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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Em busca do 'elo (eleitoral) perdido'

Linomar Bahia

Esse tema já foi, e continua sendo explorado em filmes, pela literatura e nas pesquisas dos diferentes ramos da ciência, revelando significativos aspectos da história da humanidade. Nos anos 70, uma série de tv a respeito aguçou a natural curiosidade de milhões de telespectadores em todo o mundo, ansiosos por saber de onde viemos e como tem caminhado a humanidade nestes milênios. Campos e indícios explorados giram em torno do "elo perdido", procurando saber quem foi o ancestral que precedeu aos chimpanzés, aos seres humanos e onde teria vivido, até chegar ao "homo sapiens",  relegando o primata à sua classificação e lugar científicos.

Pesquisadores de cada época foram descobrindo vestígios de quem seria o "elo" inaugural do que somos hoje, primeiramente a mulher, batizada de "Lucy", por inspiração em sucesso musical dos "Beatles", que teria nascido na Etiópia há 3,2 milhões de anos. Em 1992, foi suplantada por outra descoberta, também da Etiópia, estimada em 4,4 milhões de anos, por sua vez ultrapassada, em 2002, quando o francês Michel Brunet encontrou na República do Chade fósseis de uma espécie que teria vivido há 7 milhões de anos e recebeu o nome de "Toumai", palavra a que foi dado o significado de "esperança de vida" no idioma nativo.

Trilhar os caminhos pelos quais buscavam descobrir, e entender, as origens humanas, vale como  referência cultural, para se discorrer a respeito da sofreguidão com que pesquisadores de outra natureza se empenham em pesquisas de um valor denominado "voto". Consistem na busca pela recuperação do "elo perdido" de outra natureza, na perda orgânica e programática da representatividade político-partidária do eleitor, desencadeando o continuado e perigoso distanciamento da massa eleitoral daqueles que elegeu, pelo descumprimento da delegação para defenderem os anseios e provedores de necessidades populares nas democracias.

Entre as formas e oportunidades para a busca do "elo" eleitoral perdido, partidos e políticos, desgastados e desacreditados, agora estão usando a pandemia nas tentativas para reconquistar o poder das posições executivas e parlamentares que perderam. A utilização de meios e a necessidade de apoio social ficaram mais evidentes após o último pleito de 2018. Antigos e notórios caciques políticos foram alijados das urnas e a renovação superou os 50% dos ocupantes das bancadas parlamentares e dos governadores de estados, política e economicamente mais relevantes, embora ainda persistissem a hereditariedade e o compadrio em alguns eleitos. 

Partidos iniciaram radicais mudanças, principalmente na denominação das legendas e maquiagem de propostas, fantasiando as caras velhas e métodos antigos com uma nova roupagem, procedimentos interpretados também como nova maneira de tentar tapear o eleitorado, camuflagem que passou a ser considerada muito mais pelo lado negativo. Nessas tentativas de buscar no passado nova forma de reescrever a própria história, o uso do coronavirus, com objetivos políticos e marketing pessoal, constitui mais uma das muitas ações que continuarão se repetindo a cada oportunidade e qualquer circunstância, usando em vão o santo nome da democracia.

Invocar pseuda defesa do regime democrático, a pretexto de ser remédio para todos os males institucionais, inclusive solucionar problemas pessoais e corporativos, remete aos preceitos do nascedouro ateniense, violentados nas más práticas e maus costumes que se renovam, como biombo protetor de grupos e interesses específicos. Raramente correspondem às origens na Grécia Antiga e ao dispositivo constitucional, como "o poder que emana do povo para em seu nome ser exercido". Falta aos partidos considerar, nessa outra busca, conjugar uma mesma ideia, doutrina ou pessoa, para a escolha dos eleitores, mais difícil do que desvendar a origem humana.

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