LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Mentiras de sempre na política

Linomar Bahia

É secular a associação da mentira à política, razão para que políticos tenham um discurso para ganhar eleição e, outro, para governar. Às vésperas do primeiro turno municipal, a história se repete, em promessas, na contramão da realidade financeira do Município. Quem conhece a verdade das pobres finanças municipais, sabe ser difícil haver recursos para coisas, como a prometida versão municipal do auxílio emergencial, saúde para todos, nem para outras falácias, que incluem, até, o "prato cheio", como o prometido e nunca enchido por Lula. 

Há mais de dois séculos, o pensador alemão Otto von Bismarck já filosofava que "nunca se mente tanto, como antes das eleições, durante uma guerra e após uma caçada ou pescaria". Campanhas eleitorais sempre foram pródigas em mentiras, superando a média universal de uma mentira que uma pessoa diz a cada dez minutos, um manancial de potocas inspiradas na conceituação do ministro da comunicação "hitlerista", Joseph Goiebbels, de que “uma mentira, repetida mil vezes, com aparente convicção, adquire foro de verdade“.

Observadores das manhas e artimanhas da política têm buscado explicações porquê mentem e são acreditados, interpretando conceitos exprimidos por Maquiavel, no clássico "O Príncipe", a quem é atribuída a afirmação de que "os fins justificam os meios". Para os perscrutadores da mente humana, como o pai da psicanálise Sigmund Freud, políticos mentem porque o povo se sente melhor assim, razão do uso compulsivo por políticos de carreira, para os quais a mentira tanto é inerente à política como é reflexo do próprio eleitorado.

Em 2013, o poeta Affonso Romano de Sant`Anna publicou "A implosão da mentira", fragmentos como forma de protesto contra algo que considerava ser mentira inventada, iniciando por dizer "Mentiram-me. Mentiram-me ontem / e hoje mentem novamente. / Mentem de corpo e alma, completamente. / E mentem de maneira tão pungente / que acho que mentem sinceramente. / Mentem, sobretudo, impune / mente. / Não mentem tristes. Alegremente mentem. / Mentem tão nacional/mente / Mentem, sobretudo, impune/mente. (...)"

Explorando a ingênua crença do eleitorado, em quanto dizem e prometem, mesmo quem já prometeu, e não cumpriu, nestes tempos de redes sociais haverá mais oportunidades de pegar na mentira quantas promessas não poderão ser cumpridas. São escassos os recursos, para as incontáveis necessidades de uma cidade degradada ha décadas, além da complexidade político-administrativa que permeia a gestão pública. Pessoas de bem continuam abjetando a política, mesmo sob o risco de sofrer mais quatro anos pelas (más) escolhas do voto.

Entre os sábios pensamentos filosóficos, legados por Platão, há um que se assenta a essa ojeriza disseminada aos políticos, ao sentenciar que “O castigo dos (que se acham) bons, que não fazem política, é serem governados pelos maus”. Embora a verdade pareça incompatível com os conceitos maquiavélicos, como necessários à conquista e permanência no poder, ainda não houve quem se arriscasse a se apresentar ao eleitorado prometendo "nada prometer", embora arriscando, até por isso, ser acusado de estar mentindo...

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