Não ao trabalho infantil. E daí? ... Linomar Bahia 01.03.20 0h00 Estamos em mais um momento de exaltar a necessidade de dispensar atenção especial para as duas extremidades mais delicadas da existência humana. Nascimento e velhice, passando pela infância e juventude, constituem os tempos mais vulneráveis da vida, crianças e jovens carecendo de formação e amadurecimento, enquanto os velhos necessitam das muletas sociais e afetivas pelo tempo que lhes restam. Todavia, não tem sido essa a preocupação das classes dominantes, insensíveis a percepções pessoais e econômicas como tem sido famosa multinacional, há décadas surfando, justamente, nas ondas das fraldas e fraldões que fabrica. Crianças e idosos constituem uma categoria de ser humano com potencial para despertar e estimular diversas formas de atenção, como fontes e motivações específicas e exclusivas, envolvendo, entre outros, oportunidades de negócios, ações protetivas e políticas públicas adequadas. Nada, contudo, que se tenham conseguido solucionar, ao longo do tempo, os graves e reincidentes problemas que afligem essas duas extremidades do ciclo de vida, tornando iniciativas e procedimentos pontuais em eventos isolados e efêmeros, consequentemente sem resultados práticos duradouros e evolutivos nos respectivos universos. Mais uma vez neste ano, e poderia ser até a intervalos mais curtos, entidades públicas, entes privados e segmentos da sociedade civil se empenham em várias formas de manifestação, em caminhadas pelas ruas e reuniões setorizadas, objetivando chamar a atenção para o que consideram importante no combate ao trabalho infantil. Mas, e daí?... Em países de pobreza gigantesca, como o Brasil, e nos rincões abaixo da linha da pobreza, ou pouco acima, como a Amazônia, milhares de crianças e adolescentes têm a própria sobrevivência e dos familiares inevitavelmente condicionada e dependente de algum trabalho desde a tenra idade. Embora meritórias as campanhas e as elogiáveis motivações dos que as promovem e participam, ficam restritos ao terreno das boas intenções em um problema sem solução à vista. O realismo das dificuldades dos cerca de dois terços dos brasileiros pobres e miseráveis, sofre a indigência do básico para suprir o estômago. Pior, não há qualquer perspectiva de melhoria, pelo contrário, a despeito das “bolsas”, mais populistas e eleitoreiras do que redentora dos mais carentes, impondo que crianças e adolescentes, mesmo muitos idosos, vão à luta pela sobrevivência nas ruas, pedindo, vendendo, meninas o próprio corpo por migalhas. Nem sempre, contudo, o trabalho na infância e na adolescência resultam em maus exemplos, anomalia que, vale destacar, tem se mostrado muito frequente em acometer bem-nascidos e afortunados, entre os quais notórios responsáveis pelo drama da fome e da miséria nacionais. Quem buscar as origens familiares e sociais de muitos ocupantes de altos cargos na vida pública e no setor privado, em todos os níveis profissionais no país e aqui mesmo, vai encontrar centenas de cidadãos vindos lá de baixo, calejando as mãos e arqueando a coluna para ganhar uns trocados, enquanto em casa dividia o pouco, na meia ou única refeição do dia. Apesar de todos os pesares, são válidas todas as formas de dizer “não” ao trabalho infantil, embora falte à nobreza do ato o suficiente para proporcionar outra forma de sobrevivência, aos que têm como única saída, mobilizar todos quantos das famílias possam buscar o que comer. Enquanto alguns insistem em jogar bilhões de reais no saco sem fundo das vidas políticas de resultados, pai, mãe e filhos terão que continuar recorrendo, inclusive ao lixo, para saciar a fome. Quem sabe, em algum momento, crianças e adolescentes brasileiros poderão viver longe do trabalho precoce, não sendo mais necessárias campanhas como essa. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas linomar bahia COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Linomar Bahia . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM LINOMAR BAHIA Linomar Bahia Haja desafios 26.12.23 16h49 Linomar Bahia Tempos arriscados 04.12.23 14h10 Linomar Bahia Nova chance 07.11.23 16h26 Linomar Bahia Iguais desigualados 19.10.23 11h56