sucessão de coisas menores, despidas de interesse público, fazendo soar como ironia e estrofe do Hino Nacional cantando ",,, deitado eternamente em berço esplêndido ... “, comprometendo o sentido ufanista de um país que parece condenado a ser eternamente do futuro.

Até parece que o país e seu povo vivem um paraíso, nada faltando à saúde, à educação, à segurança e a quanto mais promove a economia e proporciona a dignidade humana aos habitantes. Basta perguntar a qualquer pessoa coisas como a quem interessa a briga no PSL, quando somente envolvem os interesses pelos bilionários fundos partidários? O que temos a ver se vizinhos dos Bolsonaro´s são acusados de assassinatos? Ou, ainda, até que ponto podem resolver os problemas comuns as mensagens veiculadas nas redes sociais, ou são capazes de influenciar nas condições de vida da população.

Enquanto isso, o tempo passa e as grandes carências nacionais estão à espera de solução e se agravam, retardando a ressureição das cinzas dos incêndios morais, éticos e institucionais. Há, contudo, tênue luz no final desse túnel dos recentes desmandos administrativos, iluminando os caminhos da retomada dos empregos e nas mudanças de paradigmas da política nacional, apesar dos obstáculos erguidos pela constante quebra do princípio propugnado por Montesquieu, violentando a separação e a harmonia dos poderes, em constantes invasões e reversões de competências.

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