LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

A democracia como tem sido

Linomar Bahia

Nunca será demais abordar os usos e abusos de uma palavra que consubstancia profunda repercussão no funcionamento de uma Nação e decisiva influencia no comportamento de um povo. Sua trajetória milenar, iniciada ainda nos anos 590 antes de Cristo, tem sido historicamente marcada por modificações, adaptações e, principalmente, pelas deturpações nos desvios. Tem variado nos conceitos do significado de “governos”, raramente, ou nunca, correspondendo de “governo do povo, pelo o povo” preconizado, em 594 antes de Cristo, pelo reformista econômico e social Sólon, considerado um dos sete sábios da Grécia antiga.

Nos últimos tempos, democracia tem sido palavra mais falada e escrita do que efetivamente praticada, na exata acepção do regime que simboliza, despertando questionamentos e sofrendo críticas nas flexibilizações e distorções convenientes e circunstanciais. O vocábulo adquire sons e colorações mais dissonantes, quando é usado paradoxalmente por quem, ao contrário, exalta e promove governos e governantes que professam e praticam regimes flagrantemente antidemocráticos, a exemplo de Cuba, Venezuela, Albânia e Coreia do Norte, nos quais direitos humanos e respeito às liberdades individuais são totalmente desrespeitados.

Mesmo no alvorecer daquilo que os pensadores imaginaram ser uma democracia, em governos nos quais o povo exerceria a soberania, o regime já tinha suas distorções. Conta a história que no sistema político da Atenas Clássica, por exemplo, o reconhecimento da cidadania acolhia apenas os homens, filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores de 21 anos, excluindo estrangeiros, escravos e mulheres da participação política. Governos se diziam democráticos, mas consideravam cidadãos apenas a elite, situação que somente veio a ser parcialmente alterada com o advento do sufrágio universal e certas ambiguidades nos séculos XIX e XX.

Pseudos "democratas" e governos convenientemente camaleônicos, consomem tempo e energia nas tentativas de explicar, e justificar, as variantes do que tentam apresentar como democracia. Todavia, são frequentemente flagrados e, não raro, desmascarados, especialmente quando mantêm um “faz-de-contas" de normalidade institucional, embora mantenham legislativos e judiciários convenientemente sob rédea curta, funcionando e decidindo conforme um manual do sistema ditatorial, praticando tudo quanto contraria os conceitos básicos da democracia representativa, desenvolvidos principalmente nas revoluções Americana e Francesa.

Dificuldades econômicas e manifestações populares, costumam estimular especulações sobre prós e contras de regimes de governos e sistemas políticos, marcantes em muitas ocasiões e países, como já aconteceu no Brasil, contando, ainda, com ações e omissões de lideranças políticas e de setores da sociedade civil organizada. Muitos, movidos por meras questiúnculas administrativas, antipatias pessoais e, até, viuvez ideológica, lançam mais combustíveis nas fogueiras que ameaçam arder, inclusive em áreas tradicionalmente mais sensíveis aos ventos oportunistas e apoios da população para eventuais mudanças de rumos.

Embora pesquisas internacionais revelem diferentes culturas e condições sociais decepcionadas com a atuação dos instrumentos democráticos e a consequente falta de representatividade popular. Aventam, inclusive a hipótese de um regime híbrido, acaso possível, valendo, a propósito, refletir sobre a famosa frase, do estadista inglês Winston Churchill, dois anos após o fim da segunda guerra mundial, proferida na Câmara dos Comuns da Inglaterra, em meio a um dos constantes questionamentos sobre a eficácia e a validade do regime democrático: "A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história".

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