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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Ah, se as galerias falassem ...

Linomar Bahia

Os jovens de sempre, que também já fomos, costumam rotular os mais velhos de antiquados e retrógados, contrapostos, contudo, com eternas expressões filosóficas, como "quem não conhece o passado, não pode entender o presente, muito menos imaginar o futuro". Ou, como filosofou o espanhol George Santayana, pseudônimo de Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás, morto ha 57 anos, sentenciando que “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”. São memórias que justificam o frequente saudosismo, principalmente diante de maus exemplos, assumindo proporções de pânico e expectativas sombrias quanto ao que poderá vir.

Democracia e direitos humanos deixaram de refletir a cidadania, restritas a palavras de retórica, no uso e abuso das conveniências e circunstâncias, onde são menos aquinhoados aqueles que efetivamente precisam e merecem. Notadamente, quando se evidenciam propósitos de "levar vantagem", ao parecerem vítimas, a exemplo das cotas, propostas praticamente para quase tudo, por isso arriscadas a serem estendidas a tantos interesses, que não serão suficientes para inclusão de todos quantos delas querem somente se beneficiar. Na prática, o respeito a princípiosdignificantes deixam de atender aos fins colimados, parecendo, por fora, bela viola, mas, por dentro, pão bolorento.

Vivemos tempos em que julgadores passaram a ser julgados, preceitos legais de reputação ilibada e notório saber deixaram de ser fundamentais às funções. Tempos em que respeito pessoal deixou de ser simbolizado por um fio de bigode, originado do “bi gott”, ou “por Deus”, com que antigamente confirmavam a palavra dada. Há uma visão do “fim do mundo” de que falavam os antigos, pelos desvios comportamentais, que antigamente levavam os prevaricadores a  comprarem a indulgência da igreja, do que resultou o rompimento de Martinho Lutero e a origem do protestantismo como desfecho das condenações pela comercialização da fé, que o Papa Francisco hoje condena.

Como, então, não constatar a falta fazem as pessoas notáveis e os fatos memoráveis do passado e se recomendaram ao respeito e admiração eternos, inclusive de adversários ideológicos e pensamentos divergentes. Acaso fosse possível, certamente o Brasil poderia reviver as esperanças de ser um país respeitável, capaz de transformar em verdade a conclusão a que chegou o escritor judeu-austríaco Stefan Zweig, quando, na metade do século XX, então em fuga do nazismo hitlerista, conheceu as riquezas das terras brasileiras e as transformou na previsão de que tamanho potencial, faria do Brasil o “país do futuro”, expressão eternizada no título em português do livro que publicou. 

Dignidades exemplares dividem espaços com outros sem as mesmas credenciais morais, justificando a função que as galerias têm de convidar a quem as contempla a discernir os que representam o trigo, separando os merecedores da distinção daqueles mergulhados no joio moral, para onde muitos atuais também serão remetidos, pela rejeição popular e a condenação superior. Uma visita às galerias dos integrantes dos centros decisórios de todos os níveis no país, que ornam os salões nobres dos palácios dos poderes, é motivo de reflexão, suscitando perguntar "ah, se as galerias falassem ...  estariam exorcizando cenas e procedimentos que jamais promoveriam, muito menos permitiriam.

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