Falta uma semana para o Círio: famílias contam o que farão para manter tradições e almoço

Festejos e ritos devem reunir menos pessoas para evitar aglomerações e riscos na pandemia

Cleide Magalhães
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Falta apenas uma semana para a 228ª edição do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que todos os anos já reúne mais de dois milhões de pessoas no segundo domingo de outubro na grande procissão, em Belém, capital do estado do Pará. Porém, este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, que ocasiona a doença covid-19, o Círio acontece de forma diferente e sem a imagem da santa pelas ruas, tendo programação oficial nos dias 9,10 e 11 com transmissão ao vivo pelas TVs oficiais da Arquidiocese de Belém.

Essa mudança necessária atinge bastante os fiéis, que relatam entender que a saúde é o mais importante, no entanto, ainda lamentam o fato de o Círio 2020 não ser realizado da forma tradicional. Mas, para eles, a festa permanece relevante em diversos aspectos, como religioso, cultural e econômico.

“Todos os anos, no sábado, a gente chegava cedo no Colégio Gentil para acompanhar a Trasladação. E, no domingo, a gente saia de casa 5h para ver a saída da santa da Igreja da Sé. A fé e a garra continuam sendo as mesmas. Acreditamos que Nossa Senhora vai nos ajudar com que a pandemia passe e a vacina chegue o mais rápido possível. Acho que muita gente pede por isso e até aumentou a nossa fé”, afirma Maria Alba Souza Neri, 62 anos, servidora pública aposentada, que mora no conjunto Satélite, em Belém.

O turismólogo Wendell Henrique Bezerra, 27 anos, que é de família tradicionalmente católica, lembra que antes da pandemia, logo depois da procissão, a família sempre se encontrava na casa dos avós, no bairro da Terra Firme, onde se reuniam para as orações e para o almoço do Círio. “Todos os anos, meu irmão e eu íamos na corda e meus pais acompanhavam a procissão do Círio. De lá, nos encontrávamos na casa dos meus avós, onde haviam mais pessoas vindas do Círio, para orarmos e prestigiarmos aquele almoço tradicional. Este ano isso tudo me dá saudade”, diz Wendell.

Por esses aspectos, com destaque para o religioso e cultural, muitos dos preparativos para o Círio permanecem este ano, como a espera para ver a imagem da santa durante as transmissões, a culinária, a ornamentação da moradia e da imagem de Nossa Senhora no lar, além do uso de artigos do Círio no dia da festa, como camisas e terços.

“Vamos acompanhar tudinho pela televisão, para ver a Nossa Senhora que estará no helicóptero. Quanto à procissão, vamos aguardar na porta de casa, porque a nossa igreja, a Nossa Senhora do Remédio, vai passar com imagem da Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas do nosso conjunto, no domingo do Círio. Vamos arrumar a frente de casa e vestir camisa do Círio. Minha berlinda já está linda e pronta esperando o Círio, no pátio”, conta a servidora.

“Todos os anos, meu irmão e eu íamos na corda e meus pais acompanhavam a procissão do Círio. De lá, nos encontrávamos na casa dos meus avós, onde haviam mais pessoas vindas do Círio, para orarmos e prestigiarmos aquele almoço tradicional. Este ano isso tudo me dá saudade”, avalia o turismólogo Wendell Bezerra. “Vamos reunir menos pessoas para evitar aglomeração e também porque muitos não vieram de fora, como do Maranhão e municípios do Pará, para a festa por conta da pandemia. Então agora cada um vai ficar nas suas casas acompanhando as missas pela televisão, com camisas personalizadas do Círio, e depois vamos pra casa dos nossos avós para o almoço, para o qual cada um leva sua contribuição”

image Wendell e família: fazendo o Círio em casa (Fábio Costa / O Liberal)

 

Almoço é desafio aos cuidados com a covid-19


Uma das diferenças este ano está mais relacionada à quantidade de pessoas para o almoço do Círio. Os devotos destacam que agora ele será mais restrito à família, sem a presença de amigos e parentes, já que muitos também vinham de fora de Belém, tudo para evitar aglomeração, pois ainda temem à infecção pela covid-19.

“Sempre o Círio é muito comemorado na nossa família, é um encontro de orações e momento de confraternizarmos. Mas, este ano, não vamos mais reunir com a família como antes por causa da pandemia. Até porque estamos com um netinho, de nove meses na família. Vamos fazer o tradicional, mas só reunindo nós daqui de casa, umas seis pessoas, e ficaremos aqui mesmo. Mas teremos todas as comidas tradicionais, como o pato no tucupi, maniçoba, vatapá”, afirma Maria Alba, que diz ter prazer em preparar todos esses pratos.

“Sempre o Círio é muito comemorado na nossa família, é um encontro de orações e momento de confraternizarmos. Mas, este ano, não vamos mais reunir com a família como antes por causa da pandemia. Até porque estamos com um netinho, de nove meses na família. Vamos fazer o tradicional, mas só reunindo nós daqui de casa, umas seis pessoas, e ficaremos aqui mesmo. Mas teremos todas as comidas tradicionais, como o pato no tucupi, maniçoba, vatapá”, afirma Maria Alba

Todos os anos, na casa dos avós de Wendell, pelo menos 60 pessoas se reuniam. Mas este ano serão cerca de 20 por conta da pandemia. “Vamos reunir menos pessoas para evitar aglomeração e também porque muitos não vieram de fora, como do Maranhão e municípios do Pará, para a festa por conta da pandemia. Então agora cada um vai ficar nas suas casas acompanhando as missas pela televisão, com camisas personalizadas do Círio, e depois vamos pra casa dos nossos avós para o almoço, para o qual cada um leva sua contribuição”, explica o turismólogo. 

Na casa dele existe, no bairro do Tapanã, em Belém, também tem um altar de orações com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que vai ganhar o manto ainda nesta semana do Círio. “Temos grande devoção por ela, que nos protege desde o pátio de casa. A gente sente muito com a mudança deste ano, mas sabemos que é mais prudente ficar em casa. Sabemos que o Círio movimenta a economia, cultura e fé, e, principalmente, mexe nossos corações, e ano que vem tudo dará certo. Vamos conseguir viver este Círio e, se Deus quiser, ano que vem será o maior Círio de todos os tempos”, ressalta Bezerra.

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